Capítulo 08 - Beatriz

7.5K 930 54
                                    

Janaína estava analisando o pingente do meu colar pela sétima vez. A minha amiga chegou de surpresa no meu apartamento, dizendo que queria conversar antes de curtir a sua Lua de Mel. Ela não questionou os motivos da minha crise de ansiedade na sua festa de casamento, mas me senti na obrigação de falar a verdade. 
Quando contei a origem do colar de Safira, ela ficou completamente chocada. 

— O destino é muito imprevisível; — A minha amiga encarou meu rosto ainda abatido. — Não posso acreditar… — ela colocou o colar dentro do porta-jóias novamente. — William Vasconcelos era seu melhor amigo na infância. 

— Foram os pais do William que denunciaram os abusos do meu pai e da minha mãe. 

Janaína ficou pálida. Na época que decidi revelar meus traumas e as causas deles, Jana ficou duas semanas dormindo na minha casa. Ela ficou ao meu lado, não queria me deixar depois que soube de toda a verdade. Era como se quisesse sustentar outras lembranças… lembranças boas e felizes. 

— O mundo é muito pequeno. Agora faz sentido; — Jana sentou-se na beirada da minha cama. — quando você desmaiou na festa, William ficou visivelmente preocupado. Ele foi o primeiro a pegá-la no colo, gritando para as pessoas se afastar. Eu achei o desespero dele totalmente intrigante, todos ficamos nervosos com a sua saúde, mas o Will… — ela hesitou por alguns segundos, encarando-me nos olhos. — Era como se ele estivesse segurando um tesouro precioso nas mãos. 

Comecei a rir. 
Que grande bobagem! 
Janaína ainda está sob o efeito do casamento, acreditando em contos de fadas e finais felizes. 

— Ele tentou me comer no chuveiro, é ridículo. — Digo alterando a voz. — Ninguém faz sexo no banheiro. 

— Calma… O quê? Ele tentou transar com você? — começou a gargalhar. — Amiga existem várias posições deliciosas que podem ser feitas no banheiro. 

Um calor subiu pelo meu pescoço, parando nas minhas bochechas. 

— Não é coerente, seguro e higiênico, transar dentro de um banheiro. Ele foi horrível, arrogante e muito prepotente. Nunca aceitaria uma oferta tão invasiva, e mesmo se aceitasse… — mordi meu lábio inferior. 

Eu era péssima na cama, infelizmente sempre vou associar o sexo com algo violento, desprazeroso e sujo. 
Houve uma época em que fiquei questionando a minha sexualidade, mesmo sabendo que não ficava interessada ou me sentia atraída por mulheres. Mas muitas garotas tem dificuldade para se relacionar com pessoas do mesmo sexo do abusador, ainda sinto medo, receio e vergonha. 

— Beatriz, conheço os seus traumas e principalmente compreendo tudo que você precisou enfrentar. E nunca vou criticar ou questionar as suas escolhas; — ela ficou em pé, aproximando-se com uma ternura marejada no olhar. — Mas você precisa destravar, confiar em alguém e principalmente praticar. O sexo precisa ser apreciado, não vamos ter as melhores experiências sexuais com nossos primeiros parceiros. É preciso praticar, nosso prazer é evolutivo, vamos descobrindo novas sensações a cada transa. 

— Não é tão fácil, nunca encontrei homens pacientes. O único que pensei que daria certo foi o Ronald, mas ele acabou perdendo o controle. Até hoje não consigo ter um orgasmo, não consigo me soltar na cama… — suspirei fundo. — É frustrante, Jana. Eu me sinto péssima, minha autoestima acaba despencando, e tenho crises de ansiedade. 

A minha amiga bufou, ficando notoriamente desanimada. 

— E como você se sentiu quando William estava no seu quarto? Você ficou com medo dele? 

Recordo-me da surpresa ao vê-lo tão lindo, com seus cachos bagunçados e aquele peitoral forte e os braços musculosos… Céus, Wiliam tinha uma aparência sedutora, difícil de evitar. Ficar perto dele abalou meu raciocínio, gosto de controlar pelo menos os meus pensamentos, mas fiquei extasiada e, ao mesmo tempo irritada. 

Milionário Sedutor (DEGUSTAÇÃO).Onde histórias criam vida. Descubra agora