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#CardealVermelho

Inverno chegou em Valorant. Devagar como um gato sorrateiro até que, finalmente, abraçou as estruturas do lugar, assombrando as pessoas pobres do vale de Piltover e as miseráveis das periferias de Zaun.

Na torre de Taehyung, o frio costuma vir em fortes rajadas de vento, o que o sempre deixa doente, pois a poluição costuma subir um pouco, entrando por frestas nas esquadrias ou nos mecanismos velhos.

Última vez que viu Jimin, recebeu um beijo de surpresa e passaram o resto da tarde entre cochilos e beijos curtinhos, beijos esses que foram perfeitos. Não acreditava ser real, que o homem que ele admira tanto, observou por semanas, entrava na sua pele, na sua vida, explorando a sua alma, como sua língua explora sua boca. E antes de ir embora, o menor lhe beijou as mãos, até mesmo a prótese, com a frase "Eu volto, meu Taehyung". E ele esperou.

Não esperou muito, mas agora tem outro problema para lidar que é a maldita doença.

Não consegue respirar muito bem, tem que usar o nebulizador, que ele mesmo melhorou com o tempo, se sentia mal naquele dia, muito mal. 

É em dias assim que Jungkook costuma subir mais de uma vez, de manhã, tarde e noite, para lhe ajudar caso precise.

Enrolado em uma coberta grossa, branquinha e limpa, gemeu de dor ao se virar e ver, que nessas manhãs de inverno, o sol passa pelo vitral, mas com menos força.

Ouviu os passos de Jungkook ao sair do quarto e um cheiro de gengibre: chá.

Sorriu e esticou o braço até a pequena mesa ao lado da cama, onde estava a xícara de chá e o nebulizador. Não fazia ideia que demoraria tomar tanto, pois ao chegar no último gole, já estava frio. 

— Taehyung, meu anjinho - a voz de Dawn surgiu na porta de entrada de sua casa. — Você tem visita.

Não gostou do que ouviu, claro que é Jimin, mas ele está doente e não queria que Jimin o visse dessa forma, então se cobriu até a cabeça. Se sentia um caco.

— Tae-tae... - a voz calma e quase angelical de seu pássaro rubro surgiu no quarto depois de alguns minutos. Jimin estava vestindo um sobretudo um tanto maior que ele, de segunda mão, botinas da mesma idade e na cabeça uma touca grossa de lã grafite. — Oh... eu trouxe torta pra você. Tae?

— Hum... - resmungou e sentiu a mão de Jimin no seu peito, sobre o cobertor. 

Jimin sentou-se na cama, levou sua mão até a borda do cobertor e o tirou do rosto de Taehyung, vendo o rapaz com o nariz e olhos vermelhos, cabelos bagunçados e sem seus óculos.

Teve de confessar, foi a bagunça mais linda que já viu. O mais novo usa um moletom azul pastel, de tecido nobre e fofo. 

— Ei - sorriu e alisou seu rosto. — Dawn me disse que você adoece no inverno... porque não me avisou?

Taehyung abriu os olhos, cerrados ainda, vendo Jimin empacotado de roupas quentes e bochechas rosadas. Como alguém pode parecer tão adorável?

— Não gosto de falar dos meus defeitos... me magoam.

Mas você é perfeito...

Não queria que o mesmo ficasse triste, observou o nebulizador e todo o quarto fechado, mas ainda frio. Alisou seu peito, tentando esquentar um pouco o rapaz. Taehyung sorriu de leve com o carinho e acabou deixando uma tosse escapar.

— Não fale assim... - murmurou fazendo um bico.

— Sei que a gente ia terminar o respirador hoje para sair no fim de semana

A TORRE DE ZAUN | vminOnde histórias criam vida. Descubra agora