36 | (Don't) kiss me

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Entro pela porta dupla do hotel, já esperando a sensação de sempre aparecer: calor, dificuldade para respirar e dor nos ouvidos pelo barulho ensurdecedor característico de uma festa.

Me espremo entre as pessoas tentando enxergar para onde estou indo. Sempre vem muita gente, mas dessa vez parece até que colocou a França inteira dentro de Paris. Depois de várias festas indo de calça, finalmente uma em que não faz frio ou chove, me dando a oportunidade de usar um vestido curto e salto preto.

Abro espaço para um lugar onde os funcionários recebem nos bastidores os moradores do hotel que está com um homem de no máximo vinte anos fazendo as bebidas, além daquelas que ficam na cozinha como sempre.

- Oi, boa noite. - O cumprimento.

Seus olhos brilham. Sinto dó, trabalhar com pessoas não é a melhor coisa do mundo, a maioria não tem educação e você mesmo assim tem que tratar com respeito.

- Boa noite! - ele sorri, mostrando duas covinhas. - Com álcool ou sem?

- Com! Tem coquetel? - Pergunto esperançosa.

- Tem sim. Qual fruta?

- Morango, por favor.

Nesse lado o calor não está mais tão forte, visto que freezers cheios de gelo e refrigerante estão ocupando grande parte da parede.

- Você... hm... não vai ver minha identidade? - Me arrependo assim que falo. Que pessoa (menor de idade!!!!) pergunta para o barman se ele quer ver o ano em que você nasceu?

- Claro que não, você é maior de idade, não é?

Eu fico estagnada. Ah, ótimo, não consigo nem mentir mais.

- Fica calma, eu sei que vocês têm uns 17 anos - ele ri. - Não é uma empresa muito séria essa que eu trabalho.

Relaxo ao ver que não vou passar a noite na delagacia depois dessa palhaçada que fiz.

- Aqui seu coquetel. - Ele dá um sorriso gentil.

- Obrigada... - me curvo sobre a bancada tentando enxergar o nome de seu crachá preso a roupa. - Adam. Você vai me ver muito por aqui essa noite.

E é verdade. Estou no meu terceiro coquetel. Caramba, como amo essa bebida. Mais que vinho. Encontro meus amigos conversando sentados em banquinhos a frente de uma outra bancada. Procuro Adrien com os olhos e sorrio quando o encontro. Céus, amo tanto esse garoto.

O observo de longe por uns minutos antes de me sentar. Ele ri com os olhos, mesmo quando não está sorrindo com a boca. Conversa com Nino e Alya prestando atenção em cada palavra que falam. Quer dizer, até me ver. Porque quando seus olhos encontram os meus, o resto deixa de existir. O sorriso que não se encontrava em sua boca, agora desce até ela. Alya e Nino não estão mais ali.

Sou praticamente atraída pelo calor de seu corpo. Puxada magneticamente como um ímã. Vou de encontro aos seus braços.

- Oi. - O sorriso dele aumenta ao ouvir minha voz claramente afetada por sua presença.

- Oi - Adrien me abraça ainda sentado. - Quanto que você já bebeu? - Sua boca encosta no meu pescoço, me distraindo para responder.

- Ahn... - me esforço para lembrar as palavras. - Três.

Fico satisfeita comigo por conseguir responder mesmo com seus lábios ainda correndo pelo meu pescoço. Ele arfa, soltando o ar de dentro da boca, rindo, me arrepiando.

Aligned | Adrien AgresteOnde histórias criam vida. Descubra agora