4° Capítulo

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Kara:

Imaginem minha surpresa ao saber que a "estranha" que me ofereceu ajuda era na verdade Lena. Lanço alguns olhares para ela agora que dirige enquanto eu almoço no banco do carona, passada a vergonha é claro, da minha barriga roncar não uma, mas duas vezes, nunca que eu iria conseguir a encontrar, pelo menos não do jeito que estava tentando.

Como eu não sabia como ela se parecia, me baseei em procurar alguém como o Lex... Antes claro de perder os cabelos! Mais ela não se parecia nada com ele. Agora mais de perto ela parecia mais com a mãe e provavelmente carregava alguns traços do pai, mas sem tê-lo conhecido ficava difícil ter certeza.

Não querendo chamar dona Lilian de velha, mas para a idade dela ela estava muito bem, e claro que os filhos seriam lindos. Mas o que Lena tinha de beleza ela também devia ter de bipolaridade, não é possível... Ao me encontrar ela me tratou com toda educação e alegria e de repente ficou fria do nada, variando entre os dois estados durante nossa conversa.

A frieza comigo era inconstante, ainda mais quando o assunto era sobre a família, ela estava sempre lá, e de uma forma um tanto assustadora... O que me fez ficar mais encucada ainda sobre todo o mistério que era Lena.

Mistério que começou a ser desvendado assim que chegamos à Escola de Arte.

Dona Lilian para minha total surpresa não reconheceu a própria filha e pela cara de Lena, para ela também, apesar de pensar de que surpresa era apenas uma das coisas que ela devia estar sentindo, já que tive a impressão de a ver tremer um pouco.

Mais que não foi surpresa foi ela  querer falar do casamento...

— Dona Lilian?

— Finalmente te encontrei menina, tive ideias fantásticas para a festa. E eu já disse para não me chamar de Dona... - Me repreendeu.

— Agora não é um bom momento Lilian...

— Eu tenho certeza que você pode deixar a conversa com a sua amiguinha para um outro dia. -
Lilian tinha fama de ser uma pessoa difícil as vezes, especialmente com pessoas "humildes", ou seja, qualquer pessoa fora do seu circulo de amizades. Ela nunca chegou a destratar alguém descaradamente, pelo menos não na minha frente, mas que ela deu uma bela de uma indireta agora... Aah isso ela tinha dado.

— Amiguinha? Pelo visto os anos não foram gentis com sua memória Lilian. - Lena foi mais rápida que eu rebateu o comentário da mãe - Ou vai dizer que míseros dez anos foram o suficiente para me esquecer mamãe?

— Lena?

— Pelo menos ainda lembra o meu nome, não sei se fico feliz ou triste com isso.

Lena e Lilian ficaram se encarando por alguns segundos que me pareceram horas...

Agora imaginem a tensão que tomou conta do ambiente. Eu achei que o clima tinha ficado pesado no carro, quando Lena me questionou sobre o quanto eu sabia sobre ela, ou melhor, sobre o quanto a família dela havia me falado, mas pelo visto estava redondamente errada.

Se eu tivesse uma faca na mão, daria pra servir pra cada uma uma fatia bem generosa de torta de climão...

— Mais respeito Lena... - Lilian finalmente se manifestou - O que faz aqui? Eu achei que tínhamos um acordo.

— Eu não me lembro de acordo algum, apenas de ser trancada e esquecida naquele colégio.

— As coisas teriam sido bem diferentes se você...

— Sinto muito se desapontei a senhora, minha mãe... - Era claro o tom de deboche em sua voz.
Sempre fui uma pessoa curiosa. Por menor que fosse, qualquer dúvida quando se instalava em minha cabeça era motivo de eu buscar a verdade... Nunca cheguei a perder noites de sono por causa disso mas ficava muito feliz quando conseguia a resposta, menos dessa vez...

Minha chance de Felicidade (Karlena)Onde histórias criam vida. Descubra agora