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- Então vocês querem brincar de detetive?

- Não é bem assim...

- É o que parece. 

- Gemma...

- Não, Harry. Elizabeth foi embora por vontade própria. Ela escolheu deixar você e deixar Marie Anne. E agora você vai se juntar com o motivo dela ter ido embora e brincar de ir atrás dela? Você sabe como isso soa ridículo? O quão ruim vai ser para M.A? 

- Gemma, eu só quero que tudo volte ao normal. Amelia quer apenas ajudar, e ela não é "o motivo dela ter ido embora". Amelia salvou a vida de Elizabeth, e apesar de tudo que ela também passou, ela está aqui, disposta a encontrar a irmã. 

- Você não entende...

- Não, Gemma. Você não está entendendo. Elizabeth me deixou, deixou a filha e pelo que parece ela não planeja dar as caras tão cedo. Eu não... - uma pausa. -  Amelia é a nossa última chance, ela já trouxe Liza de volta para nós uma vez, e eu acredito que ela possa fazer isso de novo. 

- Você só quer escapar de tudo isso. 

- Eu quero a minha mulher de volta. Eu quero que a minha filha tenha a mãe de volta. Amelia é tão família de Elizabeth quanto nós. E você gostando ou não, eu vou fazer isso. 

Suspirei querendo deixar que meu corpo caísse no chão de mármore. Eu não deveria estar aqui. Foi uma ideia realmente ridícula, Gemma tem razão. 

O resto da noite não foi tão bom quanto o início. Harry conversou com todos explicando que nós dois faríamos uma pequena viagem para o interior da Inglaterra, onde Elizabeth e eu nascemos. Se seguíssemos o raciocínio da sua carta, ela com certeza teria passado pela cidade, mesmo que não estivesse mais ali.  Um dos maiores argumentos dos outros era que tinham detetives atrás dela, e o que nós faríamos de diferente? Bom, aí é que está... Talvez não conseguíssemos nada. Mas o fato de que nós arregaçamos as mangas e fomos atrás nós mesmos, é muito melhor do que apenas ficar sentado esperando por notícias que nunca chegam. 

Bom, agora meio que vejo que essa ideia parece meio ridícula. Ou talvez, muito ridícula. 

Continuei meu caminho para o banheiro da casa e me olhei no espelho. Um suspiro saiu da minha boca mais uma vez. Meus olhos estavam cheios e vermelhos, provavelmente ficou assim durante a conversa que eu escutei atrás da porta. O que diabos eu estava fazendo? Ou pensando? 

- Hey, aí está você. - Harry estava saindo do quarto quando me viu saindo do banheiro. - Eu só vou colocar Marie para dormir e já lhe acompanho. 

- Não precisa. - fiz um gesto com a mão para ele não se preocupar. Todos já tinham ido embora, e pelo que entendi o quarto de que ela acabará de sair era de Gemma. - Eu conheço a saída. 

Ele me encarou por alguns segundos e não disse nada. Apenas fez um sinal para que eu o seguisse. Eu fiquei quieta até ele fazer o gesto pela segunda vez seguido de uma careta. Então eu o segui. O corredor era grande, deveria ter mais de cinco cômodos nele, ele silenciosamente abriu a porta de um. Eu estava logo atrás dele, quando ele colocou o dedo indicador nos lábios para eu fazer silêncio. 

Estávamos no quarto de Marie Anne. Ele era em um rosa claro, quase um rosa pastel. Havia um abajur ligado apenas. Os móveis brancos eram tão sofisticados quanto o resto dos móveis da casa. A pequena estava deitada em uma cama mais baixa, acredito que para que ela conseguisse subir e sair sozinha. 

- Oi princesa. - Harry se abaixou do lado da cama e sussurrou. 

- Papa. - ela murmurou sonolenta. 

- Estou aqui, - ele tirou uma mecha dourada que caia no seu olho fechado. - boa noite, babe. - seus lábios foram até a testa da pequena e depositaram um beijo leve. 

