Capítulo vinte e oito

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"O mundo não é bom mas você não precisa ser igual a ele"

Quarta- 7:30 pm- Rio de Janeiro

Beatriz narrando:

Passamos a tarde inteira na piscina, conversando, brincando com as crianças, comendo e fazendo outras coisas.

Conheci a mãe do menor, ela é um amor de pessoa, ela também passou a tarde toda com a gente, ela contou sobre a filha perdida dela, contou histórias engraçadas e combinamos de levar ela na viagem com a gente.

Agora estamos aqui no quintal, todo mundo de banho tomado, conversando e esperando os meninos chegarem com o açaí que eles foram comprar pra gente.

PK: Chegamos

Beatriz: Por que demoraram tanto?

Grego: Porque fica longe

Cabeça: Ao invés de agradecer critica, nunca mais compro também

Sentamos no chão junto com as crianças, comemos o açaí e de repente o radinho dos meninos começa a tocar

Grego: Passa a visão- Diz para a pessoa do outro lado

-Chefe tão invadindo- Assim que ele avisa começa barulho de tiros 

Grego: Conta dez

-Já é- Diz e desliga

Grego: Cabeça, leva todas as mulheres e crianças para o cofre agora!- Grita

O cabeça acompanha a gente até o quarto do grego, ele entra no closet e abre uma porta que nunca na vida eu ia ver. Entramos.

Cabeça: Só saí daqui quando a gente abrir!- Diz e sai

Beatriz: Gente o que está acontecendo?

Isabela: Você não é do morro?

Beatriz: Não

Larissa: Deixa que eu explico. Quase sempre tem invasão aqui no morro, onde ou os morros rivais ou os policiais invadem. Rola troca de tiro.- Diz na maior naturalidade

Mariana: Por que não estamos escutando os tiros?

Larissa: Aqui é a prova de som, e somente quem tá do lado de fora e tem a senha consegue abrir.

Olho em volta, e é uma sala grande, tem um banheiro, frigobar com água e refrigerante, um armário com comida, uma cama de casal e três sofás com uma televisão.

Isabela: É muito melhor quando a gente não escuta os tiros

Beatriz: E os meninos vão ficar bem?

Lorena: Eles sempre ficam bem

Beatriz: Crianças deitam na cama, tá na hora de dormir- Tento não demonstrar o medo que eu estava sentindo

Eles deitam e logo dormem, pois estão cansados.

Mariana: Gente eu tô com medo

Larissa: Fica tranquila, já já eles voltam- Pego meu celular e vejo que tá sem sinal

Beatriz: Por que aqui não tem sinal?

Larissa: É para as outras pessoas não conseguirem a nossa localização

Lorena: Agora conta a história da menina Alice

Beatriz: A mãe dela morreu em um acidente de carro, e eu adotei ela e por coincidência o ficante da Mari, no caso o menor, era o pai dela que não tinha contato com ela.

Isabela: Uou que história de filmes

Lorena: E você não tem família fora do morro?

Beatriz: Eu até tenho, mas meu pai me mandou embora de casa por não aceitar a Alice e eu conheço a minha família.

Lorena: E você mari?

Mari: A minha família é do sul e eu não tenho contato com eles

Lorena: Meninas vocês sabem que a vida no morro não é nada tranquila né? sempre vai ter invasão, muitas mortes, sequestros, ameaças

Beatriz: Eu não tinha parado pra pensar nisso

Isabela: Mas vale a pena

Larissa: Sim, mesmo com as coisas ruins tem muitas coisas boas

Mariana: Demora quanto tempo?

Larissa: Depende de quem tá invadindo

Isabela: E como não sabemos quem é, não temos nem uma noção básica

No alto do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora