20 | Loving you had consequences

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Assim que eu saí do palco, paparazzi e repórteres de alguma forma conseguiram chegar até mim. Coloquei as mãos esticadas na frente do rosto, os flashs das câmeras estavam me cegando. Microfones me cercavam com as perguntas feitas pelos repórteres. Todo mundo está falando junto, só consigo entender algumas palavras.

Acredito que pelo lado que Adrien saiu estar totalmente lotado, eles resolveram vir no meu primeiro até o outro esvaziar.

- Vão embora! - Escuto Alix gritar e sinto o braço da Alya me prendendo por trás enquanto a Alix empurra o pessoal, nos dando espaço.

Não sei como, mas ela com os seus bracinhos finos conseguiu me tirar de lá sem sufoco.

- Nossa, por que o diretor deixou esse povo entrar? Que sem noção - Ela diz assim que fecha a porta da sala, abafando o barulho de fora e os fritos de Alix que definitivamente apareceria na televisão no dia seguinte. - Mas e aí, o que achou? Gostou?

- Não foi tão ruim assim...

- Sabia que iria gostar! Aposto que nem vai titubear nas próximas vezes que precisarmos, basta passar a primeira vez que as outras vêm facinho. Já falei com a professora também, ficamos com nota máxima. Você viu que a Kagami está aqui? - Alya é tão agitada. Para conversar com ela você tem que prestar muita atenção. Em uma só fala ela menciona mais de três assuntos.

- Vi sim - tiro a camisola, colocando a roupa que separei para a festa, escolhendo um dos pontos falados por ela para continuar o diálogo. - Achei que fosse mais grave.

- Ela falou para não ficarmos preocupados. Ah, ela quer falar com você. Não sei sobre o quê, eu até perguntei, mas ela não quis dizer.

- Tudo bem, quando eu ficar pronta eu falo com ela.

Alya veio arrumada para a festa, então só me fez companhia enquanto eu me vestia e fazia a maquiagem. Ela me perguntou agora que eu estou mais calma se eu gostaria de falar alguma coisa com os jornalistas lá fora. Eu até falaria, mas tem um problema. Eu conheço esse mundo, não tem o que me perguntarem. Nada além do Adrien. E eu não quero ter que responder as perguntas sobre ele.

Faço uma maquiagem quase de costume e visto minha bota que estava no chão, posicionada de uma forma cuidadosa.

- Aqui, não esquece a bolsa. - Alya a entrega para mim e eu agradeço.

Ao sair do cômodo vejo que Kagami está sentada em um banco de madeira encostado na parede. Ela tenta levantar assim que me vê.

- Não se levanta! - por não ter tanto costume assim com a muleta eu a impeço. - Vou sentar aí com você.

Ela sorri em resposta.

Alya se afasta em silêncio, nos dando privacidade.

- Peço desculpas por ter me apresentado em seu lugar. Sei que você queria muito.

- Não tem problema, eu que sugeri que você fosse minha substituta. Eu te vi dançando no banheiro um tempo atrás, sabia que tinha interesse em ir aos ensaios, por isso te chamei. Sabia também que se dependesse de você, não iria pedir.

Eu fico envergonhada. Meu orgulho é mesmo maior que minha vontade e, além disso, eu não queria que ele soubesse isso sobre mim. Sentia que era um segredo meu e hoje ele foi revelado para Paris inteira. Bem, amanhã, nos jornais.

- Mas não é esse o motivo de eu ter te chamado - ela pausa por uns segundos antes de continuar. - Eu sei o que você vai dizer. Acredite, eu sei. Então não perca seu tempo, está bem?

Ela está me deixando ansiosa. Balanço a cabeça em concordância. Mais uma vez ela espera um pouco antes de voltar a falar.

- Eu estou enrolando há dias para vir falar sobre isso com você e eu sinto que cada minuto que eu não te conto você vai se sentir pior quando acontecer.

Ela respira fundo.

- A qualquer momento você vai se dar conta de que tudo o que você sente pelo Adrien é o contrário que você pensa. Você não o odeia, Marinette. Está completamente longe disso. Lembre-se que você concordou em não rebater. - Ela acrescenta quando eu abro a boca para responder.

- Não quero que você se sinta culpada. Não importa se acontecer daqui cinco anos ou hoje mesmo. Ele não me ama, Marinette. Nem gosta de mim. Não do jeito que ele gosta de você, ao menos.

Nada do que ela diz faz sentido para mim. Ele fica todo bobo olhando para ela distraída e teve aquele dia que ele pediu conselho, sobre ela, para mim. Ok, dizer que admiração poderia ser o suficiente não é estar louco de paixão, mas não era não sentir nada também.

Aliás, eu não tenho interesse no assunto. Ela está tão segura do que está falando que eu acho melhor não a interromper, parece que ela está agoniada por ter demorado para falar comigo sobre isso, mas eu não vejo necessidade. Ela disse uma vez que talvez ele sentisse algo por mim. Não acreditei naquele momento e hoje ainda não acredito, soa ridículo.

- Não quero te deixar desconfortável, essa conversa vai acabar logo, prometo. Se hoje acontecer alguma coisa entre vocês dois, não se sinta mal, não ache que você está traindo nossa amizade. Você não está. Eu sabia como você se sentia, eu sei como você se sente, ainda que até agora você não tenha percebido e mesmo assim eu continuei isso. A errada aqui sou eu, portanto, eu peço desculpas.

- Eu...

- Não diga nada. Não precisa. Você não vai entender isso agora - ela se levanta com dificuldade, me deixando sentada no banco agora vazio, a olhando sem saber o que dizer. Não sei o que é tudo isso. - Tchau, Marin. Vá a festa, se divirta sem peso na consciência, não importa o que acontecer. Tive tempo para pensar, estou certa da minha decisão.

Ela pisca para mim antes de sair mancando, desacostumada com o fato de agora ser desajeitada onde antes havia tanta precisão.

Ela é precisa.

Decido me levantar também e encontrar Alya, ainda pensando em tudo o que ela me falou. Não, eu não entendo. Adrien gostar de mim? Acho que ela pegou pesado. Não sou feia, pelo contrário, me considero bonita até. Talvez uma atraçãozinha, assim como todas as meninas do colégio pareciam ter por ele, ele poderia ter por mim. No início parecia ter.

Mas eu até hoje não conhecia outro jeito de conviver com Adrien sem ser a base de grito e discussão.

- E aí? Pronta? - Alya me viu chegar por entre os corredores, sorrindo para mim.

- Pronta.

- O que ela queria?

- Nada de mais. Vamos pra festa. - Encaixo meu braço no seu e seguimos para o metrô.

Aligned | Adrien AgresteOnde histórias criam vida. Descubra agora