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2008 – Percy

Os meses e semanas se passaram mais rápidos naquela estação. Meu projeto arquitetônico pertencia à um cliente exigente, então quase todos os dias eu estava ocupado em alguma reunião, ou pendurado no celular com algum engenheiro.

Você deve estar se perguntando o que havia na misteriosa fita de Annabeth, que só me dei conta de possuir após minha mudança. E bem, não era nada que eu já não soubesse. Na fita, as palavras dela eram algo que preveniria nosso desencontro ao longo dos anos. Ela simplesmente avisou que se sabotaria no exame para a Simon. E acredite, após ouvir, eu quase chorei da grande piada que o universo fez da minha vida amorosa.

Ame uma garota e a perca, mas antes, tenha um aviso disso que virá não antes de deixá-la, e sim muitos anos depois. Durante as primeiras semanas posteriores à fita, eu podia jurar que via Annie virando em todas as esquinas em que eu não podia alcançá-la, e isso, meu terapeuta disse, era normal, ele até exemplificou com seu divórcio, onde após sua ex-mulher mudar-se, ele ainda sentia um peso ao seu lado na cama de casal, e nada mais era do que sua mente.

Então eu deixei que minha mente pregasse peças continuamente durante muito tempo, enquanto seguia a vida, como o terapeuta havia recomendado.

— Um novo engenheiro será encaminhado até a obra para verificar o alicerce. — O chefe da construtora dizia, por trás de sua enorme mesa moderna. — Você conseguiu fazer o antigo desistir do projeto.

— Dizer que concreto armado é o suficiente para a base já foi motivo suficiente para ele desistir, eu só dei um empurrãozinho. — Sorri cínico e o chefe deu uma risada.

— Chamamos um novo engenheiro então, fora da nossa empresa e novato na América, então paciência.

— Onde se formou?

— Universidade Japonesa.

— Contanto que não queira pôr oitenta colunas no meu hall de entrada, será bem-vindo.

O projeto em questão era um hotel arcaico-chique, onde o cliente tinha uma lista de desejos enorme, de pé direito alto até molduras de gesso em todos os ambientes. O lucro para empresa seria alto, então o chefe entregou o trabalho em minhas mãos, por ser um dos arquitetos mais competentes, modéstia parte, foram palavras dele.

O frio era intenso, e quase toda a equipe estava dentro do trailer tomando café e se aquecendo, esperando o querido engenheiro chegar para começar o trabalho. Eu havia cansado de esperar lá dentro e fui para fora com raiva por ele demorar tanto.

— Oi, eu peço desculpas pelo atraso, o engarrafamento estava... Percy Jackson? — Me virei e com a visão que tive, me concentrei muito para não pensar que seria mais uma peça do meu cérebro. — Eu não acredito, é você!

A pessoa parada a minha frente tinha estatura baixa e corpo magro. Com bolsas fundas embaixo dos olhos, ainda perceptíveis pela maquiagem e longos cabelos, até sua cintura. Trazia consigo uma bolsa tiracolo simples e uma pasta com muitos papéis.

A pessoa me abraçou, e eu permaneci estático, sem acreditar que minha imaginação era capaz daquilo. Sem acreditar que Annabeth Chase estava parada a alguns metros, após oito anos.

E essa visão foi a última que me lembrei ter visto. 

Adoraria Dizer Que Tudo Vai Dar Certo Para NósOnde histórias criam vida. Descubra agora