Capítulo 6

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AURORA
Ao voltar para meu quarto tomei um banho demorado, me vesti e segui ao saguão de refeições, que já estava lotado de criados. Peguei minha refeição e sentei-me a mesa que sempre sentava, mas ao invés de encontrar Cassian e Roza hoje, somente Roza estava lá em meu horário de almoço. -Olá Aurora? Como você está? –perguntou Roza perturbada. -Estou bem apesar de ter sido atacada a noite anterior. –respondi-a deixando escapar que estivera no ataque. -Então os rumores da noite anterior são verdadeiros? -Infelizmente são. V ou lhe contar, mas, por favor, não conte a ninguém, pediram a mim que isso ficasse em segredo. Roza que sempre falava muito estava agora silenciosa, seu rosto que era branco ficará avermelhado e seus olhos que estavam com olheiras logo ficaram abertos atentos a mim em espera do que pudesse lhe falar. -E Cassian como está? V ocê já o viu? –perguntou ela com sua voz falhando. -Sim! Passei a noite ao seu lado no Hospital. E os médicos disseram que ele terá alta até o final desta tarde. Roza que estava agora um pouco menos abalada com a notícia secou os cantos de seus olhos e continuou a comer em silêncio. O almoço permaneceu assim até que nossos pratos estivessem limpos. Ao olhar para o grande relógio que se prendia ao topo do saguão de alimentação confirmei que meu horário de almoço já estava chegando ao fim. Despedi-me de Roza que também se levantará para seguir rumo ao seu trabalho. -Até mais amiga. -Até mais Aurora. Saímos juntas do saguão, mas já no primeiro corredor nós nos separamos cada uma indo para um lado. Eu indo à direção do quarto do príncipe e Roza para seu oficio novo do qual ainda não tinha conhecimento. Caminhei o restante do percurso sozinha até chegar à frente do quarto do príncipe onde dois guardas me barraram. Dois guardas que pareciam ter a mesma idade de Cassian, que também eram fortes e igualmente lindos como a maioria dos guardas que eram contratados para os serviços do palácio. -Senhorita a entrada somente é permitida a pessoas autorizadas. –falou um dos guardas que parava na frente da porta. -Então me deixe entrar eu sou a responsável pela organização do quarto do príncipe. –falei mostrando meu crachá. Os dois guardas se entreolharam, mas logo se voltaram a mim. -Reviste-a então guarda Norbert. –disse um deles maliciosamente me deixando nervosa por lembrar-me da chave que pendia em meu pescoço. Eu não poderia ariscar ser revistada, caso isso acontecesse eu correria o risco de perder meu colar e a chave. -Eu que não irei deixar vocês me tocarem. –retruquei. -Nós só estamos seguindo o protocolo. –disse o guarda maior, piscando para mim com seus olhos azuis. -Então quebre esse tal de protocolo, por que em mim ninguém encosta. –disse aos dois guardas que logo ficaram sérios e fizeram sinal de sentido. -O que está acontecendo aqui? –falou uma voz que vinha por de traz de mim. Ao virar-me deparei-me com dois olhos verdes. Matthew estava a poucos centímetros de mim, tão próximo que podia sentir sua respiração que estava calma. -Desculpe-nos príncipe Matthew pelo transtorno, mas é que esta senhorita se recusa a ser revistada. –falou um dos guardas amedrontado. Matthew que estava de frente para mim olhou em meus olhos, mas logo se voltou aos guardas. – Não se preocupem mais com Aurora. –ao escutá-lo falando isso eu concordará com a cabeça. –Ela não será problema para vocês eu irei revistá-la. Logo intervi. –Nem pensar. Nem mesmo você pode me revistar. E isto é uma lei somente guardas mulheres podem revistar criadas do palácio. Recusando minha interversão o príncipe se aproximou mais de mim enquanto eu começava a dar passos largos para traz. Após seis passos dados eu estava encurralada entre o príncipe e uma parede de mármore fria que se se encostava a minhas costas. -Bem eu sou o príncipe! E creio eu que posso mudar essa lei quando eu quiser. Então eu irei lhe revistar. –disse ele autoritário com um olhar desafiador em seus belos olhos verdes. -Por um acaso você acha que eu sou uma terrorista ou algo assim? – perguntei-o com o rosto emburrado. O príncipe deu um passo mais para frente colocando suas duas mãos na parede uma em cada lado do meu rosto e aproximou seu