Capítulo 12

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     Eu nunca tinha dado aula. No Palácio eu apenas ia a eventos e tinha aula de bons modos e de política. Dar aula era algo que nunca imaginei que ia fazer.

     Assim que o Rodrigo deu a ideia, ele mobilizou o povo e duas horas depois eu estava no anfiteatro deles com umas quinze crianças, o Rodrigo e uma mãe preocupada.

-Vai ficar aqui?- pergunto

-Vou- fala ele

-Não confia em mim?

-Não.

     Ele puxa um quadro negro e me dá giz pra escrever nele.

-Pode começar- fala ele

     Respiro fundo. Não sabia como começar então me lembrei da Nana e das aulas dela. Nana era a professora principal do povo. Por três anos eu fui numa escola normal para me socializar com crianças, mas logo tive professores particulares e comecei a estudar em casa.

-É verdade que você é a princesa?- pergunta uma menina

-Sou sim- falo

-Como posso ser uma? O que preciso fazer?

     Parecia que ela acreditava que ser princesa era uma profissão como professora ou médico. Ela não sabia que você simplesmente nascia princesa.

-Você pode brincar de princesa!- falo

     Não queria estragar seu sonho.

-Você sabe ler?- pergunta um menino

-É isso que vim ensinar pra vocês! Vocês vão aprender a ler e escrever!- falo

-Vou poder ler Cinquenta Tons de cinza? Minha mãe lê esse livro e gosta bastante!- fala outra criança

-Vai poder ler livros muito melhores!- falo

-Eu quero saber escrever meu nome!- fala uma menina

-Vamos com calma, gente. Vamos primeiro aprender o abecedário- falo

     Fico uma hora tentando ensinar crianças o abecedário. Deu certo? Não sei, mas as crianças perguntaram quando seria a próxima aula.

-Como fui?- pergunto ao Rodrigo

-Nada mal pra uma princesa. Agora é só esperar o que as crianças acham e se elas aprenderam alguma coisa- fala ele

     Ele começa a limpar o anfiteatro e apagar o quadro.

-Ei, eu entendi tudo!- falo animada

-Entendeu o que?- pergunta ele

-Você insistiu em que eu ensinara porque você não sabe ler nem escrever!

-E daí? Eu não tive a educação que você teve! Eu mal sei escrever meu nome!

-Eu não tenho culpa de ter nascido na realeza!

-Mas você faz como se todo mundo tivesse a mesma oportunidade que você! Aqui todo mundo é pobre!

-Ah, pobres porque vocês não trabalham e apenas roubam os outros! O que vocês fazem para ter mais dinheiro? Só tocam uma musiquinha aqui outra aqui, ficam em casa ou roubando o Reino. Se vocês se empenhassem vocês teriam mais!

-Achei que você gostasse das nossas músicas mas pelo que vi você é igual a todo mundo neste Reino.

-Eu amo esse tipo de música mas ela não te da dinheiro, entendeu? O que adianta gostar de música clássica se não dá dinheiro!

     Ele me olha bravo.

-Volta para esse estúpido Palácio e não volte mais!- fala ele

      Estava brava, furiosa. Brava com ele por não me dizer o motivo da minha vinda. Brava com meu pai por todas as coisas ruins que ele faz.

-Na minha casa você não fica!- fala ele

-Nem quero! Sua casa é imunda!- falo

     Não espero pela resposta dele e saio andando na direção oposta. Não sabia com quem eu ficaria agora mas eu tinha uma certeza, eu não voltaria ao Palácio.  

A Música que Reina na Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora