A Viagem...

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Víctor M.

Eram 7h da tarde, quando o meu celular tocou, era a Jéssica, fiquei preocupado com o horário da ligação, julgando pela diferença do fuso horário, dava para saber que era bem tarde em Ottawa, fiquei de veras preocupado...
Ligação On.
Linha 1.: Oi, está tudo bem...? Perguntei logo que atendi o celular.
Linha 2.: Oi, não. Não está nada bem. Respondeu a voz doutro lado da linha.
1.:  Porquê...? O que houve...? Respondi preocupado.
2.: Essa menina está me deixando louca, hoje aprontou, e acredita, se superou, ela vai morar consigo assim que eu legalizar tudo, vai terminar a escola aí... Falou desligando sem me dar tempo para reagir a informação...
Ligação Off.

Faz muito tempo que eu não vejo a minha filha, deve estar muito crescida, muito talvez que eu até não a reconheça, como ela vai reagir ao me ver, 6 anos depois... Pensei eu logo depois que ela desligou a chamada.

Jéssica A.

Ela deve estar fervendo de raiva dentro dela, mas eu não me importava mais, ela me fez atingir o limite.

- Saia, e vá para o seu quarto já. Falei assim que chegamos a casa.
- Mãe... Falou tentando se desculpar...
- Não, nós não temos nada para falar, suba agora. Falei cortando-a.

Eu só queria descansar, minha cabeça estava doendo, não queria mais barulho, nem confusão, muito menos papo. Subi para descansar, amanhã eu me viro com essa menina.

Fernanda A.

- Como pôde...? Como pôde...? Essa era a pergunta que soava na minha mente quando subia as escadas, meu Pai se foi a muito tempo, eu não tinha Pai, agora ela quer me juntar a um estranho...? Não, não vou permitir, amanhã essa Sr. terá uma surpresa quando acordar... Fui dormir.

...

Ring... ring...ring. 6h da manhã, o alarme que coloquei ontem, estava tocando, estava na hora de ir, levantei, fiz a minha higiene matinal, desci para pegar algumas frutas e batatas, coloquei na mochila, onde tinha minha roupa também, voltei para o meu quarto, não podia sair pela porta, ela ouviria-me a abrir, mas é claro que na janela do meu quarto tinha aquela escada, a confiada escada, voltei para o meu quarto, fui para a janela, mas enquanto descia, não vi que um dos parafusos estava solto, a escada começou a mexer-se, eu desequilibrei-me, e caí, comecei a sangrar, não conseguia me mover...

Jéssica A.

Eu estava dormindo, ainda meio transtornada com o que houve ontem, quando ouvi um barulho de algo caindo no lado de fora, e posteriormente grito de alguém chorando, fiquei assustada, levantei -me da cama rapidamente, estava de roupão, fui espreitar da janela, era a Fernanda, no chão, machucada e chorando...
- O que houve menina, o que você estava fazendo...? Eu falei enquanto descia indo ter com ela.
- Ajude-me Mãe. Falou ela com a voz trêmula...
- Calma, vou chamar uma ambulância. Falei correndo para dentro, para chamar a ambulância... Fí-lo e voltei rapidamente, na tentativa de a deixar calma... alguns minutos depois, a ambulância chegou, e ela foi levada para o hospital...

...

O que ela estava pensando quando quis sair do quarto pela janela...?

- Ah! Deve essa escada que ela sempre usa para fugir, só pode ser... Falei depois de me aperceber.

Eu estava me perguntando porquê ela quis fazer isso de novo, quando a Dr. Laura chegou...
- O que houve, ela está bem? É muito grave...? Perguntei muito preocupada
- Calma minha Sr., ela sofreu ferimentos leves, vai receber alta ainda hoje, mas terá de andar de muletas só para não exercer pressão sobre os ferimentos nos pés. Respondeu-me a Dr. Laura.

Fui até o quarto em que ela estava, para a ver, quando entrei, ela disse...
- O que você quer...?
- Venho ver como você está... Respondi
- Pensei que não se importasse comigo, por isso vai me mandar para Lisboa para se livrar de mim... Respondeu com a cara virada.
- Quer saber...? Sim, eu não aguento mais, hoje foi isso, amanhã o que será? Eu quero que vás, talvez possas entrar na linha.

Continuamos com aquela conversa, por muito tempo, até que chegou a hora de irmos, pegamos um táxi uma vez que ela tinha danificado o meu caro e, fomos, chegamos à casa, eu disse para ela subir e arrumar as malas, pois já tinha comprado a passagem, já tinha legalizado o assunto da escola, já tinha avisado ao Víctor que ela chegaria no dia seguinte, já estava tudo pronto para que ela fosse. Ela subiu, arrumou tudo, ficou no quarto dela.

Fernanda A.

Ela mandou-me para arrumar tudo, já tinha o feito, estava meio cansada, talvez fosse por causa da dor que eu sentia, deitei para dormir um pouco, foi quando ouvi umas vozes vindo da sala, segundos depois, alguém batia na porta, eram os meus amigos...

- Então é isso...? Perguntou Carmen chorando vindo me abraçar...
- Sim. Respondi tristonha
- Bom, pelo menos virá visitar, certo..? Perguntou o Gu.
- Não sei, talvez.
Agente continuou conversando, em meio a perguntas e choros, eu sabia que aquilo era um Adeus, até quando, eu não sabia, mas era um Adeus!

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