lábio até meu ouvido. –Pelo contrário Aurora, eu acho que você é a pessoa mais dócil e inofensiva deste palácio. Ao ouvir a resposta de Matthew que havia se afastado o suficiente para que eu pudesse o encarar, fiquei sem palavras. Simplesmente não consegui me movimentar por medo de que eu acabasse perdida naqueles braços e acabasse fazendo algo do que não devia fazer. -Então Senhorita permita-me lhe revistar? Assenti. Assim que assenti, suas mãos começaram a deslizar delicadamente de meus ombros indo até minhas mãos em um movimento doce e leve que irresistivelmente me fizeram arrepiar. Ainda me revistando suas mãos que eram pouco calejadas por causa da caça deslizavam facilmente por meu corpo, desciam passando em minhas pernas até meus pés e voltaram deslizando para cima até pousarem em meus quadris. -Ela está limpa. –disse Matthew soltando suas mãos de mim e entrando em seu quarto de forma bruta. Eu ainda abalada emocional e fisicamente por sua revista, permaneci por mais alguns minutos ali encostada a parede. Após tomar fôlego e coragem passei pelos dois guardas que agora estavam parados em seus postos e entrei no quarto de Matthew que estava sentado em sua cama mexendo em seu Iphone. -Devo trocar os guardas, que estão escoltando meu quarto? –disse ele sem desgrudar seus olhos do aparelho celular. -Não! Deixe-os ai, acho que eles não irão me incomodar novamente. – falei sorrindo. -Tem certeza que quer se ariscar? Talvez em uma próxima vez eu não esteja ai para revistar você. –falou ele com um sorriso em seu rosto que mostrava seus dentes perfeitos e brancos. -Qualquer coisa eu os mandarei lhe chamar. Talvez você venha somente para me revistar. Matthew gargalhou com meu comentário mais logo voltou a olhar para seu Iphone onde havia recebido um recado. -Está bem, vamos trabalhar! –ordenei a mim mesma enquanto me dirigia para a salinha secreta onde estavam os produtos de limpeza que utilizava para limpar o quarto de Matthew. Assim que sai da salinha escutei o príncipe praguejar. -Que merda... Os Swords! Interessada em seu comentário e interessada em saber mais sobre os Swords comecei a lhe perguntar. –O que são os Swords? E por que eles atacaram o palácio? O Príncipe que ainda estava sentado em sua cama olhou para mim com expressão séria, abriu sua boca para falar, mas logo a fechou. Por fim após parecer refletir balançou sua cabeça em negação e me disse: Desculpe Aurora. Não posso lhe contar. Eu sabia que era apenas uma criada, mas eu odiava não saber das coisas que me interessavam. Principalmente quando o assunto de meu interesse havia machucado um amigo. Emburrada virei-me para fazer meu serviço em silêncio enquanto Matthew deitado em sua cama e continuava a estudar as informações que chegavam até ele. V olte e meia eu dava uma espiadela para verificar suas feições que variaram de séria a irritada. Após encasáveis mensagens de textos recebidas o príncipe largou seu celular de lado na cama levantando-se e se espreguiçou. -V ocê ainda está brava? Olhei para ele rapidamente, mas logo retornei ao meu serviço em silêncio. -Não precisa ficar brava só por que não lhe contei. – surpreendeu-me Matthew falando em meu ouvido. -Não tem nada ver com isso. –o respondi séria. –Eu apenas estou passando por um dia ruim. -Então somos dois. –afirmou ele ao se afastar de mim enquanto eu me virava a sua direção para encara-lo. -O que são o Swords? Conte-me, por favor, foram eles que atacaram meu melhor amigo. A me escutar a expressão do príncipe se mudou, ele pareceu ficar pálido ao me olhar. -Aurora. Foi você? V ocê que estava junto no ataque? Confirmei acenando um sim com a cabeça. O príncipe começou a andar de um lado para outro em seu quarto segurando seu queixo em suas mãos, parecem confuso ele puxou uma cadeira em sua escrivaninha de estudos e veio a se sentar. -Esta bem. Irei lhe contar um pouco sobre os Swords. -Obrigada Matthew. –corri até ele e o abracei. –Mas é claro você pode recusar a me contar se isso for quebrar algum protocolo de sigilo. -Bem não há problemas em relação a isso, pois eu sempre quebro vários protocolos. Matthew piscou para mim fazendo com que eu viesse a corar instantaneamente lembrando-me de que ele havia quebrado o protocolo também me revistando. -Está bem quando você pode começar a me explicar mais sobre os Swords? Matt olhou para seu relógio de pulso como se estivesse calculando as horas e me respondeu: Esteja hás vinte e uma horas na biblioteca. Talvez eu ache algumas coisas sobre os Swords para te mostrar. . . . . 