Refugio-me em músicas, não tardo a fugir delas. Todas as que significam são tristes. E se as oiço, logo me ponho triste também. Acho que mais que o normal. Sinto pela distância do locutor a quem ama, não conhecendo nenhum dos dois ou o que os divide, se uma fronteira, se alguns anos, ou se alguém. Sofro por todos os que oiço, sabendo perfeitamente que o faço por mim, pelas minhas dores de estimação. É a minha forma de lhes dar festinhas, sem ter de lhes olhar. Não sei se tenho gosto ao fazê-lo, sempre foi assim que fui. Amestrando as dores selvagens da vida, com lágrimas, músicas ou visitas regulares. Umas acalmaram, são hoje boas companhias, outras não, rugem forte. E depois de ela se ir embora, todas essas combinaram um encontro, recuperam o fôlego e, em uníssono, bradem aos meus ouvidos.
Quero parar, mas é difícil. Quero parar de ter esta dor cá dentro. Este estado de desencantado pelo amor, mas que por que sabe o que ele é, não consegue ultrapassar. Quero ser sozinho, mas não me deixo. Pudesse eu decidir o que sinto. Tenho descoberto que consigo decidir muita coisa, mas acho que não tenho rédea sobre este peso. Vou dormir, parece ser a única altura em que não dói. Pena ser aquela em que não sou.
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O dia que passou
RandomHá dias que passam mais do que outros. Onze momentos de quem se despede do amor.