Milionário Sedutor (DEGUSTAÇÃO).

Capítulo 12 - Beatriz

Fiquei com as mãos apoiadas no balcão do banheiro, observando meu reflexo no espelho. A minha boca estava um pouco manchada de batom, mas minhas bochechas estavam coradas e cheias de vida.
Ainda sinto o meu corpo excitado, ainda sinto o gosto delicioso do seu beijo. 

Um beijo que deixou meu psicológico em pedaços.

William não é um homem comum, ele está longe da minha realidade. É um milionário conhecido no Brasil, herdeiro de um império. Eu nunca imaginei que nossos caminhos se cruzariam novamente ou que um simples beijo fosse calar os sons desordeiros da grande São Paulo, e principalmente os ruídos perturbadores da minha mente. 

— Beatriz; — Janaína bateu na porta. — Está tudo bem? 

— Estou bem; — peguei meu batom dentro da bolsa rapidamente. — Só vou retocar o meu batom. 

Limpei as manchas vermelhas ao redor da minha boca, passando o batom dos meus lábios. 

— Ótimo, estamos esperando você para dar início ao jantar. 

— Já estou saindo!

Abro a porta. 
A minha amiga mantinha um semblante preocupado. Ela analisou meu rosto, averiguando a minha postura. 

— Aconteceu alguma coisa na sacada? 

— Co-como? 

— O William foi falar com você. Ele ficou muito quieto depois que voltou da sacada e você… — semicerrou os olhos. — Está tão corada e ofegante. — Janaína pousou a mão na minha testa. — Pode ser início de uma febre ou rolou alguma coisa entre vocês na sacada do meu apartamento. 

A minha amizade com a Janaína sempre foi um dos pilares que me mantinha em pé. A gente tem muita história para contar, momentos felizes e divertidos, somos tão unidas que conseguimos nos expressar apenas com olhares. Jana, tem a capacidade de ler os meus sinais, entende meus traumas e principalmente meus medos. Posso ser um pouco previsível, não tenho capacidade de esconder as minhas emoções. Os meus sentimentos são vulneráveis, são expostos com muita facilidade. 

— Aconteceu um beijo; — comentei, controlando-me para não desmaiar na frente da minha amiga. — Eu agarrei o William, beijei ele como uma atriz pornô. 

Janaína abriu um sorriso enorme, ela ficou completamente encantada. Jana começou um discurso rápido sobre como ela tinha razão, que ela entendia de relacionamentos e vários tópicos que fizeram a minha cabeça latejar. 

— Bea, não custa tentar; — continuou. — Quando foi a última vez que tomou a iniciativa de um beijo? É evidente a química entre vocês. 

Comecei a rir.
A química entre duas pessoas é algo extremamente raro na minha opinião. Quantas pessoas são capazes de desencadear um desejo ou uma ligação tão forte? Não é fácil encontrar alguém que consegue transmitir grandes sentimentos com apenas um toque sutil ou com olhares sinceros. 
O nosso beijo foi delicioso, nunca vou negar. 
Mas como me abrir para o desejo depois dos abusos e dos traumas que precisei e ainda preciso enfrentar? 
Será que o William Vasconcelos vai conseguir ultrapassar as minhas barreiras?
As perguntas foram se acumulando na minha cabeça, aquela dor chata intensificou. 

— Jana, não posso decidir tão precipitadamente. E não é adequado chegar perguntando: William você quer transar comigo? — sussurrei com medo de ser ouvida. Apesar de o banheiro social ser um pouquinho afastado da sala de estar, ele ficava próximo dos quartos, bem no final do corredor. 

— Por ora, aproveite o jantar. Fico pensando, se um beijo aconteceu quando você ficou abalada e nervosa. Imagina quando você estiver inspirada; — ela deu um tapinha na minha coxa. — Safada.