Me despedaço em minha inexistente existência
Nesse espetáculo que acabara de começar e já atrai muita gente
O tolo e o louco
O sábio e o indeciso
"Quanta indecência!" Eles gritam, bradam, esbravejam, vociferam
Ora, essa é a hora de todos aplaudirem
Pois agora eles assistem
A tremenda hipocrisia, de quem um dia também dizia "somos a favor do amor, por favor imploramos, que haja tolerância"
Ora, essa é a hora que todos dizem em uníssono "Amém!"
Porém agora vomitavam suas verdades
Verdades sobre a vida
Vida que não era deles
Era apenas daqueles
Para quem o "Amém" não chegava
Os anfitriões do espetáculo
Apenas queriam uma coisa
E isso era claro
Queriam uma passagem só de ida
Para a infinita vida, acompanhada de um baú de preciosidades
Mas há os conhecedores
Os espertos, os não enganadores
Denunciam a contradição
Lutam pelo direito do respeito ao "Não!"
São os apedrejados por aqueles que deveriam dizer "que se acabe a hipocrisia e a pouca vergonha, quem diz que nunca errou está mentindo e é tão ruim quanto o Cão!"
E seguimos assistindo
Esse espetáculo incrível
Com vidas interligadas
E um final trágico inevitável
Ouvindo dizerem "isso é certo, isso é errado"
Sem compreender o real significado de empatia e compaixão
Como se a única coisa que importasse
Fosse sua confortável ilusão