Até o fim
São Paulo, 3 anos depois
A música ressoa alta pelo grande salão com pessoas espalhadas por ele, enquanto bebem e conversam devido à confraternização que ocorre essa noite. Do canto da sala Theodore observa a festa que acontece, com um copo de cerveja na mão, mas seus olhos são atraídos pela bela mulher na pista de dança, que se remexe no ritmo da música junto de suas amigas.
A mulher mais linda do universo.
Os cachos dela estão presos em um alto coque com algumas mechas caindo pelos ombros e pelas costas; o vestido que cobre seu belo corpo é justo, marcando suas curvas e deixando à mostra suas costas até sua cintura. De longe, ele consegue ver o brilho que a mulher exala o que a deixa ainda mais bonita, enquanto Theodore deseja se esconder em algum canto com Maia para beijá-la até se sufocar, acariciando a pele preta com seus dedos e lábios.
É o aniversário de trinta anos dela. Theodore se ilumina por completo apenas por ver como Maia está se divertindo, principalmente depois de tudo que viveram, de todo aquele episódio de três anos atrás, e sua mão vai até seu peito, onde levara um tiro no passado.
Aconteceram muitas coisas desde aquele dia. Boas e ruins.
Theodore bebe mais um gole de sua bebida, criando coragem para a surpresa que preparou para sua namorada; seu presente particular de aniversário. Apesar disso, ele jamais esteve tão nervoso em sua vida, nem mesmo na sua primeira cirurgia o homem sentira-se tão inquieto na sua vida... não como nesse momento.
— Preparado? — Theodore ouve a voz de Murilo, seu melhor amigo e colega de trabalho. Ao não obter resposta, ele gargalha alto e segura seu ombro. — Relaxa, cara. Vai dar tudo certo.
— É, seu sei que sim — responde, nervoso.
— Theo, nunca vi um casal se amar tanto quanto vocês dois. Você é louco por aquela mulher, o que é entendível, eu também seria louco por ela... — Murilo brinca, recebendo um murro no ombro, vindo de Theodore. — Estou brincado, cara, não precisa ficar nervoso. Mas, vamos lá... Maia ama você mais que tudo nesse mundo, é a melhor decisão.
— É melhor eu fazer isso logo, antes que eu perca a coragem — Theodore resmunga, bebendo mais um longo gole de cerveja, e suspira. — E se eu ouvir mais uma de suas besteiras, vou acabar te matando.
— Boa sorte! — Murilo diz, rindo.
Theodore caminha em direção ao palco, onde uma banda ao vivo toca. Todos eles já sabem da surpresa, pois já estava tudo completamente programado, e têm duas horas que o doutor está tentando criar coragem para produzi-la.
Chegou a hora. Não tem mais volta.
A banda já parou de tocar e Theodore está de frente para o microfone, acima do palco e com a atenção de toda a festa em sua direção, inclusive de sua namorada, que o observa intrigada.
— Deus, estou tão nervoso que não sei nem como começar. Vou tentar não passar muita vergonha... tentar. — Diz, e todos riem, menos Maia. Ela o olha com atenção, com um sorriso sapeca no rosto, pois o conhece e sabe que o namorado está prestes a aprontar algo. Isso deixa-o mais tranquilo.
Theodore respira fundo, bebendo um gole de seu copo.
— Maia, você foi a coisa mais importante e maravilhosa que já aconteceu na minha vida, mas todo mundo já sabe disso. Não é novidade pra ninguém como eu sou completamente apaixonado por você, mulher — começa a dizer, sentindo-se ainda mais inquieto e com o coração acelerado dentro do peito. — Depois de tudo que vivemos, desde aquela noite e tudo que aconteceu desde então, só me comprovaram que você é a mulher da minha vida. O amor da minha vida.
Maia alarga o sorriso mais lindo e afável do universo, nada se compara ao ver sua namorada sorrindo para ele. Seus olhos estão brilhantes com lágrimas, mas essas são de alegria, o que o deixa feliz, o dando energia para ir até o fim. Maia sempre é o motivo para que ele aguente qualquer coisa.
Theodore desce do palco, tomando cuidado para não cair devido ao nervosismo que sente emanar de todo o seu corpo; ele segura firmemente o microfone com suas mãos trêmulas, enquanto se aproxima da mulher, sem ousar tirar seus olhos dela. Ao alcançá-la, encará-la dentro dos olhos, ele agacha em frente à namorada (nesse momento vários barulhos de surpresa e alegria ressoam pelo ar) e tira de dentro do bolso uma caixinha preta de veludo. Ao abri-la, revela um anel prateado com uma pedrinha pequena, brilhante e chamativa de enfeite, que é quando pergunta contra o microfone:
— Maia Freire, aceita se casar comigo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Código Prateado [COMPLETO]
Storie breviTheodore Kang é um renomado neurocirurgião do Oswaldo Cruz, o melhor hospital da grande São Paulo, que se encontra em código o prateado. Após fracassar em mais uma cirurgia, Theo vê-se em um apagão no fim de seu turno e no meio disso conhece Maia, a...