— Se ousar, por míseros segundos, cruzar o meu caminho, eu mato você; sem dó e nem piedade.
Benjamin apontava a arma no centro da testa do jovem carteiro, que há semanas entregava-lhe mensagens anônimas. Estava de saco cheio de ameaças sem sentido e como o confiante que é, não apostava que nenhuma fosse realmente verdadeira.
Já havia investigado a vida do jovem rapaz e não passava de um carteiro fazendo seu trabalho. Amassou o papel, o colocou no lixo e abriu os botões do paletó ao mesmo tempo que jogava seu corpo sob a cadeira de couro do escritório.
— Benjamin? — ouviu alguém o chamar atrás da grande porta de madeira.
A casa de Benjamin era revestida completamente em marrom com tons um pouco mais claros. Não gostava de cores. Era discreto e preferia que tudo ao seu redor fosse como ele.
— Sim? — respondeu, assim que Sérgio adentrou o escritório.
Sérgio, um italiano alto e bem humorado, era um de seus melhores homens e um excelente amigo nas horas vagas.
— Quando estava entrando, vi aquele moleque saindo da mansão novamente. Outra ameaça? — perguntou, se sentando em uma das cadeiras.
— Tem alguém brincando comigo, Sérgio.
— Não consegue ter ideia de quem possa ser?
— Não consigo pensar quando estou estressado.
— Por que não tira uns dias de folga? Sua família tem uma ilha, pode pegar 5 das mais belas garotas da Itália e trepar por uma semana.
— Você só pensa em trepar, Sérgio — respondeu o amigo — E, não posso largar tudo e fingir que não tenho responsabilidades, sabe que não faço isso.
Benjamim cresceu observando toda a sua família empenhada nos negócios. Se algo os definiam era: responsabilidade; compromisso; lealdade. E ele não poderia ser diferente. Sentiu o peso que é comandar todo um grupo ao ouvir de seu pai que já estava preparado para assumir o maior cargo.
Desde jovem almejava estar sentado na cadeira principal e ter o poder que possui hoje, e por tanto ter lutado para conseguir, abraça a responsabilidade como prioridade na sua vida.
Para ele, nada está acima disso.
— E você nunca pensa sobre isso. Qual foi a última vez que transou? Sabe que se passar de uma semana pode dar azar nos negócios.
Benjamin solta um riso pela frase absurda do amigo. Não era como se ele fosse desesperado por um par de peitos. Já tinha passado a fase de baladas, festas e muitos contatos femininos. Aos trinta anos, só pensava em crescer com os negócios.
— A carga sairá as nove e meia da noite, do Porto — comentou Benjamin, focando em assuntos que realmente lhe interessavam.
— Estamos preocupados com a polícia. Sabe que estavam na nossa cola na última carga que enviamos.
— O que vai camuflar a Cocaína?
— Cremes... esses que as mulheres usam no rosto, na pele... — disse — A droga estará dentro.
— Então não há o que temer — afirmou.
— Você não está entendendo, Benjamin. Se a polícia consegue um mandado, ela abrirá todas as caixas... e olha que surpresa, não encontrará nenhum creme.
— E os subornos?
— Não é sempre que funciona. E ainda há quem seja honesto naquele meio.
— Idiotas! — exclamou — Mande sondar para saber se estão a procura de um mandado com o juiz e dê um jeito para que não consigam. Preciso resolver algumas coisas.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Poderoso
RomanceO papel de comandar um império Benjamin de Salvatore Beruth exerce muito bem. Aos seis anos foi resgatado da rua e treinando para dirigir a Frash, uma das maiores máfias da Itália. Durante muito tempo teve tudo sob total controle, até a chegada de...