8. Pandemônio

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VALERIE RESOLVEU CAMINHAR PELAS ruas de Nova York mesmo com o dia nublado, algo bem imprudente de se fazer. Mas se continuasse no Instituto poderia sufocar, seu sangue ardia, algo gritava para que revelasse a própria identidade.

Pegou uma mochila qualquer dos Caçadores de Sombras e colocou uma adaga enfeitiçada que seus pais lhe deram, já que Thauriel estava nas mãos de Mina. Poderia não ser tão potente, mas já era alguma coisa caso algo acontecesse.

Ela não sabia o que lhe dera na cabeça em entregar sua arma a feiticeira, uma parte era para que não descobrissem a farsa, e a outra... Confiança?

Algo em seu interior gelou, definitivamente não poderia ser isso. Estava só a um dia entre essas pessoas e já está ficando maluca.

Valerie andou sem rumo pelas ruas, optou por bairros movimentados, era menos improvável que rolasse algum incidente. Estava tudo indo bem... Até que percebeu a presença de alguém. Ela se virou com raiva, retrocedeu alguns passos e encontrou Nicholas Herondale em um beco próximo.

— Isso é desconcertante — o garoto disse. — Sabe, você ser habilidosa igual a mim, e sequer ter um pingo de sangue de Anjo nas veias.

Ela engoliu em seco, mas não deixou o medo tomar sua face.

— Agora você me segue? — perguntou mudando o assunto.

— Sou um Caçador de Sombras, está no meu sangue querer proteger outras pessoas. Principalmente aquelas estúpidas o suficiente para sair e não falar nada. E se você morresse ou te sequestrassem? Acha que temos uma bola de cristal para adivinhar?

— Está no seu sangue também ser um babaca? — Valerie estreitou os olhos.

— Provavelmente — ele pensou. — Pela a história dos Herondale, nós somos bem humorados.

A garota revirou os olhos.

— Me deixe em paz, você sabe muito bem que eu sei me cuidar — responde.

— Sei, mas você não sabe se curar sozinha caso algo aconteça.

Ela bufou, virou e foi embora, torcendo para que Nicholas a deixasse em paz. Mas é claro que o garoto irritante não fez isso, logo em seguida estava caminhando ao seu lado.

— Para onde vamos? — perguntou.

— Eu vou, você não.

— Não seja tão mal educada.

— Me deixe em paz, Nicholas — ela repetiu o que disse antes.

— Me chame de Nico, todos me chamam assim.

— Eu não sou todo mundo — retrucou irritada. — E você não deveria esconder essa suas marcas para os mundanos?

Valerie tinha muita consciência de Nicholas ao seu lado, o garoto estava de regata revelando os músculos consideráveis. As marcas do Anjo adornavam seus braços e pescoço, o deixando incrivelmente provocador. A garota sentiu uma quentura subir pelo corpo.

Por Deus o que ela estava pensando?

— Mas estão escondidas, os mundanos não estão me vendo — seu sorriso aumentou. — Provavelmente estão te achando louca por conversar sozinha.

A quentura rapidamente foi substituída por raiva. Ela olhou em volta, viu que algumas pessoas observavam, Valerie apertou mais os passos, a última coisa que precisava é que os mundanos lhe internassem em um hospício.

— Sei o que está fazendo, Nicholas. Mas não vou cair nesse papinho, seu charme pode funcionar com as outras pessoas, mas comigo definitivamente não.

Os Poderes Ocultos - Linhagem de Sol e TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora