Exitus

Capítulo #6

A diversos quilômetros dali, alguém também sentiu os efeitos do grito de Ana.

Seu sonho, que até estão transcorria com normalidade, foi interrompido por uma imagem borrada de uma mulher de cabelos negros que emitia um grito terrível de angústia e desespero.

Rute acordou sobressaltada, despertada pelo que repentinamente tornou-se um pesadelo. Um frio anormal percorreu sua espinha e por lá mesmo permaneceu. Ela sabia que aquilo não era frio. Ela conhecia bem aquele sentimento.

Visto que seu sono fugiu, ela levantou-se da cama e olhou pela janela. Seu quarto ficava no segundo andar em uma região elevada, o que lhe permitia uma visão privilegiada da cidade.

"O que será que foi dessa vez?", pensou.

Seu coração estava acelerado. Sua intuição estava aguçada. Sabia que algo em breve cairia em seu colo para que resolvesse. Algo que somente ela, em milhares de quilômetros, era capaz de lidar.

Vestiu seu roupão felpudo na tentativa de afastar o frio, por mais que soubesse que não fosse natural. Desceu as escadas e foi até a cozinha preparar uma bebida quente. Não acendeu nenhuma luz. Conhecia a própria casa como a palma de sua mão, e superara o medo do escuro há muito tempo. Sabia que não haveria nenhuma presença espiritual indesejada em sua casa, pois toda a propriedade estava sob proteção, e sua magia era eficaz.

Preparou um chá e olhou pela janela da cozinha. Nada viu além da "entidade de estimação" pairando sobre a casa da vizinha, que não aceitava ajuda da "bruxa do diabo", segundo ela própria falara em diversas ocasiões. Rute sempre ria ao pensar disso, pois o mal que estava sobre a casa com certeza era maligno. Mas o que ela poderia fazer se a mulher nunca aceitava ajuda? Pelo menos em sua casa eles não entrariam. Morriam de medo dela.

Rute Toledo era uma ameaça real e poderosa contra qualquer ser, vivo ou morto, natural ou sobrenatural, de qualquer dimensão ou planeta, que cruzasse o seu caminho.