Capítulo três

22.5K 988 96
                                    

9:30 am_ Sexta-feira- Rio de Janeiro

"Se nada nos salva da morte, pelo menos que o amor nos salve da morte"

Beatriz narrando:

Já estou no carro indo para o escritório do meu pai, mas o trânsito não está colaborando muito. Já estamos a cinquenta minutos no trânsito, estou uma hora atrasada já que o motorista chegou dez minutos atrasado.  Deito minha cabeça na janela e fico olhando para o lado de fora, tinha algumas pessoas caminhando e outras na areia da praia.

 De repente uma ambulância passa muito rápido e com a sirene ligada e eu acabo me assustando um pouco. Olho para ver se eu conseguia ver para onde ela estava indo, tinha um caminhão capotado e do lado um homem morto e cheio de sangue. Do outro lado tinha um carro capotado, com dois corpos aparentemente também sem vida e uma criancinha sentada na calçada, olhando para o carro e ninguém parecia estar prestando atenção nela

Beatriz: Para o carro, por favor!- Digo ao motorista

Motorista: O senhor Marcos pediu para irmos direto para o escritório

Beatriz: Eu pedi para parar o carro, depois eu me viro com o meu pai

Motorista: A senhora tem certeza?

Beatriz: Tenho! para o carro logo- Ele para o carro, obviamente contra a vontade dele e eu vou correndo até a menininha 

Beatriz: Oi meu amor- digo com calma- Qual é seu nome?

-Meu nome é Alice tia- Ela me olha com o sorriso mais lindo do mundo

Beatriz: Quantos aninhos você tem?- Ela me mostra cinco dedinhos- Cadê seus pai?

Alice: Nós estávamos indo comer na "padalia", para "comemolar" meu "aniversálio" e a mamãe e o "namolado" dela começaram a "bigar", acho que é "polque" a mamãe não queria "abolta" meu irmãozinho, ai ele foi da um tapa na mamãe e ele não viu que tinha o caminhão. Quando a mamãe viu ela se jogou na minha"flente" e falou que ia "molar' com o papai do céu e que "ela" "pla" eu ser uma boa "ninina"- Ela fala tudo com uma inocência que deu pra perceber que ela não tinha noção de como aquilo era grave- Titia, posso te fazer uma "pergulta"?

Beatriz: Claro meu amor

Alice: Você acha que a mamãe vai "demolar" "pla" "voltar" lá do céu? minha "baliguinha" está dodói- Aquela pergunta doeu, eu queria contar pra ela mas eu não queria ver ela chorando

Beatriz: Meu amor, eu acho que a mamãe vai demorar um pouquinho- faço um sinal de pouquinho com o dedo- Quer que eu te leve na padaria pra você comer comigo?

Alice: A minha mamãe disse que eu não posso andar com "estlanhos"

Beatriz: A sua mamãe não vai brigar- Dou um abraço nela- Quer ir comigo?

Alice: "Quelo titia, mas temos que "voltar" "lapidinho" "polque" jajá a minha mamãe "volta"

Beatriz: Tudo bem meu amor, mas antes vamos precisar ir ver o meu papai

Alice: Você tem papai? eu nunca tive um papai

Beatriz: Eu nunca tive uma mamãe

Alice: Seu papai é "blavo"?

Beatriz: Um pouco mas ele me ama- Entro no carro com ela-  podemos ir agora e ela vai com a gente

Motorista: Tudo bem- Ele liga o carro e saímos de lá





No alto do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora