Parceiros outra vez

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Naruto

Shikamaru parecia ter uma fonte interminável de energia. Estávamos caminhando havia quase um dia, parando pouquíssimas vezes, e ele seguia com todo o vigor. Quem diria que aquele preguiçoso iria se tornar nesse ninja dedicado?!

- Pelos meus cálculos, estamos a um dia e meio de distância do centro de Saganake – disse ele em algum ponto da viagem.

Ao mesmo tempo em que isso me deixava alegre, também me deixava apreensivo. Saganake não era banhada pelo rio onde Sakura caíra, então em breve iríamos ter que deixar a margem e confiar que as equipes de busca iriam encontrá-la.

- Podemos parar por cinco minutos? – implorei.

Shikamaru suspirou, conformado, e sentou em uma pedra à beira do rio. Joguei-me no gramado molhado, sentindo cada músculo de meu corpo doer. Eu precisava comer algo para recuperar minhas energias. Busquei na minha mochila, mas só encontrei frutas. Precisava de algo salgado. Mexi nas coisas de Sakura e encontrei um bolinho de arroz enrolado em papel alumínio. Estava amassado pela viagem, mas continuava gostoso.

- Por que Sakura saiu correndo, Naruto? – Shikamaru perguntou, cortando o silêncio.

Engoli o bolinho sem nem mastigar, sentindo-o descer pela minha garganta em forma de ardência. Essa era a questão que eu menos esperava ter que responder. Explicar a situação a outra pessoa era vergonhoso.

- Ela descobriu que eu vou pedir a mão de Hinata em casamento – respondi, sem olhar para Shikamaru.

Ele não pareceu surpreso, apesar do que eu esperava. Colocou as mãos atrás da cabeça e esticou todo o corpo na pedra como se estivesse em uma espreguiçadeira.

- Deve ser difícil para ela. Depois que Sasuke se foi, vocês se aproximaram tanto. Imagino que tenha sido um baque ver você com a Hinata.

Encolhi-me, sem querer contar o resto. Shikamaru era esperto e percebia que havia algo entre Hinata e eu, mas não era o caso para o resto de nossos amigos. Ele era casual e nunca comentava nada, mas eu sabia que sabia de nós dois da mesma forma que eu soubera sobre ele e Temari antes de todo mundo.

- Eu não tinha contado à Sakura sobre Hinata e eu... A ninguém, na verdade – Minha voz foi sumindo conforme a frase foi acabando, até que eu estava sussurrando.

Shikamaru me encarou, agora sim parecendo confuso.

- Por que não? – questionou.

Suspirei. Eu quisera parar para descansar, não para me estressar mais.

- Eu não sabia como Sakura iria reagir.

Ele inclinou a cabeça para o lado, entendendo o que eu queria dizer. Eu gostava de conversar com Shikamaru porque ele prático e rápido. Entendia as coisas sem precisar de muita explicação, apenas deduzia e seguia em frente.

Ele ergueu o corpo para fora da pedra e bateu uma mão na outra.

- Chega de pausa, vamos voltar a caminhar – ordenou, obrigando-me a levantar e voltar a andar.

Sakura

Acordei com um som constante, como um ruído branco. Mexi-me na esteira, sentindo meu corpo mais resistente e menos dolorido. Virei-me para o outro lado e dei de cara com Sasuke, dormindo. O som que me acordara era sua respiração ecoando pela caverna.

Seu rosto parecia sereno, mas eu sabia que ele atacaria qualquer um que tentasse tocá-lo. Estava sempre alerta.

O ar saía e entrava de seus pulmões, fazendo seu peito inchar e esvaziar lentamente, como ondas do mar. Meu coração ficou apertado em meu peito, cheio de vontade de tocar seu rosto, sentir sua pele contra meus dedos. Controlei essa vontade, contente em observá-lo de certa distância.

A esteira era grande, então Sasuke estava deitado a uma distância segura, de forma que não me tocava. Mas eu ainda conseguia ouvir sua respiração, sentir o calor que seu corpo emanava e o cheiro de sua pele. Ele continuava sem camisa, exalando o odor masculino e suave que ele tinha desde criança. Mas agora era diferente: era mais adulto, lotado de hormônios, experiências, lugares por onde passara.

Meu corpo reagia ao dele, instintivamente. De forma quase animal, meu desejo era de senti-lo contra mim, sua pele quente e macia tocando a minha. Queria passar as mãos por seus cabelos pretos, sentindo seu couro cabeludo com as pontas dos dedos. Eu nunca tinha tido pensamentos eróticos antes, não sabia como reagir a eles.

Minha respiração ficou irregular, fazendo mais barulho que o normal, então Sasuke despertou. Seus olhos abriram de repente, como as luzes quando apertamos um interruptor.

Ele se sentou rapidamente e se espreguiçou, esticando os músculos das costas e dos braços. Seus ombros nus, tomados de cicatrizes, se retesaram quando ele percebeu meu olhar. Sasuke voltou o olhar para mim, pegando-me no flagra.

- Bom dia – balbuciei, sem graça.

Ele fez que sim com a cabeça e ficou de pé. Pegou um pouco de água em uma garrafa e limpou o rosto, depois bebeu um gole. Ofereceu-me o recipiente. Bebi a água gelada, sentindo-a esfriar o fogo que ele causara em mim.

- Estou me sentindo bem melhor. Acredito que meu braço seja meu único problema grave agora – eu disse, ficando de pé.

Sasuke fez um gesto de aprovação, mas não demonstrou muito interesse.

- Eu preciso saber como sair daqui... Preciso voltar à minha missão – Eu não queria parecer frágil, mas não conhecia a caverna e precisaria da ajuda dele para ir embora.

Sasuke franziu o cenho, parecendo interessado de repente.

- Que missão? – Sua voz estava meio rouca por ter acabado de acordar, então ele pigarreou depois de falar.

- Kakashi foi picado por uma besta desconhecida e está correndo risco de morrer. Precisamos ir até Saganake e encontrar esse bicho para pegar um pouco do veneno.

- Kakashi está... Doente? – Ele tentou disfarçar, mas eu percebi a preocupação em sua voz.

Kakashi tinha sido importante para Sasuke: ensinara tantas coisas a ele que eu nem podia contar. Sempre fora um sensei nada paternal, mas direto e prático, como Sasuke. Não deixava os sentimentos falarem mais alto e, dessa forma, era um ninja que Sasuke admirava antes de partir.

- Estamos correndo contra o tempo para salvá-lo – respondi.

Sasuke virou de costas para mim, fugindo como sempre de demonstrar quaisquer sentimentos que fossem. Sem voltar-se novamente para mim, ele vestiu uma camisa de mangas compridas e decretou:

- Eu vou com você.

- Eu vou com você

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