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Gael

Fiquei sem reação diante do estado de Melanie. Seus olhos estavam inchados, vermelhos, fundos e com uma tristeza, que tocaria até o mais insensível do ser humano. Deixei que se refugiasse na cozinha, já que recusou ser dispensada, e mais tarde tentaria descobrir o que a deixou assim.
Dessa vez eu sabia que não tinha nada a ver comigo e com Camila, pois não tinha havido tempo para ela ficar naquele estado se nos tivesse visto.
Embora tivesse a perfeita noção, de que, chegar em casa no estado em que nos encontrávamos, não ajudou em nada para tentar saber o que houve com ela.

— Eu acho melhor ir embora, Gael.— Camila me tirou dos pensamentos.

— Não, pode usar o banheiro e se recompor. — apontei para a escada que levava até os quartos.

Hesitou um pouco, mas acabou por subir e eu a segui.

— Está preocupado com ela, né? — Perguntou enquanto secava seus cabelos, me vendo pensativo sentado na cama, depois de ter recusado acompanhá-la para um banho juntos.

— Um pouco, nunca a vi assim. — admiti.

— Está gostando dela, Gael?

Encarei seu rosto, sem entender o verdadeiro sentido da questão.

— Se sentir tesão por ela é gostar, então eu gosto.

— Eu não estou falando de sexo, Gael, você sabe muito bem.

— Camila, você já me viu apaixonado alguma vez?— a questionei irritado.

— Não.

— Então, nada mudou. — respondi com certa rispidez. — Apenas fiquei surpreso por vê-la triste daquele jeito.

— Tudo bem. Estou indo. — calçou seus sapatos.

— Não quer jantar comigo?

— Não Gael, eu fiquei de jantar com meu pai. Aliás, ele pediu que você fosse até lá assim que pudesse.

— Tudo bem, irei amanhã.

— Fique bem. — se despediu me depositando um beijo na boca.

Tomei meu banho, vesti algo descontraído e desci para o jantar.
Melanie terminava de colocar a mesa, absorta em seus pensamentos, não se apercebendo de que eu chegava.

— Está melhor? — perguntei num tom baixo, para não a assustar. O que foi em vão, visto que ela deu um pequeno salto se assustando. — Desculpe, não queria te assustar.

— Sim, já estou melhor.— continuou colocando as coisas na mesa, evitando me olhar.

— Eu posso te levar no médico amanhã. — sugeri me aproximando mais um pouco dela.

— Não é necessário, obrigada. Eu vou ficar bem.

— Mel... — toquei seu ombro de forma delicada. Não queria que saísse correndo, achando que eu ia fazer mais uma das minhas investidas. Mesmo assim se retraiu. — Quer me contar o que houve?

— Eu já falei que sofri enxaqueca. — respondeu sucinta.

Respirei fundo e tirei minha mão dela. Ver sua fragilidade me deixou sem ação, e sabia que minha presença a estava deixando ainda mais nervosa. Melanie aproveitou o meu afastamento para ir na cozinha buscar o jantar.

— Obrigado! Pode se recolher, eu mesmo servirei meu jantar. — falei assim que surgiu com a bandeja na mão. Melanie, pareceu querer recusar, mas olhar meu rosto se tornava mais penoso. Então apenas assentiu e saiu do cômodo, indo na direção do seu quarto.

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