"— Não posso lhe fazer voar — o pássaro lamentou. — Mas, se você quiser, posso lhe fazer companhia.
Mais triste que não estar satisfeito consigo próprio, era estar sozinho, sem ninguém para lhe conduzir na inevitável descoberta das impossibilidades."
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— De novo! E mais rápido! — pediu.
— A gente vai quebrar um braço desse jeito.
Subiram juntos até o topo do morro um tanto quanto íngreme que erguia-se logo atrás de Yangmagol. Jungkook subiu no carrinho de mão coberto de feno e fez um sinal de confirmação para Wan, que subiu logo atrás. Apertou a visão e segurou muito firme nas laterais frouxas de latão. Com um impulso, partiram em disparada morro abaixo. Soltavam gritos para todos os lados e tentavam a todo custo não capotar para o lado. Quando passavam por cima de alguma pedra ou desviavam para uma direção diferente, Jungkook parecia ver a vida passar em frente aos seus olhos, mas aquilo não diminuía sua vontade de repetir aquilo várias e várias vezes.
Quando chegaram ao sopé, riram enquanto piscavam os olhos repetidamente para lubrificá-los após a rajada de vento que tomaram.
— Wan, mais... uma vez! — tentou dizer em meio a risadas.
— Você é uma criança, Jeon.
Mas, sem nenhuma reclamação, eles subiram novamente. E novamente. Apenas pararam quando a descida fora tão brusca que tombaram para o lado e saíram rolando pelo resto da grama. Seus agasalhos amorteceram o impacto com as pedras, e eles riram até que as palpitações de seus corações voltassem ao ritmo normal, permanecendo ali deitados sob o céu frio da manhã. Estavam muito perto da cozinha e dali podiam sentir o cheiro do almoço que logo ficaria pronto. Jungkook realmente sentiu-se um adolescente, vivendo uma vida que nunca pôde ter – e tampouco algum dia achou que quisesse. De qualquer jeito, às vezes sentia que seu riso podia ser mais sincero por ali.
Era a primeira vez que passava tempo com Wan daquela forma. Mais cedo, ofereceu-se para ajudar nas tarefas do celeiro apenas para conseguir livrar-se dos seus pensamentos. Sufocantes e incessantes como eram, seriam sempre seus maiores inimigos. De qualquer forma, funcionou. Apesar do medo que sentiu ao ter que coletar os ovos sob o olhar julgador de galinhas que ele apelidara carinhosamente de "assassinas calculistas", tudo correu muito bem. Quando viu, já estava sentado sob a pilha de feno, sendo empurrado para todos os lados pelo loiro.
E ali estava, tentando recuperar seu fôlego em plena manhã. As suas manhãs antes tão insípidas.
Com o olhos semicerrados, Jungkook olhou para o lado e pegou uma pequena pedra de formato estranho que estava próxima de si. Ergueu-a sobre seu rosto e a examinou contra a luz do céu. Lembrou-se do seu livro, do pássaro, da garota. Sorriu pequeno e guardou aquela pequena lembrança no bolso da sua calça.
— Obrigado, Jeon — disse Yunhwan.
— Hum? Pelo quê?
— Bem, já fazia um tempo que eu não me divertia um pouco. — Suspirou. — É bom me lembrar que estou vivo.
— Como pode esquecer?
— Não sei. Penso tanto na minha família que...
Jungkook apertou os lábios e acenou com a cabeça, triste. Sentiu-se mal pelo rapaz e por não ter perguntado tanto de sua vida naqueles tempos. Talvez ele precisasse de companhia. E, afinal, não é isso que todos nós precisamos?
— Quantos irmãos você tem? — perguntou.
— Cinco. É, eu sei — disse ao notar o espanto no rosto do Jeon. — Não sei como minha mãe consegue dar conta sozinha. Meu pai trabalha durante todo o dia.
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O Dhole dos Campos [tk]
Фэнтези[Em andamento] Jeon Jungkook já estava acostumado à cidade, e apostaria a sua integridade para defender a ideia de que ali era o único lugar possível para ter-se uma vida decente. Quando problemas de saúde começam a comprometer os seus dias, é obrig...