Cantei para ti uma canção
Serena como mágoa noturna,
Silente como eras então:
Misteriosa em suas runas.Signo indecifrável, sem som
Escondido atrás da voz que cantava,
A minha. Meio errada, fora do tom
Mas o olhar em mim tu cravava.Homens que olharam para a lua
Enxergaram astros, constelações
Mas o que enxergo é ela nua
Para além de sonhos e abstrações.Astros se apagaram dentro de mim
Teus olhos são luz que me guia
(Cobrem-me em panos de cetim)
E, se me guiassem ao abismo, eu iria!E a minha voz fluía calmamente
Quando me tocaste com fervor
E insinuaste, vagamente,
Que ansiavas meu calor.E tudo foi nada, de repente
E o mesmo era já outro.
Vem, afaga-me o espírito dormente
E usa-me como a um morto.