Eu não percebi que tinha um sorriso nos lábios até o olhar dele cair em mim. 

- Eu não soube quando Eliza estava grávida. - ele sentou no tapete ao lado da cama e olhou para a pequena. Eu continuei em pé perto da porta. - Eu havia terminado com ela... Eu não me permiti escutá-la, ou vir seu lado da história, eu apenas acabei. Meu orgulho foi tão grande, tão besta que eu apenas a ignorei. - ele olhou para cima. Segui o seu olhar e vi alguns pontinhos de luz como se fossem estrelas. - Não havia um dia que eu não pensava nela, no que ela estava fazendo, com quem ela estava, se estava bem. - seu olhar voltou para Marie Anne. - Quando M.A nasceu, eu estava em outro relacionamento, mas quem eu estava querendo enganar? Era Elizabeth, sempre foi. Mas mesmo assim, ficamos mais um tempo separados, por minha causa. Eu perdi tanto tempo. Eu desperdicei tanto tempo que deveríamos ter juntos. Eu penso que... talvez seja a minha vez de estar do outro lado, sabe? - ele me olhou. - Talvez eu mereça isso agora, porque não importa o quão bem eu já tenha feito para ela, não foi o suficiente para ela ficar. - ele engoliu como se engolisse a vontade de chorar. - Às vezes eu sinto que nem mereço sentir falta dela. 

- Você fez tudo. - falei baixo. 

- Talvez não. - ele me olhou. - Olhando agora... Eu deixei passar tanta coisa. 

- Você fez tudo. - repeti indo até onde ele estava. - Você fez tudo ao seu alcance. E você continua fazendo, todos os dias. 

- É horrível passar um dia após um outro sem ter certeza de nada. Sem ter notícias dela, se ela está bem, se ela vai voltar. - ele suspirou. - É apenas horrível.

- Você acha que Gemma tem razão? - ele me olhou confuso. - Eu ouvi vocês.

Ele balançou a cabeça negativamente e olhou para frente. 

- Eu não sei. Talvez até tenha. 

- Você tem certeza que quer fazer isso?

- Sabe o que eu vejo quando olho para você? - ele me olhou. - Esperança. Você surgiu em um momento que ninguém mais tinha esperanças. Você a salvou. E então com tudo acontecendo, você simplesmente surgiu na minha porta. - ele riu fraco como se isso pudesse ser uma piada. - Quando tudo está morrendo a minha volta você aparece. Isso não é por acaso, Amelia. 

- Isso até parece...

- Destino?

- É, destino. 

- Bom, talvez seja. - ele deu ombros. - Foi o que me juntou com ela. 

- E o que me trouxe para fazer isso acontecer novamente. - sorri para ele que pela primeira vez desde que entramos no quarto sorriu.

- É, talvez. 

 

- Você pegou tudo? - Gabie me segurou pelos ombros. 

- Sim, pela milésima vez. - resmunguei. 

- Ela só está cuidando de você. - Minha mãe riu. - Qualquer coisa nos ligue, ok?

- Pode deixar. 

A buzina que foi tocada do lado de fora fez os olhares de todos caírem sobre mim.

- Eu vou ficar bem, vai ser legal. - sorri tentando convencê-las. - Eu amo vocês. - abracei desajeitadamente as duas ao mesmo tempo que riram. 

Peguei minha pequena mala de ombro e minha bolsa e olhei para trás uma última vez para as mulheres da minha vida. Com sorte, adicionaria mais uma. 

- Preparada? - Harry perguntou ligando o carro grande em que estávamos. 

- Não? - eu ri e ele fez uma careta. - Vamos logo, antes que eu mude de ideia. 

Cá estava eu, em um carro com Harry Styles indo atrás da minha irmã. Mais um dia normal em Londres. 

THE SISTER - H.S PTOnde histórias criam vida. Descubra agora