As vezes eu me sinto o cão do destino.
Estou tão cansado — de estar cansado
Estou tão conciso dentro dos dias
Dentro dos anos, tantos...
Dentro dos "amos" — amo?
Dentro de tudo — entalo
Entulho o peito — e danço
Como quem dança no asfalto
Para não esperar a festa — eu danço
Na rua das convicções — desabrigado
Nenhuma mais me serve, e eu rasgo
Constantemente
Qualquer pedaço de carne
Atirado a esmo
Por quem passa sorridente...É por estar assim cansado, entre os panos,
De correr atrás dos anos
E abanar o rabo, latindo
É que me acho assim contrito
É que me acho assim fadado
A lamber os intestinos
As vísceras e a palma
Ao mero soar do sino
Assim tão fútil
E feminino
Eu me sinto
Um mero cão do destino!