THE SISTER - H.S PT

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H A R R Y S T Y L E S

O barulho da chuva lá fora era algo que no momento prendia a minha atenção. O tempo escuro e chuvoso estava ótima para simplesmente passar o dia inteiro na cama. Isso realmente estava nos meus planos mais tarde.

- Me explica de novo. - Gemma estalou os dedos na frente do meu rosto e eu não consegui conter a revirada de olhos que a fez fazer cara feia.

- Você leu o negócio, não tem o que explicar. - resmunguei cruzando os braços sentindo um pouco de frio.

- Por que você demorou tanto tempo para me contar? - ela me olhava triste. Como se eu tivesse feito algo que a magoasse, ou como se isso a magoasse, não sei ao certo.

- Foram apenas dois dias. E eu pensei que ela iria voltar, eu não queria criar uma grande coisa.

- Harry... - ela colocou a mão no meu joelho tentando passar algum conforto. - Louis e Perrie sabem disso?

- Apenas você. - murmurei. Contar tornava isso tão real.

- Você tentou ligar para ela? Ou... Rastrear os cartões? Ou talvez pudéssemos ir até a policia....

- Eu tentei. - a cortei. - Ela se desvinculou de tudo. Nossas contas, o celular. Ela teve certeza que eu não conseguiria encontrá-la.

- E policia? Você acha que ela foi atrás da irmã? Talvez tenha sido isso.

- Amelia é de Londres, não faria sentido. Até porque tentamos conversar com ela sobre ir atrás da irmã e ela se negou, bom, você sabe. Ela não está desaparecida, Gem. Ela só... - respirei fundo. - Só foi embora.

Gemma mordeu o lábio inferior e voltou a ler a maldita carta já um pouco amassada como se buscasse algo que não percebeu nas outras duas vezes que leu. Até a entendia, eu havia feito o mesmo. Qualquer pista, qualquer sinal, qualquer mensagem escondida, nesses dois dias eu procurei.

- Eu sei que ela não estava muito bem, mas ir embora? - murmurou quase para que si mesma ainda com os olhos no papel branco. - Digo... Ela apenas tinha ficado chateada com essa história de irmã, e nós respeitamos, mas fora isso... Ela estava normal.

- Eu sei. Talvez isso tenha mexido demais com ela. Não só isso, talvez tudo que tenha acontecido. A doença, a irmã. - dei ombros.

- Isso não é justo com você. - seus olhos estavam marejados. - Ou com Marie.

Depois conversar com Gemma, e ela me aconselhar que eu deveria contar para Louis e Perrie o quanto antes, o assunto mudou. Ela estava incomodada com isso, o olhar de pena que caia em mim já começava a me incomodar levemente. Eu sabia como ela estava se sentindo, afinal, eu me sentia da mesma forma. Confuso, com raiva, triste, angustiado. Eu só queria saber onde ela estava, e se ela estava bem.

Gemma acabou subindo para checar Marie que dormia e logo iria dormir também. Eu sentia cada músculo do meu corpo doer. Talvez fossem as noites mal dormidas. O copo d'água em minhas mãos já estava pela metade. O larguei no balcão o qual eu estava encostado e peguei meu celular. Apertei os números tão conhecidos por mim, quase como hábito.

- Aqui é Elizabeth Styles, deixe sua mensagem e logo eu irei retornar. - senti meu coração falhar com a sua voz abafada. Como todas as vezes que eu escutava.

- Hey Liza... - pigarreei quando senti minha voz falhar. - Sou eu de novo. Sei que você provavelmente não está recebendo nenhuma dessas mensagens, mas... No fundo eu espero que esteja. - apertei os olhos. - Volte para casa. Por favor, eu preciso de você. M.A precisa de você. Não desista de nós, por favor. - o bipe me interrompeu e eu larguei o celular na bancada de mármore respirando fundo.

Decidi ir dormir. Ou tentar, pelo menos. Quando passei pela sala meus olhos caíram no papel amassado na mesa de centro. Fui em passos lentos e sentei no tapete mesmo e o encarei pela milésima vez naqueles dois dias.

"Harry...

Sei que nesse momento eu estou sendo a pessoa mais egoísta, não só para você, mas para nossa filha. Mas eu espero do fundo do meu coração que você entenda...

Nos últimos meses eu tenho me sentindo tão perdida. Tenho tentando não transparecer, mas sei que você percebeu. Não apenas você, mas todos na minha volta. Eu não sou muito boa em esconder o que eu sinto, muito menos quando é algo que tem me consumido dia após dia.

Sei que é covardia da minha parte estar escrevendo uma carta. Mas se não fosse assim... Se eu olhasse em seus olhos eu simplesmente não teria coragem. Você me trouxe para vida, Harry. Você me salvou. Mas você não foi o único. E eu estou tendo dificuldade para assimilar isso.

Nada do que eu acreditei a minha vida inteira foi verdade. A mulher que eu amei incondicionalmente todos os dias da minha vida mentiu para mim. E algo dentro de mim não consegue a perdoar. E isso tem me matado um pouco a cada dia.

Eu passo um dia atrás do outro sem ter certeza de nada. Eu tenho enfrentado essa parte de mim, pensando que se eu a reprimir ela irá embora... Mas ela simplesmente não vai. E eu tentei, eu juro que tentei com todas as minhas forças.

Eu preciso ir atrás de respostas. Eu preciso entender o motivo disso tudo, o motivo pelo qual o fato de que eu não consigo aceitar a mentira, ou aceitar que devo perdoar. Eu preciso entender porque eu não consigo sentir nada além do ódio que eu sinto pela pessoa que foi altruísta o suficiente para salvar minha vida. Eu não sou assim, isso que eu sinto eu sei que não é eu.

Você não é nada além de luz na minha vida, mas no momento, eu sou apenas escuridão. E eu não vou arrastar você para isso, eu não posso. Eu pensei que o nosso amor, o que eu sinto por você pudesse tirar toda dor, pudesse sempre ser a minha âncora como sempre foi. Mas agora não é, não para isso.

Por favor, não me procure, não venha atrás de mim. Tome conta da nossa garotinha, ela será um ser humano tão incrível como você é. E deus, que ela seja. Porque eu jamais chegaria aos seus pés nesse quesito.

Eu amo vocês mais do que a mim mesma, e espero que um dia possam me perdoar.

Sinto muito.

Elizabeth."

E lendo isso mais uma vez a conclusão que eu cheguei é... a moral da história é que não importa o quanto tentemos, não importa o quanto queremos, algumas histórias não tem um final feliz.