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Voltar para casa traz sempre uma sensação boa, mas dessa vez está me dando um pouco de medo

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Voltar para casa traz sempre uma sensação boa, mas dessa vez está me dando um pouco de medo.
Quando decidi ir morar com meu pai acreditei que seria uma boa opção, mas aqui estou eu, três anos depois, voltando a morar com minha mãe e meu irmão. A convivência não estava agradável e as brigas estavam me sufocando, espero que dessa vez a decisão seja correta.

Olho para a casa em que eu cresci e lembro de tudo o que já passei por aqui. Ninguém espera pela minha volta, até porque nem eu mesma  esperava, consegui a transferência da faculdade de última hora e não esperei mais nada para entrar no carro e ir embora daquela cidade. Não tinha amigos e não sei se um dia cheguei a ter, então foi muito fácil deixar tudo para trás

Toco a campainha e espero que minha mãe fique feliz

— Ai meu Deus –diz minha mãe arregalando os olhos ao abrir a porta — Aurora, você finalmente veio me visitar. Não acredito.

—Eu vim pra ficar, tem um espacinho aqui para mim ainda? –digo abraçando-a. Minha mãe sempre me entendeu e me apoiou em tudo, a saudade dela estava enorme.

— Claro que tem, para você sempre vai ter lugar. O Arthur vai pirar quando te ver.

Meu irmão é a pessoa que mais amo nesse mundo, somos gêmeos e a nossa ligação é surreal, sem ele parece que falta algo em mim. Não sei como aguentei tanto tempo sem conviver com ele.

— Ele está em casa? –não vejo a hora de abraçar minha metade favorita.

— Não, ele está na faculdade ... – diz me ajudando a carregar as malas pra dentro de casa — seu quarto está do jeitinho que você deixou, eu sabia que um dia você voltaria.

Meu quarto traz lembranças não muito agradáveis ​​para mim. Nota mental de mudar tudo nele urgentemente.

— Mãe, eu tenho que resolver Algumas coisas da minha transferência na faculdade, não comenta nada com meu irmão. Vou fazer uma surpresinha para ele

Essa faculdade com certeza é maior que a minha antiga, provavelmente vou me perder nesse trem

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Essa faculdade com certeza é maior que a minha antiga, provavelmente vou me perder nesse trem. Opa, já estou perdida. Muito bem Aurora, começamos bem por aqui.
Virei para direita e achei o refeitório, fiz uma varredura com o olhar e encontrei meu alvo. Sério Arthur, até na faculdade você tinha que ser popular?

Caminhei até ele e várias pessoas me encaravam, bando de povo curioso. Ele estava de costas para mim, foi beber o suco e eu tirei da mão dele, me encarou sem entender nada e os amigos dele também. Já falei que são curiosos?

— É suco do que? – dei um gole e ele continuava me encarando como se eu fosse um alienígena — laranja, gosto – até que finalmente ele saiu do transe que estava e me abraçou forte. Nossa, como senti falta desse abraço.

— Me diz que não estou sonhando, por favor – disse em um sussurro ainda me apertando.

— Não tá sonhando não, tá me sufocando mesmo. Eu preciso de ar

— Você está aqui mesmo – finalmente me soltou — eu senti tanto a sua falta, sério. Você não vai mais embora, não vou deixar – fez uma cara de bravo e depois sorriu para mim. É inevitável não sorrir de volta.

— Não vou mesmo, eu vim para ficar.

— O que tá acontecendo? Por que tá todo mundo olhando para o Arthur? – um arrepio se fez presente em mim, essa voz eu nunca esqueceria e a raiva já é imediata.

Respirei fundo e olhei para meu irmão que tentava segurar uma gargalhada, ele sempre achou cômico minha raiva, mas com toda certeza não acharia se soubesse o motivo da mesma.

Me virei lentamente e encarei seus olhos. Puta merda. Ele já era bonito, mas conseguiu se superar. O cabelo tá maior, ele está com mais corpo mas o sorriso continua o mesmo.

— Ora, ora, ora, se não é a nossa querida Aurora – sorriu daquele jeito que eu odeio e me encarou de cima a baixo lentamente e com uma expressão surpresa — você está diferente.

Claro que estou, desde a última vez que eu o vi mudei muito, emagreci mais de 20kg e mudei o corte de cabelo.

— Já você não mudou nada e eu odiei o cabelo– menti e o sorriso dele aumentou instantaneamente.

— Veio me visitar, loirinha? – convencido, idiotia e lindo.

— Não Daniel, eu voltei de vez e quanto mais longe de você, melhor para mim – os amigos deles me encararam e seguraram a risada.

— Qual é Boreal, eu sei que sentiu minha falta – o pior é que sim, senti falta de quem um dia eu achei que ele era.

— Com certeza, fica repetindo isso e um dia quem sabe você não se convença – disse com um sorriso irônico e falso na cara — e não me chama assim – cruzei os braços igual uma criança birrenta.

— Ok, já deu para materna saudade os dois. Dante, deixa minha irmã em paz que agora é minha vez de matar a saudade dela – Arthur falou rindo e os nossos telespectadores olharam surpresos, óbvio que não sabiam que ele tem uma irmã.

Pegou em minha mão e me levou para área verde da faculdade. Ficou sério e olhou para mim tentando me desvendar.

— Eu sou seu irmão e te amo muito, saber que você voltou me deixa muito feliz, mas eu sei que não foi só por saudade. Do que você está fugindo dessa vez?

— O dia a dia com o papai estava sendo sufocante e difícil, sentia falta de vocês todos os  dias e decidi vir embora, não avisei nada porque foi de última hora – disse uma meia verdade, não quero que ele saiba o principal motivo. Não agora.

— Sei que tem mais coisa e você não está querendo contar, eu te conheço mais do que a mim mesmo. Você já fugiu para casa do papai quando começou a tratar o Dante daquele jeito, nunca me contou o motivo e eu te respeito, mas não finja para você mesma que não aconteceu nada. Seja o que for, eu estarei ao seu lado sempre – colocou as mãos nos meus ombros e eu segurei a vontade de chorar, ele sempre sabe quando algo está errado — você sabe disso Luz, nunca vou te abandonar – me puxou para um abraço apertado e eu chorei. Chorei por saber que eu estava segura, só não sabia por quanto tempo.

— Senti falta de você me chamando assim, Arth – sorri para ele com gratidão e carinho — eu amo você, muito.

— Senti falta de você me chamando assim, Arth – sorri para ele com gratidão e carinho — eu amo você, muito

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