3 horas depois... Estava sentada em meio à multidão que comia, sorria e gargalhava. Mesmo estando em meio a tantas pessoas me sentia sozinha, Roza não estava no refeitório e Cassian também não aparecerá para dar notícias. Eu mastigava minha comida como se fosse uma tortura mastiga-la. Não sabia por que me sentia assim, mas parecia que o ataque do dia anterior somente agora começara a ter mais efeitos sobre mim, deixando-me sufocada e com a percepção que se não fosse por Cassian ter nos jogado ao chão talvez um de nós agora estivesse já morto. Pensar nisso me deixou com a garganta seca e paralisada. Fiquei por alguns minutos focando somente a parede em branco que estava a minha frente. Somente me desvencilhei da imagem branca a minha frente quando o telão real que era usado para passar informações importantes e emergenciais foi ligado. Saindo de meu estado depressivo comecei a prestar atenção no telão que estava a minha frente onde imagens de um massacre preencheram a parede que antes era branca. Homens armados atiravam em famílias de camponeses sem ter dó, bombas caiam de aviões atingindo plantações, casas e vilas. Crianças choravam a procura de seus pais, mulheres eram amaradas e levadas para dentro de caminhões que tinham símbolos de espadas estampados neles. Muitas imagens de destruição continuavam a passar pelo telão. Sem ter mais coragem para ver o massacre que se passava a minha frente, tapei meus olhos que lacrimejavam e abaixei minha cabeça até a mesa para continuar a escutar a voz do rei que começara recentemente a ressoar das caixas de som. -Caros cidadãos de Gade. Hoje com grande pesar venho informar-lhes que um de nossos reinos amigáveis foi atacado por tropas do Reino Escuro e que medidas de proteção já foram tomadas. O reino de Gade enviou oito frentes de tropas e mantimentos para as regiões atingidas. Peço para que todos mantenham a calma e que orem pelas vidas dos queridos que se foram e orem também para que Deus esteja convosco. Manteremos todos informados caso surjam novidades. Assim que o rei terminou seu pronunciamento, o telão que mostrava imagens horrendas se desligou deixando o saguão repleto de pessoas apavoradas com a notícia do inicio de uma possível nova guerra. -Ó céus! Que não ocorra uma nova guerra como a da batalha de Torres! –Gritou uma idosa fazendo-me lembrar de fatos sobre tal batalha que ocorrera há 150 anos. Fato número um: São tão poucos fatos que temos sobre esta guerra que nos dias atuais as pessoas nem sabem mais qual fora o real motivo de tal guerra ter acontecido. Fato número dois: A batalha de torres fora marcada pela destruição tecnológica espacial, onde vários satélites de espionagem e proteção militar foram destruídos junto a todos outros satélites que controlavam meios de comunicações da terra. Fato número três: A história conta que grandes massacres foram feitos por meio de ataques aéreos destruindo várias civilizações por completo. Fato número quatro: Logo após a guerra de torres, a população vitoriosa controlou grande parte do território inimigo expulsando-os para uma pequena região que acabou se tornando o Reino Escuro. Quinto fato: Ao final da guerra foram constituídos os quatorze reinos que permaneceram sendo os mesmos até os dias atuais: Reino de Rúben, Simeão, Levi, Judá, Zebulom, Issacar, Dã, Gade, Aser, Naftali, Benjamim, Manassés e Efraim e o Reino Escuro. Sexto fato: Os Reinos inicialmente foram governados por Reis e Rainhas que haviam sido escolhidos por seu senso de Justiça, coragem e pelo seu amor ao povo. Sétimo fato: O sangue real deveria permanecer sempre no poder. Ou seja, toda coroa deveria ser entregue ao sucessor sanguíneo mais próximo do rei. Oitavo fato: O Reino de Gade por sua supremacia em quantidade de terras e fontes naturais tornou-se o supremo reino entre os quatorzes. Possuindo como função principal monitorar, auxiliar e controlar os outros reinos para que não se houvessem discórdias, pobreza, guerras, ou mortes. Nono