"— Pode me ensinar, caro pássaro? A voar. Sou a única que não pode.
— A única? — indagou o pequeno ser. — Certamente que não é!
— Falo de liberdade. — Inocente, fechou os olhos infantis. — São todos esses pensamentos, essas ideias. Eles me impedem de ver as coisas como elas são. Me impedem de voar como você."
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Tossiu. Achou que fosse muito pouco, então tossiu outra vez.
— Pode entrar... — o garoto disse com a voz arrastada. Outra tosse.
Sinae empurrou a porta com cuidado e adentrou o quarto. Ela já estava começando a ficar aflita. Há cinco dias Jungkook não saía daquele quarto. As plantas que decoravam a parede pareciam não receber um pingo d'água há séculos, entristecendo-se juntamente ao menino. Ele estava doente, ao que tudo indicava. Tossia muito e já não sentia ânimo para se levantar.
Ela tentou tranquilizá-lo nas oportunidades em que esteve com ele – e não foram tantas. Ela dizia que logo aquilo passaria, que talvez fosse uma gripe. Mas ela própria já não aguentava ver a visita naquela cama, desperdiçando todos os dias restantes que ele tinha ali até que voltasse à cidade. Esse era o motivo para ela estar segurando aquela bandeja cheia de coisas gostosas para ele, juntamente a um chá de abacaxi e mel muito cheiroso para ajudar na garganta.
— Sinae! — disse surpreso. — Não precisava. Não mesmo!
— Claro que precisava, Jungkook. Estou preocupada. Você já nem abre essa janela, não toma um sol, não sai vagando por aí com aquele livro.
— Estou bem, estou bem. Apenas preciso de um tempo.
— Você diz isso todas as vezes que venho ver como você está! — Ela esticou a mão e empurrou os fios negros do rapaz para trás. Cuidava dele com tanto apreço que ele próprio não podia evitar de sentir-se muito amado. — Diga a verdade, garoto. Está assim por causa do seu avô? É isso, não é? Você ficou deprimido porque ele gritou com você.
— É, foi isso.
— Jungkook... por que entrou lá? Eu te disse mais de uma vez para não fazer isso.
— Sinae, que há demais? — Levou um morango à boca e sorriu para disfarçar a pontada de indignação em sua voz. — É apenas uma biblioteca. Muito incrível, por sinal. Manter aquilo em segredo não faz sentido nenhum. Repito: nenhum.
Sinae apertou os lábios e olhou para os próprios pés. Ela estava sem jeito, como todas as vezes que o assunto vinha à tona.
— Faz sentido, Jungkook. Muitas coisas aconteceram nos últimos anos e tem sido difícil para todos.
— Mas isso justifica toda essa cortina de mistérios?
— Você já se perguntou o que aconteceu com sua avó? — Sinae perguntou num fio de voz.
— Já, mas ninguém me diz nada.
— Não falamos mais disso. Eu nem mesmo deveria estar tocando no assunto. — Ela olhou para a porta e depois para o rapaz novamente. — O que você já sabia antes de vir para Yangmagol?
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O Dhole dos Campos [tk]
Fantasy[Em andamento] Jeon Jungkook já estava acostumado à cidade, e apostaria a sua integridade para defender a ideia de que ali era o único lugar possível para ter-se uma vida decente. Quando problemas de saúde começam a comprometer os seus dias, é obrig...