Capítulo 5

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Na manhã seguinte quem me acorda não é Anna, nem nenhum dos guardas.

–Rainha Elsaaa, acordeee. –Jack canta atrás da minha porta. –Amanheceu e você tem um trato a cumprir.

–Que horas são? –Resmungo.

–Sete horas da manhã.

–Me acorde daqui a duas horas, por favor.

–Acordeee. Acorde, acorde, acorde!

Droga! Agora não posso nem dormir sem Jack me atormentar. Levanto-me e me visto. Quando estou quase abrindo a porta, paro. Com a mão na maçaneta.A Coisa, ela não voltou até agora. Já faz dois dias. “Você vai se arrepender.” ela disse, sinto um calafrio no corpo ao pensar em suas palavras. Bom, talvez ela não volte por um tempo por causa da luz que criei com a bola de neve.Abro a porta, Jack está encostado na parede com os braços cruzados e sorri.

–O que foi?

–Está bonita. –Fico vermelha.

–Posso saber por que me acordou tão cedo? –Ele da um sorriso malicioso.

–Não aguentei a curiosidade. –Jack levanta os ombros.

–Mentiroso. –Seu sorriso aumenta.

–Não quero que perca isto.

Ele pega minha mão e sai correndo, sou obrigada a correr junto. Ele me leva pelos corredores por lugares onde nunca passei, pensando bem nunca andei por todo o castelo, já que fiquei muito tempo trancada no quarto. Ele para na frente de uma porta.

–Você por acaso tem ideia de como este castelo é grande?

Ele abre a porta que dá para uma escadaria e começa a correr de novo, subindo as escadas. É difícil de acompanha-lo, ele corre rápido como o vento. A escada da em um terraço.

–Olhe. –Ele diz.

O sol. Era isso que ele queria que eu visse. O amanhecer. É bonito, lindo.Ele ainda esta segurando a minha mão.

–Por que me trouxe aqui? –Pergunto. Soltando a mão rapidamente.

–Cada dia um sol novo nasce, como cada dia nasce uma criança diferente. Uma flor nova. Uma nova amizade. –Ele me olha.Não sei o que dizer.

–Por que esta me dizendo isso? –Ninguém nunca disse algo tão bonito pra mim antes.

–Quero que saiba que pode confiar em mim, sou seu amigo. –Ele sorri.

Eu tenho um amigo. Eu tenho um amigo. Eu tenho um amigo. Eu tenho um amigo.

Acho que posso confiar nele. Ele parece confiável pelo menos... Talvez ele me ajude com... A Coisa.

–Okay. Vou lhe dizer por que sai correndo aquela noite.

Não da pra descrever o sorriso que ele abriu. Sorriso bonito o dele.

– Eu estava fugindo de alguém. –largo. –Bem, mais precisamente de algo.

–Algo? –Ele arregala os olhos.

Uma ideia. Uma ideia maluca. Bem, todos já sabem menos ele. Que diferença faria?

–Venha, é minha vez de te mostrar uma coisa. –Dessa vez eu o puxo e descemos as escadas. Não correndo, mas se dissesse que estávamos caminhando seria mentira.

Vamos até a parte de entrada do castelo, onde estão os cavalos, afinal é muito longe para ir a pé.Os guardas abrem os portões para nós.Faz muito tempo que não percorro este caminho, mais ou menos um ano. Ainda lembro-me do sentimento que eu tinha quando estava fugindo de minha irmã e alguns guardas que me consideravam uma bruxa no dia de minha coroação. Eu me sentia exposta, sozinha e estava com medo e...

-Estamos indo para a floresta? –Jack pergunta, interrompendo minha linha de pensamento.

–Shh, silêncio. –Digo calmamente.

Paz, finalmente.Seguimos por mais ou menos meia hora pelo mesmo caminho, na floresta. Já estamos subindo a Montanha do Norte.

–Deixaremos os cavalos aqui.

–Esta me matando de curiosidade, sabia disso?

Eu o estou matando de curiosidade. Sorrio.

–Estamos perto, mais uns dez minutos a pé.

Começamos a subir, e eu a me explicar.

–Desde pequena, eu... Sou meio que perseguida, não sei como explicar melhor.

–Perseguida pela mesma coisa de que estava fugindo no baile?

–Sim. –Suspiro. –Eu não sei direito o que é só sei que é escuro e que não é do bem.

–Como se fosse areia? –Ele de repente fica alarmado.

–Acho que sim... Bem, essa não é a questão. Desde pequena essa Coisa vem atrás de mim e depois que eu fiz as pazes com a Anna, ela não voltou mais, mas naquela noite, no baile, ela apareceu de novo.

–Por isso você saiu correndo?

–Sim. –Digo soltando o ar. Não tinha percebido como estava assustada. –Chegamos.

Jack levanta a cabeça. Digamos que ele ficou bem surpreso.

–É de gelo!

Na nossa frente estava meu castelo, que eu mesma fiz, olhando de baixo ele parecia muito maior do que realmente era. Ainda bem que o gelo não derreteu. O gelo parecia rosa e violeta na luz do sol.

–É seu este castelo?!

–Bem... Sim.

–Como você fez isso?! Posso entrar?! –Ele está tão animado que poderia dar pulinhos.

–Claro. –E ele sai correndo. Já abrindo a porta ao chegar ao final da escada.Entramos.

–Nossa isso é incrível! Olha esse lustre todo de gelo! As escadas! Tudo!

Ele começa a rir, não, gargalhar e corre por todos os lados. Pelo salão, pelas escadas, só faltava subir nas paredes...Gargalhar... Eu já ouvi essa risada ante... Meu Deus! Ele é o garoto que eu vejo dá janela?!

–Deus, Elsa isso é incrível! Como você construiu esse castelo?!

Dou de ombros.

–Elsa... Bem... Eu preciso te mostrar uma coisa... –Jack diz de vagar.Okay, estranho.Ele pega o cajado-bengala e diz:–Você vai achar isso meio... Estranho...

Com isso ele pega o cajado-bengala e bate com a parte que não é encurvada no chão, e então gelo... GELO?!

Gelo começa a surgir em volta do cajado como se fosse mágica! Talvez eu não seja a única com poderes! Caramba, acho que esse é o dia mais feliz da minha vida.Vou até o gelo que saiu do... Cajado de Jack e o toco. Ele é completamente detalhado, tem pequenos desenhos em formato de ondas e outros como flocos de neve.Eu preciso rir. Eu quero rir. Não, depois do que eu fiz com a minha irmã, tenho que conter meus sentimentos, a ultima vez que me senti feliz, fiz o verão desaparecer e quase enterrei todos na neve.

–Quase riu? –Ele sorri.

–Gelo! –Digo maravilhada – é gelo!

–É, é gelo. – Ele sorri. – Quando fiz... Quinze? Dezesseis? Não me lembro da minha idade. Comecei a fazer isso e-

–Jack você não entende? O castelo. Fui eu que fiz. – Interrompo-o.

–Sim, com escultores e pelo visto uma pedra muito grande de gelo...

–Não, olhe. –Com as mãos faço um pequeno floco de neve, ele fica flutuando um pouco na nossa frente antes de sair flutuando por ai.

–Você faz gelo também?! –Ele diz maravilhado.

Acho que nunca teve um dia mais feliz a minha vida.

Pela primeira vez, eu não me sinto sozinha.

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