CAPÍTULO SETE - KATRINA WOODS

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Nas tardes  de Bourton  gostava de observar o nascer do sol, era simplismente magnífico. Fechava os olhos e imaginava como ter uma família feliz, mas somente imaginava.

Há coisas na vida que nós não temos controle, quando a situação aperta e você não tem à quem recorrer aí tudo  fica difícil. Pessoas morrendo de fome, crianças são violentadas, mulheres mortas e homens com seus destinos cruéis no tráfico.

Eu entendia à parte em que diziam que não era culpa de Deus, mas se Deus existisse ele tinha noção que a falha humana faria outras pessoas morrerem de fome, porém porque não ajudar?

Quantas madrugadas acordei implorando por ajuda? Mas ninguém atendeu - me. Dizer que Deus existe é uma ofensa a pessoa que passa dificuldade. E acreditar em Deus é saber o quanto ele é cruel de fato.

Fecho os olhos sentindo o sol bronzear minha pele -  jogo a cabeça para trás aproveitando daquele pequeno momento de prazer.

— É loucura, né? - Uma voz feminina tentou chamar atenção.
Levanto a cabeça olhando para o lado, vejo uma garota loira toda agasalhada com as mãos dentro do bolso do casaco.

— O que? - Perguntei tentando ser simpática.

— Pessoas que não acreditam em Deus, isso é loucura! - Falou sorrindo com os lábios tremendo por conta do frio. Irei debater tão cedo?

— Porque? - Digo em um tom mais ácido.

— É  em pequenas coisas que você vê Deus. Vento no rosto, no por do sol, em um sorriso banguela de uma criança, é impossível crer que tudo isso foi um acidente, porque esse foi um acidente mais lindo possível! Sabe... Não precisa de muitos estudos para saber que Deus existe! Ele é um design inteligente! - Diz ela com um brilho no olhar parecendo que ia chorar a qualquer instante.

— Nós não vemos Deus em uma guerra, certo? - Indaguei.

— Não, nós vemos o homem estragando tudo o que ele - Deus fez. - Retrucou pensativa.

— Aliás sou Clarice Arms! - Saudou estendendo a mão esquerda para um comprimento.

— Katrina Woods! - Respondo. Levo uma mão para afastar meus fios loiros, enquanto o outro para comprimenta - lá.

— É da Matriz? Nunca te vê na igreja. - Perguntou olhando pra trás em seguida virando - se rapidamente.

— Não, primeira vez. - Digo categórica.

— Seja bem vinda. O café da manhã vai ser servido vamos? - Concordei com a cabeça apenas, a seguindo assim que a mesma começou a seguir em direção da casa.

— Pelo visto perdemos todo o passeio, de repente veio essa frente fria! Ficaremos dois dias encalhados dentro de casa tomando chá ou chocolate quente. - Diz entristecida. Andamos em silêncio mais alguns minutos até entramos na grande sal onde estavam todos encolhidos em volta da enorme mesa e pelo visto só faltava a gente.

Rodo os meus olhos por toda a sala a procura de Olívia e Ian, até que ele para nos olhos castanhos intensos de Ryan que abaixa o olhar ao ver - me.

— Senta - se meninas! -Diz o pastor Henry.

Acho Olívia no final da mesa brincando com o colar de Olívia, ando em sua reta sentando - me ao seu lado esquerdo ao chegar. Ela passa - me Ian, o pego rapidamente fugindo do olhar duro de Ryan.

—  Ele está bravo. - Avisa puxando uma xícara.

— Ele o pegou ou falou alguma coisa? - Perguntei curiosa.
Trago uma jarra de leite para perto.

— Não. Só o olhou mesmo, mas impossível... Ian tem os mesmos olhos dele! - Falou.

—  Ryan me acha uma qualquer, com certeza não pensa assim só por causa dos olhos.

                           •••
Entro no escritório a qual fui solicitada. Sério? Eu poderia estar dormindo ou fumando uma marijuana, não nesse tedioso lugar insuportável.

Mordo os lábios ao ver a família de Ryan reunida no escritório para minha espera.

Henry estava com os braços cruzados atrás da mesa encostado na instante de livros, enquanto Elisabeth estava sentada séria na carteira e Ryan com as mãos na cabeça também encostado em uma mesa qualquer da sala. Todos os olhos estavam virados simultâneamente assim que entrei fazendo - me engolir o que não tinha na garganta ou seja nada.

Abro um sorriso forçado tateando algo atrás de mim.

— Olá, quanto tempo não? - Falei sem graça.

— Katrina, sabe porque está aqui, não iremos perder tempo com jogos. - Declarou Elisabeth de supetão. Nunca gostei dessa mulherzinha!

— É, imagino. - Dei de ombros.

—  O curioso é que eu não imaginava que viria em uma igreja muito menos aqui. -  Comentou Henry de soslaio.

— Eu também não fui ameaçada praticamente ou tipo isso! - Expliquei com um sorriso mentiroso nos lábios.

— Olha não era para transformar isso em uma reunião familiar, caso não fosse necessário não estaríamos aqui. - Exaltou Ryan pela primeira vez.

Reunião familiar? Eu entrei para a família? -  Brinquei. Eles não riram, mas encaram - me sérios.

—Vamoa para parte que interessa. Quanto quer dessa vez para deixar ele com a gente? - Perguntou Elisabeth com uma caneta nas mãos e alguns papéis.

— Pode ser qualquer valor estamos dispostos a pagar. - Replicou Ryan. Engoli novamente um nada e uma dorzinha tomou conta do meu coração.

—  Liguei para o advogado da empresa Sr flashman, eles está vindo com sua esposa. Aproveitará e trará todos documentos até às 17h:30min.  - Disse Henry. Eu apenas dei um leve sorriso cutucando a barra da minha blusa.

— Aham... - Sussurrei.

— O valor? Eu pus esse no papel, mas sabemos como é, então caso queira aumentar tudo bem! Só queremos o meu neto. - Falou Elisabeth agora estendendo um papel com o valor na minha direção.

— Eu preciso de um tempo! - Avisei saindo da sala.

                           •••
  
— Então é isso? Vai dar ele também? Katrina não é possível que não os ame!- Gritou Olívia.

— Mais é porque... Eu amo eles. Mas eu não posso. - Digo com dificuldade limpando uma lágrima teimosa.

Olívia abaixa perto de mim levando os meus cabelos atrás da orelha.

— Você não é seus pais. Fazendo isso está parecendo eles, mas não são eles. Já passou... - Diz acariciando o meu braço.

— Será? Eu só não quero que ninguém  machuque - se comigo.  Tenho esse defeito de machucar as pessoas e sou à melhor em deixar elas ir! - Digo desabando em choro abraçando Olívia com urgência.

— Dói ver eles. Dói. Dói demais. Porém vai doer mais ainda caso fique comigo. E não é mais tão difícil, quanto dá primeira vez... - Meu choro podia ser ouvido em distância talvez, mas está doendo tanto.

— Não posso ser egoísta...

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