fato: Todos os reinos com exceção ao reino escuro eram ligados um aos outros, formando um conjunto forte que até hoje parecia inabalável. -E décimo... -Décimo o que? –perguntou Cassian tirando-me de minha contagem de fatos que elaborava em minha mente. -Não! Não é nada, eu somente estava pensando em voz alta. E igual eu já estava de saída, você gostaria de me acompanhar? -Claro Aurora! –disse ele já me seguindo enquanto me dirigia à copa para deixar minha louça suja. Assim que entreguei a louça Cassian pegou em minha mão que não estava machucada e de leve me puxou. -Antes de voltar para seu quarto eu poderia lhe levar a algum lugar? Pensei por um instante e concordei em ir com ele. -Para onde você irá me levar? -V ocê verá. –Cassian começou a andar me puxando pela mão por vários corredores até uma das saídas que davam para o jardim. -Pegue Aurora, se não você irá congelar de frio lá fora. –Disse Cassian estendendo seu casaco de moletom a mim para que me protegesse do frio e da humidade que culminavam em Gade. -Está bem eu aceitarei, mas, por favor, não quero ficar muito tempo lá fora. -Ok Senhorita. Então deixe que eu a vista para podermos sair. Sorri ao ver que o casaco de Cassian seria mais comprido do que o vestido rosa que estava usando. -Do que você está rindo? -O casaco. Ele é tão comprido que nem precisaria usar calças para cobrir minhas pernas no inverno. -Mas é claro você é tão pequena que até a camiseta mais curta que tenho cobriria seu corpo inteiro. Corei ao me imaginar usando apenas uma de suas camisetas como vestimenta. –então Capitão Collin quando irá vestir-me, estou quase congelando em frente a esta porta. -Desculpe-me. Minha intenção era esquenta-la e não congela-la. Cassian sem mais perder tempo levantou meus dois braços e passou seu grande moletom cinza por cima de mim cobrindo-me do alto de meu pescoço até abaixo de meus joelhos. -Coube perfeitamente. –disse ele ao me admirar. –Mas agora vamos antes que fique mais escuro. -Esta... –Antes que completasse a frase que sairia de meus lábios, Cassian já estava me puxando jardim a fora. -Ai! Isso realmente esta frio aqui! –reclamei por estar tremendo com o vento que passava por minhas pernas. -Não se preocupe para onde vamos a temperatura estará bem agradável, Aurora. Continuamos a atravessar o jardim que estava começando a ficar triste com o inverno que se aproximava cada vez mais. Seus sinais estavam já se apresentavam em flores secas e folhas ao chão. Agachei-me para pegar uma folha marrom que estava dentre várias outras folhas alaranjadas. -Aurora. –chamou Cassian. Levantei-me para o olhar em seus olhos. -V amos! Eu quero ainda hoje leva-la para outro lugar. –Exclamou Cassian um pouco impaciente. -Eu só queria pegar uma folha! –exclamei, mas logo continuei a seguilo pelo jardim. Percorremos por vários chafarizes, lagos artificiais e canteiros repletos de flores de inverno que estavam crescendo. -Chegamos! -disse ele ao parar em frente ao pomar do palácio, que ficava rente a uma das paredes da muralha leste. -Primeiro as damas. –disse ele ao abrir a porta para que eu me adentrasse ao pomar que estava repleto de flores coloridas que avivavam o ambiente. Tirei o casaco que era de Cassian e o deixei em uma cabideiro ao lado da porta. Cassian e eu atravessamos juntos o pomar gigantesco observando os variados corredores repletos de rosas, orquídeas, lírios entre outras flores que eram coloridas e deslumbrantes. O pomar estava em uma temperatura agradável e meu corpo estava quente pela caminhada demorada feita no pomar. Assim que voltamos à entrada olhei para Cassian que parecia um pouco exausto. –Desculpe Cassian eu nem me toquei. Como você está e como está seu braço? -Não precisa se desculpar, as coisas que estão acontecendo agora também me fizeram esquecer de meu braço que por sinal está quase bom. O tiro apenas foi de raspão. –Cassian levantou o braço para mostrar que estava bom. V endo-o assim um alivio passou por mim, meu amigo estava bem e vivo. E graças a Deus eu podia estar com ele agora segura em um lugar tão bonito. -Eu amo este lugar. –falei a Cassian jogando meus braços para o alto enquanto girava no lugar sentindo o cheiro inebriante do pomar. Cassian neste instante parou e sorriu para mim. –eu sei que você ama este lugar e foi por isso que eu lhe trouxe aqui. Cassian arrancou uma orquídea e segurou em suas mãos. –posso coloca-la em seus cabelos? Respondi que sim e Cassian colocou a orquídea sob minha orelha. -Linda. –falou Cassian com olhar de admiração enquanto descia suas mãos pela minha nuca ao ombro seguindo pelos meus braços até que chegassem a minhas mãos. Minha pele havia se arrepiado com sua delicadeza e meu coração se disparado com sua proximidade. -Aurora! Preciso lhe dizer uma coisa. Cassian parou de respirar a minha frente e me olhou no fundo de meus olhos apertando um pouquinho mais em minhas mãos. Fiquei por um instante com medo e nervosa de que ele fizesse uma declaração de amor para mim nesse instante. Ansiosa pelo que ele poderia fazer continuei a observa-lo. Cassian com calma colocou sua mão dentro do bolso de sua calça e retirou algo de lá e mostrou para mim. -Uma folha de arvore seca? –fiquei intrigada com o que Cassian poder-me-ia dizer sobre aquela folha, não sabia se estava frustrada por não ser uma declaração ou se pelo fato dele ter retirado apenas uma folha e ainda por cima seca de seu bolso. Cassian com um olhar sério começou a me dizer. -Aurora. Esta folha esta morta por que estava desprotegida. O frio atacou-a e a fez congelar e cair de seu ramo e morrer. –Ele fez uma pausa para me observar, mas logo continuou a falar com a voz calma. – Agora Aurora. Olhe ao seu redor, o que você vê? Assim que continuava a falar Cassian somente me deixava mais confusa sem entender a que ponto ele gostaria de chegar com aquela historia. Olhei para o meu redor e vi flores lindas e vivas. -Flores. -Isto flores, flores vivas que estão sendo protegidas do frio, do vento forte e das pragas. -Desembucha logo. Eu não entendo aonde você quer chegar com isso! –Disse eu já me remoendo de curiosidade para entender o que ele queria dizer com isso tudo. Cassian pareceu modificar sua fisionomia para algo mais parecido ao de triste e se aproximou mais de mim passando um de seus dedos sob minha bochecha. –Bem eu quero mostrar a você como é importante a proteção. Por que assim como cada flor do pomar está sendo protegida, eu preciso ir proteger as pessoas que estão expostas nas regiões atacadas, para que elas também possam ficar bem e vivas. Cassian parou de falar por um instante para que eu pudesse compreender o que ele dizia, mas logo continuou. –Eu fui convocado para ir junto às tropas de expedição até o Reino Escuro para ver onde estão concentradas as tropas dos nossos inimigos. As palavras de Cassian ecoaram em minha cabeça. Eu fui convocado. Eu fui convocado... E eu não conseguia aceitar essa convocação, Cassian não deveria ir para a batalha, ele deveria ficar aqui, seguro. Se ele se ferir-se, se ele não volta-se, eu não queria perde-lo. -Não! Está decidido. V ocê não vai ir! –O abracei forte para não mais solta-lo. Cassian urrou algo e continuou a falar. -Aurora, você precisa entender esse é meu trabalho, e se eu não for nunca serei nada em minha vida. Eu sei que isso será perigoso, mas se eu for eu serei condecorado a Auxiliar mais próximo do General durante a batalha e quando eu voltar eu poderei subir mais em meu cargo e eu desejo muito isso. Distancie-me um pouco para olhar em seus olhos. –Deseja mais do que a mim? Mais do que nossa amizade? –falei enquanto as lagrimas saiam de meus olhos. Cassian abaixou sua cabeça decepcionado comigo. -Por favor. Aurora! Não me faça escolher. –falou ele triste. -Mas você viu no telão o massacre, você viu o que aconteceu conosco na biblioteca. Então, por favor, fique. V ocê ainda está ferido, você não deve sair daqui Cassian. Mas Cassian com um olhar severo pouco se importou.
-Nós partiremos pela manhã. –disse ele pouco antes de se virar e sair do pomar deixando-me com medo de que outra coisa pior o acontecesse quando estivesse fora do palácio. Permaneci no pomar por mais algumas horas para refrescar a cabeça e meus pensamentos. Eu desejava muito que Cassian pudesse evoluir em seu cargo, mas eu temia muito pela sua ida até as divisas com o Reino escuro mesmo sabendo que ele já houvera partido em muitas missões antes desta. Mas agora era diferente, antes não haviam pessoas morrendo e nem ataques de um povo estrangeiro. –Vamos Aurora, você precisa entender que ele já é grande o suficiente e sabe muito bem se cuidar. Sentindo-me culpada por não ter apoiado a um amigo, decidi voltar ao palácio e pedir desculpas e desejar a Cassian boa sorte para sua nova expedição que agora seria feita em meio de um tempo de batalhas. Sai correndo do pomar com o casaco de Cassian e fui direto ao seu quarto treinando em minha mente as palavras que o diria. -Desculpa Cassian. Eu fui muito egoísta, eu lhe desejo muita sorte em sua viagem. –Não. – Desculpa Cassian eu deveria ser uma amiga melhor e lhe apoiar. –Também não. Tentei formar várias frases para lhe dizer, mas o que eu mesmo queria, é que Cassian ficasse. Já em frente ao seu quarto e apressada em vê-lo abri a porta que estava destrancada e o encontrei. Mas a cena que se passou diante de meus olhos dilacerou meu peito trincando meu coração. Cada centímetro do meu corpo não desejava estar ali. -Cassian, Roza! –gritei. Mesmo não possuindo sentimentos amorosos por Cassian meu coração se partiu ao ver a cena dos lábios de Cassian se encontrando com os de Roza, não pude me controlar ataquei seu casaco no chão e sai correndo no corredor em direção ao meu quarto. A fúria não me deixava mais pensar, as lagrimas invadiam meu rosto e turvavam minha visão. Eu somente escutava Cassian chamar meu nome, mais eu não queria escuta-lo, não queria mais vê-lo. Somente queria ficar sozinha em meu quarto e esperar a dor que estava em meu peito passar. Corri rapidamente e entrei em meu quarto fechando a porta em um baque. Escorei-me na porta e deslizei até que estivesse sentada no chão escutando os passos de Cassian do outro lado no corredor. -Aurora abra a porta! –Gritou ele. -Vá embora não quero falar com você. –Rosnei. –Vá até Roza talvez você tenha algumas coisas para fazer com ela. Escutei um estalo forte em minha porta então os passos de Cassian se silenciaram. Eu não soube se ele estava ainda ali ou se ele já havia se ido embora. Não dormi durante aquela noite. . . . . Os acontecimentos do dia anterior ainda percorriam os neurônios do meu cérebro. Acontecimento número 1Cassian havia sido convocado para uma guerra perigosa. Número 2Minha melhor amiga estava tendo um caso amoroso com Cassian escondido de mim. Numero 4Peguei Cassian sem camisa beijando Roza. Número 5Eu havia me esquecido de encontrar o príncipe na biblioteca após meu jantar, e assim perdendo a chance de aprender mais sobre os Swords. Olhei para o relógio na parede de meu quarto que marcava sete horas em ponto, e imaginei o que os guardas de Gade Cassian já estariam fazendo neste horário. Provavelmente deviam já estar se arrumando para se encontrarem depois do café e partirem ao combate. A cama me parecia muito convidativa nesta manha principalmente por ter passado a noite em claro. Mas mesmo sem ter vontade de levantar, eu tinha compromissos a cumprir. Então com pouco de esforço na realidade com muito esforço consegui levantar, tomei uma ducha e sai para o café torcendo para que não me encontra-se mais com nenhum dos motivos pelo qual não havia conseguido dormir durante a noite. Entrei no saguão de alimentação e me deparei com ele superlotado de pessoas tristes e deprimentes. Fiquei grata ao ver que não era à única que possuía olheiras imensas expressas em meus olhos e grata por não ter encontrado nem Roza e nem Cassian. Servi-me com um pedaço de pão com geleia e me sentei à mesa onde o mordisquei meu pão enquanto escutava muitas despedidas e choros. -Harold, por favor! –falou uma mulher jovem de estatura baixa que chorava muito. –Se proteja e proteja meu irmão. Eu não aguentaria viver sem nenhum de vocês. Naquele momento eu vi a dor expressa nos olhos daquela mulher e não suportei mais olha-los. –Maldita guerra quantas famílias terão de sofrer por ela! –Fechei meus olhos e continuei a escutar as pessoas ao meu redor sofrendo. Não suportando mais ficar ali abri meus olhos e olhei novamente para o casal jovem que se despedia. O homem jovem e forte agora estava agachado diante sua esposa beijando sua barriga que parecia estar um pouco avolumada. -Meu menino cuide bem de sua mãe e saiba que eu sempre vou te amar tanto quanto amo sua mãe. -Ah... Harold. – falou à mulher que logo foi interrompida por uma sineta que soou alto pelo palácio. Sineta que informava a todos os guardas que o tempo de despedida estava esgotado e que de agora em diante todos deveriam estar apostos no pátio do palácio em cinco minutos. Olhei ao meu redor novamente e nada de Cassian e Roza. Sem querer imaginar no que eles pudessem estar agora fazendo juntos acabei imaginando os dois se despedindo com beijos e abraços em algum canto do palácio. Assim como esse pensamento surgiu em minha cabeça um sentimento ruim surgiu em meu coração. Tentei não sentir isso, mas não pude controlar a dor só aumentava. chegar ao saguão principal toda minha dor voltava. Guardas já fardados com smokings azuis cheios de medalhas se organizavam em uma fila para sair do palácio. Todos pareciam iguais com rostos abalados e preocupados com o que estaria por vir. Fiquei passando por rostos desconhecidos até encontrar olhos de quem eu conhecia muito bem. Pelo menos de quem eu acreditava conhecer muito bem. Ele estava virado para o meu lado, mas não me enxergava ao meio da multidão de criados. Seu olhar estava concentrado e diferente da maioria dos guardas, ele demonstrava força em meio à tristeza. Tentei desviar o olhar para outro lugar, mas não podia deixar de olha-lo, talvez fosse a ultima vez que o veria. Bem eu não sabia. Olhei para suas mãos que prendiam sua mochila forte. Cassian parecia ser um homem bem mais velho do que era. Quando todos os guardas convocados que trabalhavam no palácio Gade se organizaram em sete filas retilíneas, o Rei que também estava fardado e em frentes de todos começou a falar. -Filhos e Filhas de Gade, hoje vamos sair em rumo de uma vitória que será conquistada com o suor, força e orações de todos vocês. E em meu solene juramento a este reino farei de tudo para proteger minha família e meu povo. A minha vida já não será mais minha, mas sim de meu povo. Assim que o rei proferiu essas palavras. Todos os guardas o repetiram em voz alta como se fossem um só. -A minha vida já não será mais minha, mas sim de meu povo. Após uma pausa de silêncio o som ensurdecedor das hélices dos helicópteros que se aproximavam preencheu o saguão. Olhei para onde Cassian estava e avistei seus olhos pousados em minha direção. Assim que me viu observando-o ele baixou seus olhos deixando um traço de aflição. Mas logo levantou seu rosto na direção da saída transformando sua expressão aflita a uma de suas mascaras frias. Os guardas a sua frente começaram a andar e sons de trompetes tocavam em sinal da partida para a luta. Cada passo que Cassian dava em direção ao helicóptero me deixava mais angustiada. Cassian havia feito sua escolha, e eu a minha. Dei as costas para ele e segui para o meu serviço como todos outros dias, deixando para traz apenas familiares que poderiam ficar até a partida de seus maridos, filhos e irmãos que iam para onde a escuridão e o medo permaneciam. O quarto do príncipe estava vazio nem os guardas que me incomodaram outro dia estavam ali. Sozinha tentei pensar em algo para fazer, mas o som dos helicópteros grandiosos e azuis escuros ligando desviaram minha atenção. Sem me preocupar com meu serviço sai para a sacada do quarto com o coração na mão. A grandiosidade do que estava acontecendo não havia me atingido até agora. No pátio estavam parados sete grandiosos helicópteros que logo se juntariam a centenas de outros que já preenchiam o céu, cada um representando a cor de seu reino. Assim que todos os guardas de Gade estavam acomodados. Os helicópteros um por um começaram a acelerar suas hélices para voar. -E então você tem alguém por esperar voltar? Sequei uma das minhas lagrimas que havia derramado sem perceber. E olhei para o lado surpreendendo-me por Matthew estar lá com uma pergunta que me fez pensar. Será que Cassian depois disso tudo iria merecer eu o esperar? -Bem creio que as suas lagrimas já lhe entregaram. –disse Matthew antes que eu o pudesse responder. -Não. Não é isso, é apenas um amigo, bem meu ex-amigo. Matthew assentiu mais logo voltou a olhar os helicópteros que partiam. Foi então percebi que em seu olhar estava estampado um desejo. O desejo de ter ido junto. -Por quê? Porque você está aqui? Por que não foi junto. –sem conseguir segurar minha língua, enchi Matt de perguntas. Após sua atenção dos helicópteros ser desviada a mim, Matt pareceu ficar desanimado. -O rei me acha muito valioso para querer levar seu príncipe herdeiro junto. –Respondeu irônico olhando para os helicópteros que iam embora no céu. –Eu queria ir, sei muito bem me defender e defender os outros, fui treinado para isso! –Gesticulou ele com fúria estampada em seu rosto enquanto entrava em seu quarto. –O mesmo treinamento que cada um desses guardas recebeu eu também recebi, alias sou melhor do que eles, pois recebi mais instruções, sou mais inteligente e sei muito bem planejar um ataque em uma batalha. Tentando o acalmar disse: Acredito em você, acredito que é capaz, mas se seu pai... Quero dizer o rei escolheu assim você deve aceitar. -Não Aurora! –Disse ele cravando seus dedos em meus braços. –Não, você não deve aceitar sempre fazer o que um rei manda você fazer! -Matt. –minha voz saiu tremula. –V ocê está me assustando. Ao se tocar que suas mãos estavam grudadas em meus braços, seu aperto se afrouxou. Ele se virou, chutou uma de suas botas que estava no chão. -Me desculpe Aurora. –Matt voltou com um olhar carinhoso para minha direção. –Desculpe nuca foi minha intenção lhe machucar. -Não foi nada. –mas ao olhar para meus braços avistei um pequeno arroxeado manchando minha pele branca. -Como não! Eu sou um monstro olha o que eu fiz. –Matt se aproximou e olhou mais de perto meu braço. –O que eu posso fazer? Onde tem álcool, agua oxigenada, aquele kit de primeiros socorros. Aurora! Me desculpe? -Calma não foi nada, minha pele é fina e só de encostar às vezes fica roxa. –tentei acalma-lo enganando-me e o enganando, pois meus braços doíam sim um pouco no local as marcas manchavam minha pele. -Perdoe-me. –Matthew se aproximou de mim e me abraçou. –Irei compensa-la por isso. V ocê poderá escolher... –deixei de prestar atenção no que o príncipe dizia distraindo-me com meus pensamentos. Bem que ele poderia me recompensar com beijos. Ou com uma cesta de chocolate e beijos. Uau isso seria uma maravilha. -E então qual opção você prefere? –escutei o príncipe dizer ao sair de minha caixinha de pensamentos e voltar para vida real. -A primeira opção serve. –Sorri sem saber qual opção escolhia. -Ah! –ele suspirou. –Sabia que você escolheria dez vestidos novos ao invés de um passeio comigo. Ai como fui burra!!! Por que sou assim distraída. Eu deveria me concentrar mais com o que o príncipe fala do que com seus músculos fortes ao meu redor e com meus pensamentos sobre beija-lo. – Antes que ele me corta-se e me disse-se que meu silencio era um sim para sua proposta, eu ofereci outra proposta que para mim parecia mais atraente. -Bem na verdade eu preferiria apenas um vestido novo em vez de dez, e em troca dos nove gostaria de poder ter sim um passeio com você, nem que seja para ver o labirinto. O príncipe sorriu e beijou minha bochecha. –Aceito sua contraproposta. E, aliás, hoje seu serviço em meus aposentos será desnecessário. Então a libero para ir até as costureiras do palácio, onde poderá pedir que costurem seu novo vestido. Matt foi até sua mesa de trabalho e escreveu algumas linhas em um dos papeis que estava em uma agenda preta e depois me entregou. -Entregue a elas, quando chegar lá. -Obrigada. Sou muito grata por isso. -fiz reverencia e sai do quarto sorridente até chegar muito perto do saguão de costura onde me esbarrei em alguém de quem gostaria de evitar por dias. -Olá Roza! –eu disse com a voz fria. -Olá Aurora! –respondeu ela secamente enquanto nos encarávamos com fúria. Antes que pudéssemos discutir em público a supervisora de Roza surgiu. -Algum problema meninas? –falou a mulher ao nosso lado. -Nenhum problema, somente esbarei em Roza enquanto seguia em direção ao saguão de costura a pedido do príncipe. –Fuzilei Roza mais uma vez com o olhar e sai do corredor, pois sabia que poderíamos ser suspensas do emprego por causar confusão em horário de serviço. E eu agora mais do que nunca queria poder estar a serviço. . . . . -Olá! Deseja alguma coisa? Ao olhar para o lado encontrei a mulher gravida que havia se despedido pela manhã de seu marido chamado Harold. -Olá! Eu gostaria de mandar fazer um vestido. –Respondi.

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