Capítulo 9

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Em uma semana saí com duas garotas, mas tinha que sair com todas antes de eliminar, olhando as fotos marquei Rosella e Ramona gostei mais da Rosella do que da Ramona, mas não eliminarei nenhuma das duas ainda, assim que termino ouço batidas na porta.

— Alteza — me viro para ver um dos guardas fazendo uma vênia — uma das selecionadas está na enfermaria e gostaria de falar com o senhor.

— Sabe me dizer qual delas? — Ele fez que não com a cabeça — Obrigado.

Coloquei a caneta na mesa e sai a passos largos, qual delas foi para lá e porquê? Assim que chego na porta da enfermaria ouço espirros altos.

Paro na porta do quarto ao ver Rosabella espirrando que nem uma louca.

— Alteza não temos o remédio da alergia dela.

— Minha alergia é por conta das flores — ela disse antes de outro espirro.

— Bem, eu não tenho outra escolha a não ser te mandar para casa — falei olhando para ela.

— Eu agradeceria... — outro espirro — ... Não gosto de você... — Espirro — ... E não quero sua coroa.

Quanta sinceridade!

— Pedirei para arrumarem suas coisas e prepararem o carro.

Ela fez positivo com a cabeça e voltou a espirrar. Saí dali com vontade de espirrar também, mas me segurei, ao que parece poderei eliminar outra só na próxima semana.

Encontrei tio Beto no caminho de volta, ele fez uma reverência que retribui, isso que somos família.

— Tio posso pedir um favor?

— Mais um?

— Espero que esteja cumprindo o primeiro.

— Estou, faça o próximo e diga quanto tempo durará.

— Esse é só por hoje, poderia ir até o quarto da selecionada Rosabella e pedir as criadas para arrumar as coisas dela?

— Posso — começamos a caminhar — Mas porque ela vai embora?

— Alergia a flores, não tenho outra escolha a não ser mandar ela para casa.

— Tem razão, nem sua mãe, nem sua avó gostariam que você mandasse cortar todas as flores do jardim.

Dei um sorriso e me despedi dele no corredor do segundo andar, quando subi para meu quarto ouvi saltos batendo contra o piso e me virei vendo Cerise subindo as escadas, ela reparou em mim apenas quando subiu tudo. Bem, já que ela está aqui, porque não chamá-la para um passeio.

— Alteza — ela fez uma reverência, a saia do vestido branco florido flutuando a sua volta.

— Poderia me acompanhar em um passeio?

— Claro, para onde vamos?

Ela aceitou o braço que estendo e começamos a descer novamente.

— O que você gostaria de conhecer?

— Vocês têm cachorros?

Na verdade, não tínhamos até Clara pedir aos meus pais para ter um canil, agora tem quase cinquenta cachorros, mas como o local é dela tenho que pedir permissão para entrar, eu fui ao quarto dela antes e não a encontrei, melhor perguntar a minha mãe aonde ela está.

— Veremos onde minha irmã Clara está, se ela permitir eu te levo ao canil.

— Não precisa, se é da princesa Clara melhor deixar quieto podemos fazer outra coisa.

— Se você quer ver os cachorros nós veremos os cachorros.

Ela concordou e fomos para o salão das mulheres, esse é o único horário em que minha mãe fica lá.

Parei na porta e bati sendo atendido pela tia Adella, ela continua sendo criada da mamãe, mesmo sendo cunhada agora.

— O que ouve querido?

Ela olhou de mim para Cerise.

— A Clara está com vocês tia?

— Não, não vejo sua irmã desde de manhã.

Concordei.

— Pode chamar minha mãe, por favor?

— Claro, um momento.

Ela fechou a porta que logo foi aberta por minha mãe.

— Estou ocupada então seja rápido.

Ela sempre fica estressada quando temos uma recepção para fazer, e só vai vir tia Nicoleta e a família dela.

— A senhora sabe por um acaso onde a Clara está?

— Ou no canil, ou você sabe onde.

— Obri... — Nem terminei de falar e ela bateu a porta na nossa cara.

— Vem, veremos se minha irmã está no canil.

Seguimos pelo jardim até a parte de trás do palácio, Cerise ficava cada vez mais impressionada com o tamanho da propriedade. Quando ouvimos os latidos ela abriu um sorriso gigantesco.

— Espere aqui um minuto. — Falei deixando-a em um banco próximo.

Fui até lá e vi duas pessoas brincando com os cachorros.

— Clara?

— Oi Kay, como você está?

— Estou bem maninha, posso trazer uma das selecionadas para ver os cachorros?

— Depende muito, ela gosta deles?

— Ela tem um canil próprio para cães de rua.

— Então pode.

Voltei para onde deixara Cerise e a vi cheirando as flores, tão distraída.

— Cerise?

— Sim.

— Vamos, Clara deixou você conhecer todos os animais dela.

Seu sorriso ficou maior ainda quando pegou minha mão, passei a sua rapidamente para meu braço.

Ao entrarmos no canil minha irmã olhou para ela com cara de poucos amigos, mas logo abriu um sorriso gentil.

— Muito prazer — ela disse inclinando a cabeça para Cerise.

— O prazer é meu, alteza — Cerise fez uma reverência e fui até um dos animais, nenhum deles é o xodó da Clara, ela ama todos igualmente.

Passamos a tarde inteira com meus irmãos, pois logo Christopher se juntou a nós, Cerise me contou sobre sua vida, filha única, os pais morreram em um acidente a três anos, vive e trabalha para cuidar dos cães de rua, está sempre procurando um lar para eles.

Quando fomos sair para nos lavarmos para irmos jantar, deixei ela no segundo andar e subi com meus irmãos, deixando cada um em seu quarto, após dar um beijo na testa da Clara saí, mas ela segurou meu braço.

— Se você for eliminar ela me avise, Rose já está muito velha, preciso de outra criada e mais uma amiga.

— Acredito que ela não deixará o canil que ela tem.

— Sei ser persuasiva quando preciso.

— Tá bom sua chata, vai tomar um banho, você tá fedendo cachorro molhado.

— Olha quem fala.

Depois que ela entrou no próprio quarto fui para o meu e tomei um bom banho, julgo que fiz bem em não eliminar Cerise no primeiro dia.

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