A ruptura

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4 anos longe de meus pais e finalmente os verei hoje. Não posso estar mais feliz, irei me casar com um hojem maravilhoso e voltar ao Brasil. Os preparativos foram feitos pela minha prima Kiara, ela tem um dom para arrumações e decorações. Se eu fosse organizar uma festa, com certeza o espaço seria preenchido com carteiras de Colégio e enfeitado com livros pendurados. E o buffet seria café com canela e biscoito.

  Ao chegar no Brasil, me deparei com a fazenda da minha avó totalmente iluminada com luzes de natal, rosas vermelhas espalhadas por todo canto, um arco de flores em frente ao riacho e vovó, parada, olhando para mim com um belo sorriso.
 
   - Vai desfazer as malas, meu amor. Seu dia será longo.
  
   -Obrigada por todo carinho, vó. Trouxe para você um presente. - Era um lindo colar em forma de estrela. Trouxe um para cada membro da familia, para simbolizar a pesquisa a qual eu estava dedicando a minha vida.
  
    Após vestir aquele lindo vestido branco, com mangas bufantes, o que, de acordo com a Kiara está bem na moda este ano, olhei-me no espelho e então pensei "mais um sonho de menina se realizando". Meus lábios estavam rosa do batom, minhas pálpebras tinham glitter e uma cor branca. Um delineado riscava meus olhos e me faziam parecer uma japonesa, mas confesso, eu estava deslumbrante. Meus longos cabelos marrons estavam soltos, apenas uma pequena mecha, a rosa, a qual ainda não saira mesmo após 4 anos, estava presa em uma trança que envolvia toda a minha cabeça. Uma coroa brilhante de princesa pesava sobre mim e um véu, tão fino e transparente quanto o vento, transformava-se numa linda cauda enorme atrás do vestido. Eu estava feliz, eu estava linda.
   Precisei ir ao banheiro, porém, ao encostar lá, bateram a porta na minha cara e uma voz saiu dizendo "o noivo não pode ver a noiva antes do casamento, dá azar".
   - Ah amor, deixa de bobagem, logo nós, futuros cientistas, acreditando em uma supertição? - E com a urgência que eu estava, empurrei a porta de vez.

  Miguel estava despido, seu terno preto estava desabotoado e amarrotado, caindo no chão. A rosa que era pra estar no bolsinho da frente, estava em pedaços. Eu ousaria dizer que os pedaços pareciam com pétalas no chão de um ambiente romântico. Eu não pensei maldade dele, afinal, poderia apenas estar começando a se vestir, ou deve ter se esbarrado na pia e a flor caiu no chão.  Mas não tinha apenas roupa de homem amarrotada. Um vestido de seda verde água estava caído, ao lado de um salto preto. Kiara estava lá. Ambos despidos, ela, porém, usando uma lingerie sedutora e chamativa, com uma fita em volta da coxa, espartilho de renda preta e uma luva combinando com a roupa. Ao cair na real, comecei a chorar e falei que iria cancelar o casamento.

  - Kat, meu amor, eu não sei o que me deu, eu estava bêbado, eu bebi, eu juro que não queria fazer isso com sua prima. Eu amo você, por favor me perdoa.

  - Miguel, você me magoou como eu nunca havia sido magoada antes. Está acabado.

  - Olha Kat, eu estou pedindo pelo bem, mas acho que terá que ser pelo mal. Se cancelar o casamento, eu me enforco com a gravata que você me deu e todos vão dizer que você foi viúva antes mesmo de casar.

  Apesar do ódio que estava sentindo, não queria que um homem que amei durante seis anos morresse, e por minha culpa. Subi no altar, jurei falsas juras, falei falsos votos, beijei um falso beijo. E fim. Agora eu sou Katrina Silva Martins Arango, pois insisti para que não retirassem nenhum sobrenome meu.
  
   Voltamos à nossa casa na Rússia logo após 15 dias de Lua de mel na Espanha, onde eu sonhava que seria o período mais mágico da minha vida. Porém mal falo com ele. Vivo pisando em ovos para não decepcioná-lo e não fazer ele se suicidar, e não consigo fingir amor. Somos indiferentes. Já não sei mais o que é o amor e, por um lado é bom, posso descontar meu ódio e tristeza nos estudos e passar o dia no laboratório continuando minha pesquisa.  Vou viver apenas para minha pesquisa.

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