Rodrigo e eu fizemos o que pudemos com a mãe da Ana, que descobri que se chamava Rosa. Depois de uma longa semana ela se foi, partindo para um lugar bem melhor que a parte do Reino onde me encontrava.
Eu nunca tinha visto um funeral, nem o da minha mãe. Ver a Rosa em um caixão velho e cheio de terra, provavelmente já usado, me causou muita tristeza e tontura, não tinha sido treinada para ver esse tipo de coisa.
Pior que ver a Rosa era ver a Ana, ela já tinha perdido o pai e agora a mãe se foi. O pai poderia estar vivo mas a mãe não, não havia nem a mínima chance que Rosa voltasse a respirar. A pequena criança não parava de chorar, mesmo com a pouca idade, ela entendera que a mãe jamais voltaria.
Na hora de dar o último adeus àquela pobre senhora, uma mulher que nunca vira antes tocou a música mais bela que já ouvi. Ela tocava o piano com uma delicadeza e leveza de dar inveja. Cada acorde e cada nota vibrava no ar por segundos. Se aquele dia não fosse triste, com certeza o cemitério teria se enchido de palmas e gritos de aprovação.
-O que vamos fazer com ela?- escuto alguém perguntar
-Precisamos escondê-la! Se o rei descobrir ela está perdida- fala outra pessoa
-Ela vai ser maltratada se a levarem pra lá!- fala outra voz
-Fiquem quietas! Não vamos preocupá-la mais, está bem? Eu a levarei para sua casa e ficarei com ela. Se os guardas aparecerem a esconderemos. Nenhuma criança nossa vai pro orfanato. Nenhuma merece sofrer- fala Rodrigo
Havia tristeza no seu olhar, como se ele conhecesse essa dor. Perguntei-me se, por ser órfão, ele não teria sido levado pra lá.
-Acho melhor irmos- fala ele pra Ana
Ela fica imóvel vendo o local onde a mãe fora enterrada. Não havia lápide que indicasse o local, apenas um pedaço de madeira com o nome da Rosa entalhado com uma faca.
-Eu quelo fical com minha mãe!- grita ela depois de um longo tempo em silêncio
Aquela dor eu atendia. Embora nunca tivesse convivido com minha mãe, eu sentia sua falta diariamente.
Rodrigo a pega pela mão e a puxa para começar a andar mas a Ana parece não querer sair de lá.
-Deixa que eu falo com ela- falo pra ele
Rodrigo abaixara a guarda comigo. Ele não tinha me perdoado cem por cento, mas já confiava mais em mim e, pelo menos, eu já não era vista como uma ameaça ou réplica do meu pai.
-Estarei esperando vocês na casa dela, ok?- fala ele
-Nos já vamos- falo
Ele se afasta e eu pego a pequena e fria mão da Ana.
-Que tal acharmos umas belas flores para dar de presente pra tua mãe?- pergunto
-Podemos leval losas? Elam as favolitas dela! Ela semple falava que o meu papai dava um buquê pla ela no seu anivelsalio- fala ela
Sorrio para a pequena criança.
-Podemos sim, vamos achar as rosas mais lindas para tua mamãe- falo
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A Música que Reina na Minha Vida
RomanceAdriane, órfã por parte de mãe, mora em um reino onde o seu sustento é gostar e tocar música. Ela, filha do Rei, sente-se diferente dos outros pois não gosta do tipo de música que seus súditos, e principalmente seu pai gosta: rock'n roll. Certo dia...