Os Poderes Ocultos - Linhagem de Sol e Tormenta

5. Nosso Lar

NICO ENCAROU VALERIE ATORDOADO. A garota dissera que os pais estavam mortos, não tinha mentido. Ver o choque em seu rosto ao saber que o pai ainda vivia foi uma confirmação.

— O que? — Isadora falou por ele.

— Meu pai está vivo, preciso ir atrás dele — há euforia em sua voz.

— Espere — ele ergueu a mão. — Nos explique direito o que aconteceu, mas antes, o que faremos com o corpo da sua mãe?

A alegria rapidamente sumiu da face de Valerie. Ela encarou a mulher flácida no chão, os olhos ficaram vermelhos, e Nico percebeu que, a garota estava fazendo um grande esforço para não cair em desespero.

— É melhor cremar — respondeu.

— Certo, conheço um lugar onde podemos fazer isso — sua voz soou mais indiferente do que ele gostaria.

— Posso fazer isso sozinha.

— Pelo Anjo, garota. Pare de ser teimosa, nos deixe ajudar.

— Eu não sou teimosa — seu olhar se estreitou. — Bem, apenas com Caçadores de Sombras.

— Certo, não ligo. Vamos ajudar.

— Não vão não...

— Ah! Chega vocês dois — Isadora trovejou, ela estava brava, e Isadora brava era definitivamente uma das piores coisas do mundo, Nico deu um passo para o lado. — Nós vamos ajudar e assunto encerrado, Valerie. Podemos ser Caçadores de Sombras, mas também somos pessoas, com sentimentos.

As duas se encararam, o lábio inferior de Valerie tremeu quando respondeu:

— Tudo bem.

— E depois você vai nos contar o que aconteceu — emendou Nico.

Seu rosto se voltou em fúria para ele. Pelo Anjo, aquela garota só podia odia-lo, e talvez Nico tenha sentido uma pontada de medo ao saber dessa realidade, as pessoas sempre gostaram de Nico, se apaixonavam por sua aparecia. Mas Valerie... Valerie sequer parecia ter notado isso.

— Eu não vou contar...

— Você vai contar — interrompeu Dora com um olhar ardente.

— E-eu vou contar.

Então até mesmo Valerie Turner tinha senso de preservação.

— Abra um Portal até o local que você disse, Nicholas. Depois pegue o corpo.

— Caçadores não sabem abrir Portais — Valerie disse de repente.

— Ser filho de Clary Herondale tem suas vantagens — dessa vez ela ergueu o cenho, deixou transparecer a surpresa sobre sua linhagem, alguma coisa dentro de Nico ficou satisfeito.

Ele pegou sua estela, a que era do seu pai, podia ter muito ressentimento por tal, mas aquela ainda era sua maior relíquia.

— Espere — falou a garota. — Preciso pegar umas roupas, fechar minha casa e deixar um aviso, caso os vizinhos especulem sobre a ausência da minha família.

Os dois concordaram, Valerie saiu dali apressada. Dora e Nico se entreolharam voltando-se para a mulher flácida no chão.

Ele enfim soltou um suspiro, foi até a sala e pegou a manta que estava sobre o sofá, depois a jogou sobre o corpo.

— Melhor — murmurou sua parabatai.

Valerie retornara em poucos segundos com uma mochila grande nas costas.