Capítulo onze

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Sexta-Feira - 17:00 pm_ Rio de Janeiro

"É preciso ter elegância para continuar sendo gentil em situações cruéis"

Beatriz narrando:

Quando eu chego na casa da Mariana, coloco um conjuntinho de calor, vou até o quarto de hospedes, deito e acabo dormindo.

Acordo, vejo a Alice dormindo no meu lado. Olho no meu celular e vejo que já são três da manhã. Caraca dormi muito. Levanto, coloco o chinelo e desço pra comer alguma coisa.

Abro a geladeira e vejo uma pizza inteira, pego a caixa vou até a sala e sento no sofá. Ligo em um canal infantil e fico assistindo.

Escuto um barulho na escada, e vejo um homem. Merda, como se não bastasse ser expulsa de casa e traída, agora vou ser roubada.

Beatriz: Moço, eu não tenho dinheiro pra te dar não. Tô pobre- Digo me cagando de medo

- Oi?- Ele diz sem entender- Quem é?

Beatriz: Moço, meu pai me ensinou que eu não posso falar meu nome pra estranhos, mesmo meu pai sendo um filho da mãe e me expulsando de casa, eu ainda preciso seguir os conselhos dele.

-Você acha que eu vou te roubar?- Ele pergunta

Beatriz: Sim, mas eu não tenho nada pra te dar. Eu to mais pobre que um morador de rua. Mas tipo assim eu tenho o meu celular, se quiser levar ele pode levar, só não leva minha pizza

-Moça eu não sou ladrão não- Diz acendendo a luz

Beatriz: Ufa- Digo com a mão no coração- Você não é um espírito não né?  eu não tenho medo de espírito, as pessoas dizem que o espírito não consegue te matar, mas ele consegue fazer você se matar. O que seria uma boa agora.

-Moça você tá bem?

Beatriz: Moço qual é seu nome?

-Menor

Beatriz: Por que? não faz sentido, você é grande!

Menor: É um apelido carinhoso que meus amigos me deram

Beatriz: Isso significa que você não é um espírito?

Menor: Claro que eu não sou um espírito

Beatriz: Poxa, eu queria tanto que você fosse um espírito. Já imaginou eu chegar no céu e contar que um espírito que me matou

Menor: Você quer se matar não é?- Diz se sentando do meu lado

Beatriz: Sim- Digo baixinho- Mas não conta pra ninguém ok?

Menor: Qual seu nome?

Beatriz: Beatriz, mas pode me chamar de bea

Menor: Bea, por que você quer fazer isso?

Beatriz: A dor aqui dentro- Aponto para meu coração- Está muito forte, eu não aguento mais- Começo a chorar e ele me abraça

Menor: Moça você não pode fazer isso, já pensou que várias pessoas vão sofrer se você morrer?

Beatriz: Mas eu não vou me matar, vai ser o espírito

Menor: Bea, eu perdi minha irmãzinha de coração hoje, ela se matou- Sinto a voz dele enfraquecer- Ela achava que ela não ia fazer falta, mas ela faz e muito.

Beatriz: Ela deve estar bem lá no céu, junto com a mãe da Alice e com todas as outras pessoas que eram boas e morreram

Menor: Que Alice?

Beatriz: A minha menininha, eu encontrei ela hoje, a mãe dela morreu em um acidente de carro hoje e ela estava lá indefesa- Digo saindo do abraço- Ela é tão pequena que me deu dó, e ela não tem pai

Menor: Quantos anos ela tem?

Beatriz: Ela fez cinco hoje

Menor: Onde ela está?

Beatriz: Lá em cima dormindo

Menor: Posso ver ela?

Beatriz: Pode, vem- Digo deixando a caixa de pizza no sofá e puxando ele lá pra cima

Quando eu abri a porta, e ele viu a Alice dormindo, ele começou a chorar

Beatriz: Moço, por que você está chorando?

Menor: É a minha filha!

No alto do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora