Capítulo 7

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AURORA
Felizmente meu travesseiro nesta manhã não estava encharcado de lágrimas. A carta que Cassian me deixará fez-me acalmar e refletir em quem devo ou não devo confiar. E uma dessas pessoas é Roza que com certeza não é de confiança. Roza sempre foi alguém que compartilhava comigo tudo, bem pelo menos eu pensava assim, nunca havia imaginado que ela poderia ser venenosa como realmente era. Cassian ainda estava longe e o palácio não recebera noticias ou pelo menos não repassara noticias de como estavam suas tropas. Estava ansiosa para chegar ao quarto do príncipe para ao mínimo tentar arrancar alguma informação dele que pudesse me dizer de como Cassian, quero dizer os guardas do palácio estavam. ...Como eu fui deixar Cassian ocupar tanto assim minha cabeça. – Pensei. Toc Toc Toc. Ao escutar as batidas na porta de meu quarto levantei-me em um pulo e logo cai no chão por enroscar um de meus pés no cobertor. Levanteime ajeitando meu cabelo que estava sob meus olhos e abri a porta colocando somente uma fresta de meu rosto para ver quem estava no corredor. Bom dia Senhorita! –Falou galantemente um dos guardas que já havia conhecido no dia que o rei havia me chamado para ir ao seu escritório. -Bom dia Guarda Fills. O que lhe faz me visitar está hora da manhã? Guarda Fills que era um jovem muito parecido com Cassian, de olhos negros e cabelos castanhos com um porte forte nesta hora corou. Segui em direção para onde seus olhos estavam voltados. ...Minha camisola. – conclui ao ver que havia deixado a porta se abrir excessivamente deixando-me exposta em minha camisola de dormir. -Desculpe-me espere um pouco. –antes que ele arregalasse mais os olhos e ficasse mais corado fechei a porta. Fui até meu armário e em menos de três minutos estava já vestida para o trabalho. V oltei correndo até a porta, que agora poderia abrir sem ter problema algum. Guarda Fills estava escorado na parede com os braços cruzados. Sai para o corredor e encostei a porta atrás de mim. -Bem. –falou Fills ainda meio tímido. –Eu estou aqui para entregarlhe um recado de Cassian. -Cassian! Que bom! –pulei de alegria. Fills entregou-me o envelope.
AURORA chegamos bem..

E fez um comentário não muito atraente. -Fico feliz que você tenha recebido um recado do seu namorado com tanto animo, acredito que Cassian ficará feliz ao saber sua reação. –disse ele com um sorriso sarcástico em suas feições. -Ele não é meu namorado. –respondi irritada. –E já que você é o garoto dos recados então você poderia fazer um favor para mim. Corri para dentro do quarto e entre meus rascunhos de desenhos que estavam em minha mesinha. Peguei o primeiro papel que estava em minha  frente e escrevi um recado.

Cassian você está por enquanto perdoado , mas fique sabendo que não ficará impune dessa encrenca.
De sua amiga AURORA.

F

iz questão de acrescentar a palavra AMIGA em minha despedida da carta. Pois não confiava que Fills manteria a carta fechada até entrega-la ao mensageiro do palácio, e não queria que mais comentários perpetuassem entre os guardas do palácio dizendo que Cassian era meu namorado. Imagina! –pensei. –Eu e Cassian, ele é só meu amigo bem gostoso, nada mais! – Bati em minha cabeça da onde eu tinha tirado essa palavra, eu nunca havia pensado nele assim. Revirei em minhas gavetas até achar um envelope que sabia que tinha e coloquei a carta dobrada dentro e a entreguei a Fills que saiu com um sorrisinho pretencioso em seu rosto. Sabia que ele leria carta se não, não estaria com aquele sorriso. Mas fiquei tranquila, pois não havia escrito nada que me comprometesse naquela carta. ...A carta de Cassian! –lembrei-me da carta que Fills havia me entregado. Corri até minha cama e a abri sem me importar com o envelope. Virei o papel do avesso, mas eram essas as únicas palavras. Deixei meus ombros caírem de desanimo. ...Bem pelo menos agora sei que ele chegou bem. –nem mesmo esse pensamento me fez deixar que minha curiosidade passa-se. Cassian era incrivelmente bom com as palavras e mesmo com apenas quatro delas ele conseguia me atormentar mais do que se eu não soubesse nada sobre ele. Minha curiosidade agora estava mais aguçada do que nunca, e eu queria que ele tivesse se esforçado mais e contado a mim mais sobre o lugar de onde estavam, que de acordo com o estudo que recebi era o lugar conhecido por sua produção agrícola, e por suas fortes Usinas de cata-ventos (eólicas) que produziam energia para maioria dos reinos sem degradar ao meio ambiente. Este Reino que para mim ainda não era conhecido se chamava Reino de Aser. .... O café da manhã havia sido tranquilo nem Roza nem Clayre sua nova amiguinha, haviam aparecido. Nada de mais havia acontecido. Bem pelo menos nada demais havia acontecido até que ao chegar a frente ao quarto do príncipe me deparei com a porta trancada. Sem saber o que fazer, e sem ter a quem perguntar, sem ter outra opção peguei o molho de chaves que havia recebido e sem perder tempo destranquei a porta. Já dentro do quarto dei alguns passos tranquilos em direção ao meu carinho de utensílios domésticos, para começar meu serviço. Mas logo o que vi me deixou paralisada. Fortes músculos bem definidos enrolados em uma toalha. Sem querer ver e sem querer deixar de ver, era o príncipe que estava assim a minha frete. Matthew secava seus cabelos enquanto vinha a minha direção sem me enxergar. E antes que eu pudesse fazer algo o príncipe já começava a abrir o nó de sua toalha. Um gritinho agudo saiu de minha boca. E com toda a habilidade que sabia que ele tinha, e antes que o pior acontece-se ele segurou firme sua toalha. Tentei me mover mais a visão do peito nu do príncipe me deixou extasiada. Suas curvas eram bem salientes, mas pareciam absolutamente duras como uma pedra. ...Será que ele deixaria toca-lo naqueles músculos fortes de seu braço? Com certeza não! Aurora pare de pensar essas coisas. Pisquei algumas vezes meus olhos e tentei desviar minha visão para o lado, mas o olhar do príncipe me prendeu antes que pudesse não mais olhá-lo. Um sorriso presunçoso apareceu em seu rosto, me deixando confusa e com a sensação de que algo estava acontecendo de errado. -Bom dia! –falou o príncipe para quebrar o gelo. Sem conseguir falar nada, apenas acenei com a mão como uma débil mental. E então com muito esforço me virei e deixei de admira-lo. O príncipe sem perder tempo foi até seu closet e saiu de lá já com seu traje de real. Sem olhar para ele comecei a fazer meu serviço. Não sabia se minha face ainda estava ruborizada, pois as imagens das mãos do príncipe na toalha ainda passavam por mina cabeça. V oltei a tentar me concentrar mais ainda em minhas tarefas, mas isso havia quase se tornado impossível com o cheiro do perfume do príncipe no quarto. -Bem Aurora. –falou Matthew quebrando o insuportável silêncio que prevalecia no quarto. – Hoje terei de fazer algumas ligações em particular em meu quarto, então terei de pedir a você que mantenha sigilo do que eu disser aqui esta manhã. –Disse ele calmamente sem deixar vestígios que houvesse ocorrido algo estranha ainda há pouco. -Sim. Claro minha boca é um tumulo. –respondi ainda acanhada. -Creio que sua boca está mais para uma das dez maravilhas do mundo do que para um túmulo. – disse Matt com um sorrisinho divertido em seu rosto. Antes que o príncipe acha-se que eu era alguém vulgar. E que aceitava elogios baratos comecei logo a falar, não podia deixar a situação como estava o dia todo. -Olha Matt você não precisa ficar me elogiando tanto. E desculpa por eu ter entrado quando você estava ai de toalha. Quase sem roupas e todo sensual na minha frente, passando a mão em lugares indevidos que eu não deveria enxergar. –Eu não sabia o que a porta trancada significava. Então eu apenas usei o molho de chaves que recebi para entrar. Eu apenas queria começar a trabalhar. Não era minha intenção vê-lo desta forma. Incoerente que na verdade quer era muito atraente para mim. -Sem problemas eu já sabia que isso poderia acontecer. Suzane um dia até me viu pelado. –falou o príncipe sem prestar muita atenção no que dizia por estar mexendo em alguns documentos. Uma imagem do príncipe nu inventada por mim passou por minha cabeça. Ao perceber que eu estava com a cara estranha o príncipe se tocou do que havia dito. -Bem! Sabe. –falou sem jeito. –Quando eu era criança não gostava muito de banho então às vezes fugia para quarto. E foi em uma dessas vezes que Suzana me viu. Sem segurar o riso gargalhei. –Sério nunca pensei que alguém da realeza não gostasse de estar intocável e limpo desinfetado de qualquer bactéria. Ele caiu no riso comigo e suas gargalhadas eram tão graciosas como ele. -Então você realmente não me conheceu quando eu era pequeno. -É. Eu não podia chegar perto da família real quando eu era pequena. –falei um pouco desanimada. Percebendo meu desanimo Matt me chamou mais para perto então pegou em minha mão. E com um olhar carinhoso me disse. -Bom. Agora você pode chegar perto. Ri com seu esforço para me agradar. -Sua risada é linda sabia? Matt se atreveu a passar um de seus dedos em minha bochecha. Esse carinho me fez sorrir mais ainda. -Aurora seu sorriso é sincero como sua humilde alma. Faz tempo que não escuto uma risada assim. –Disse Matthew possuindo um leve brilho em seus lindos olhos verdes. -Bem acho que deverei então começar a cobrar mais vestidos para que você escute mais da minha risada e veja mais o meu sorriso. –brinquei. -Então darei a você quantos quiser. –respondeu-me lançando um olhar charmoso. Onde eu estava me metendo. Soltei a mão do príncipe. E me desvencilhei de seu olhar. Cassian iria me desaprovar por estar assim perto de alguém da realeza. ...Por que maldições eu estava pensando agora em Cassian!
-Aurora! –chamou o príncipe para que o olhasse novamente. – Falando em vestido. Quando seu vestido estiver pronto me avise para marcarmos nosso passeio. -Sim avisa... -Que passeio? –Cortou uma voz fina por de traz de minhas costas. Era Lena a princesa quem estava ali. Parada ao lado da porta com suas mãos em sua cintura e com as sobrancelhas arqueadas. O príncipe sem perder tempo levantou-se e foi cumprimenta-la. –Que bom revê-la princesa Lena. ...Só se for para ele por que para mim não é bom vê-la. –Pensei. Ao escutar isso Lena deixou sua coluna mais ereta do que nunca e abriu um sorriso falsificado no rosto perfeitamente maquiado. –Meus comprimentos Majestade. –Disse ela ao abraçar o príncipe mais tempo do que devia. -O que lhe faz trazer-me a sua maravilhosa presença aqui esta manhã? –perguntou Matt todo educado. -Bem gostaria de lhe chamar para me acompanhar até a cidade auxiliando-me em uma compra, na verdade queria comprar um presente para meu tio preferido. –Lena parou de falar e olhou para o alto pensativamente. –Eu gostaria de dar algo de caça ou pesca eu sei que você entende bem disso. Matt ao escutar isso desfez seu sorriso. Mas logo olhou novamente Lena com animo. -Desculpe-me mais esta manhã estou muito ocupado. Infelizmente não poderei lhe acompanhar. Mas posso resolver seu problema. Saindo de perto de Lena o príncipe caminhou até uma de suas estantes de armas e de lá retirou uma bela Balestra Dourada. Lena ao ver a arma abriu os olhos com espanto. -O que é isto? Ri baixinho ao escutar isso. –Lena não sabia o que era uma Balestra! Lena olhou para minha direção mais logo desviei de seu olhar, e continuei a trabalhar ainda escutando toda conversa. O príncipe com toda educação e paciência explicou que a Balestra era uma arma mecânica que atirava flechas. –Não é uma arma muito pratica. –Continuou dizendo. –Mas ela é uma boa opção em uma caçada. Ao terminar de passar o espanador em sua mesa. V oltei a olhar novamente para o príncipe. Mas nessa hora não tive como conter eu cai na risada. Matthew mirava e apontava a arma desarmada em direção do coque bem arrumado de Lena. Lena me fuzilou com os olhos, e pegou a arma do príncipe e falou meio desapontada. -Está bem. Eu aceito leva-la. Mas preferia ter ido às compras com você. -Eu já lhe expliquei Lena eu estou muito ocupado.
-Eu sei como você está ocupado! –Lena deu as costas ao príncipe e saiu do quarto parecendo irritada. -Ela nem agradeceu. –deixei escapar. O príncipe que parecia triste e preocupado olhou para mim novamente. –Bem é meio típico dela sabe! -Não eu não sei. –respondi. –Ela acabou de sair com uma arma sua que deve valer mais do que 100 salários meus e nem agradeceu. Se fosse eu nem teria aceitado algo assim. -Se fosse uma princesa saberia que aquela arma não vale quase nada para os padrões de vida de alguém da realeza. -Então acho que você deve rever seus padrões de vida. Pois com valor que tem aquela arma muita gente poderia se alimentar por mais de um ano. O príncipe abriu a boca para falar algo, mas logo se conteve. Então de cabeça baixa saiu do quarto sem dizer para onde ia me deixando sozinha. As horas seguintes foram entediantes. O quarto do príncipe mesmo parecendo uma suíte gigantesca sem fim era fácil de limpar e organizar. E em pouco tempo de serviço eu já estava pronta. Sem o que fazer sentei-me ao sofá e comecei a ler um dos livros que Matthew havia deixado sob uma das estantes de seu quarto. Mas antes mesmo de chegar ao quarto capítulo a exaustão dos dias anteriores mal dormidos me atacou. Meus olhos se fecharam e ficaram assim por um bom tempo como se estivessem selados. Sonhei. ...Cassian e Matt estavam lutando com espadas. Seus corpos estavam cheio de feridas que sangravam. Não conseguia distinguir os sons que saiam de suas bocas, talvez fossem insultos. Após varias tentativas de ataques e defesas. Não suportei e corri em meio aos dois, onde as duas espadas se enfrentavam. Mas antes que uma lamina me cortar-se, eu... -Escolha. –escutei a voz do príncipe que falava ao telefone. -Merda eu dormi no trabalho. Eu nunca havia feito isso. –pulei do sofá como se estivesse prestes a ganhar um ataque de coração. E agora! –me preocupei mentalmente. –O príncipe vai me mandar embora. Olhei em direção ao príncipe e imediatamente corei, eu sabia que estava errada. O príncipe ao invés do que achava não parecia nem um pouco desaprovador. Ao contrário estava sorrindo olhando para mim enquanto ainda falava no telefone. -Que bom, fico lisonjeado que tenha me permitido ser seu companheiro. Ao escuta-lo dizendo essas palavras o sonho anterior voltou a mim junto de muitas perguntas. Cassian e Matthew os dois lutavam até a morte. Mas eu estava lá! Por que será que eles brigavam? Será que seria por mim? E se fosse para escolher entre eles, quem eu escolheria? Antes que pudesse pensar mais nessas nestas questões que me afligiam. Matthew desligou seu telefone e veio até mim. -Então a Bela Aurora Adormecida acordou? –corei mais ainda ao escutar isso. Com toda a vergonha que sentia por ter dormido em serviço eu não consegui o responder. Matthew percebendo isso se aproximou mais de mim. -Não fique assim bela Aurora. Eu poderia ter te acordado antes se eu quisesse alguma coisa sua e pode deixar ninguém além de mim ficará sabendo disso. –Matt piscou para mim. -Desculpe. Eu simplesmente não sei o que aconteceu. Eu nunca havia feito isso antes em meu trabalho e olha que antes eu tinha que fazer mais esforço do que agora. E seu quarto é tão pequeno comparado a todo castelo, que eu acabo limpando-o em pouco tempo e depois isso acaba se tornando entediante ficar aqui dentro o tempo todo. O príncipe me examinou por um tempo. –Então vamos dar um jeito deste quarto ser menos tedioso. Ou melhor. –Complementou. –Talvez você possa ir comigo. -Ir aonde? -Ir até onde meu pai está! -Mas como? V ocê conseguiu liberação para ir agora? -Consegui. E consegui por que, disse ao meu pai que meu desejo de proteger as outras pessoas é maior do que o desejo de proteger a mim mesmo. E que daqui do palácio eu não posso contribuir como contribuiria em campo.

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