Novo Mundo

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Olho pelo vidro a imensidão da escuridão. Eu deveria estar com medo, mas estou ansiosa para desvendar o mistério disso tudo. Ao olhar mais de perto, vejo partículas se movendo rapidamente formando um círculo iluminado. Estranho, isso não estava em meus cálculos. Porém jurei servir ao meu país quando me formei, e isso inclui me doar para coisas desconhecidas como essa espiral de luzes.

Ao guiar a nave até essa claridade, senti um balanço, como se estivesse em uma turbulência e então percebi que estava completamente dentro do misterioso buraco. Aqui, é um lugar que repele o fogo, consequentemente as turbinas da nave foram apagadas, o que me deixa completamente à deriva. E o pior, o tempo. De acordo com meus cálculos, estou aqui há 5 minutos, o que na terra equivale à uns 7 meses...

Então cheguei mais perto daquele clarão e não consegui enxergar mais nada. A luz me cegara completamente. Sentei-me com os olhos fechados a espera de um milagre, segurando com força o colar com a foto dos meus pais, e chorei. Passaram-se algumas horas e então fui arremessada para frente. Acho que a minha nave pousou. Mas onde? Como?

Abri meus olhos lentamente, com medo da luz me cegar outra vez, e o que vi me deixou estonteante. Meu coração acelerou, minha pupila dilatou, minhas mãos tremeram.
Eu estava cercada por quatro pessoas com trajes brancos, parecidos com os meus. Não havia emblema, não havia nada que me fizesse reconhecê-los. E com a voz rouca, com as mãos para o alto, ousei sair da nave.

-Com licença, onde estou? Quem são vocês?

- Você fala nosso idioma, ótimo. Nós que te perguntamos: quem é você? - Disse o rapaz alto e assustador com trajes de astronauta.

- Eu sou Katrina Luz, agente espacial e Neurocientista da URSS. Estou em uma missão de pesquisa.

- Senhora Katrina, somos da Tripulação do Amanhã, uma nova agência espacial liderada pelo FBI, estamos em missão de pesquisa também. Por favor, queira nos acompanhar. - Até que não senti medo nas palavras do astronauta número 2.

   Ruas calçadas com pedras, horizonte escuro, pessoas estranhas. Dou passos largos, rodeada do que eu poderia chamar de extra terrestres porém terrestres. De longe, avisto um lugar com várias antenas e satélites, algo que nunca havia visto. É um lugar grande, parece com um palácio, totalmente revestido com mármore.

  Entro numa porta espelhada que se fecha e se move para cima, então, ao ser aberta novamente, me deparo com uma sala enorme, com pessoas de verdade caminhando, roupas brancas e papeis nas mãos. Sou guiada para uma sala, cuja porta é de vidro e então, um homem aparece na minha frente.

- Senhora Katrina, sou o agente Jacob, responsável por liderar essa operação espacial. Soube que está numa pesquisa, quem sabe, podemos compartilhar ideias e chegar à um ponto. O que me diz? Aceita um café?

O rapaz usando um terno branco, nitidamente feito com material de chumbo e alumínio, pele negra, óculos espelhados e um fone de ouvido conquistou minha confiança. Aceitei o café e então nos sentamos em um tipo de sofá feito de metal, porém confortável.

- A priori, como conseguiu respirar lá fora sem o traje? Muitos de nós tentamos mas fomos sufocados, o ar tem bastante radiação.

- Acho que deve ser pelo procedimento que fiz. Diminuí os níveis de oxigênio do meu cérebro, o que pode tê-lo transformado em uma barreira contra radiações. Mas afinal, me explique, o que estão pesquisando? O que fazem aqui? Como sobrevivem?

- Acredito que tenha dúvidas. Nós pesquisamos o espaço-tempo. Como aqui há uma dilatação temporal, nossa equipe quer descobrir se este lugar realmente se trata de uma quarta dimensão. Achamos que dá para voltar e avançar o tempo. De que ano você veio? - Confesso que fiquei confusa, mas fazia sentido.

- 1970, e preciso descobrir algo que deixe os EUA de boca aberta. Estamos em uma guerra agora.

- Incrível, magnífico, formidável... - O rapaz tirou os óculos e pude ver em seus olhos pretos escuros uma admiração tamanha.- Nossa equipe está aqui desde os anos 2020, e é incrível como a teoria funciona. Você viajou, digamos assim, para o futuro. Incrível.

  Jacob gagueja ao fazer essa descoberta, e apesar de estar confusa, ainda não sei qual a intenção dele em descobrir essa teoria do espaço-tempo. Peço que conte-me mais, então ele me guia por um corredor com paredes de metais até uma sala pequena. Lá, não acredito no que os meus olhos vêem. É chocante, mas ao mesmo tempo intrigante.
     Uma sala com quatro pacientes deitados em macas, com acessos nas veias e uma maquina no cérebro, ousaria dizer que são cobaias de algum experimento maluco. Não controlo minha curiosidade.

- Mas o que é isto senhor Jacob? Vocês forçam essas pessoas a fazerem testes? Vocês sabem que é errado e anti ético fazer experinentos com seres humanos? Pra isso existem os ratinhos. - A veia da minha testa pulsava de tanto esforço que fiz para falar.

- Senhora, garanto que não há nada de errado aqui. Essas pessoas assinaram um termo concordando em serem testados. São tripulantes da nossa agência que se dispuseram para completar a missão. Eles são o futuro do mundo e é graças a eles que varias lacunas serão fechadas. - Confesso que fiquei mais calma, não gosto da ideia de forçar alguém a ser testado. Então, continuei a pedir mais informação.
 
    Observando alguns televisores enormes, pude ver um pouco da pesquisa. Um conjunto de matéria em movimento que se unem e formam um tipo de fenda, vários desses conjuntos pairando no universo.

- Então, sobre o conteúdo dessa pesquisa, o que acontecem quando descobrirem? Está estudando sobre a possibilidade de uma fenda na Terra que altera o tempo, não é?

-Esperta, Katrina. Houve um caso há alguns anos, em que aviões desapareciam e surgiam meses ou anos depois, mas para os passageiros, passaram apenas horas. A NASA se recusou a investigar, estava ocupada demais tentando colonizar Marte. Então, como tenho formação na área, juntei os melhores químicos, pilotos, agentes espaciais, médicos, enfim, uma boa equipe, e os convenci a montar nossa própria missão. Claro, com recursos roubados na NASA, afinal, o presidente só pôde disponibilizar alguns dólares.

- Então vocês são fugitivos? E ladrões.-Não contive o riso, mas entendi o lado deles. Assim como eu, ele arriscara tudo para desvendar sua teoria.

- Venha, quero te mostrar mais.

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