●•Prólogo•●

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Estava no bosque, deitada numa rocha, rodeada de árvores altas e de tronco duro do lado esquerdo. Do direito encontrava-se um precipício, com uma linda cascata que dava para um rio de água clara e límpida. Apenas se ouvia o correr da mesma e os pássaros a chilrear, pois do outro lado o meu companheiro já se havia ido embora.

Ia para ali sempre que precisava de estar sozinha ou não tinha mais nada que fazer, o que acontecia com frequência. E sempre dava de caras com o mesmo lobo do outro lado. Que algumas vezes uivava na minha direção.

Era o meu único amigo, se é que lhe posso dar esse título.

Não queria abandonar este sítio. Mas tinha que o fazer porque era hoje. Era hoje que tudo iria mudar.

Estava nervosa e queria ficar ali naquele pequeno paraíso até tudo passar e a noite cair e a Lua me iluminar o caminho para casa, através das sombras do bosque.

Ouvi o barulho crocante das folhas secas no chão, alguém se aproximava. Olhei por cima do ombro e vi-o.

"Ainda aqui?" O meu pai perguntou.

Deveria estar ali à umas boas 2 horas.

"O que é que te parece?" Respondi revirando os olhos.

"Pára de refilar e anda para dentro". Estava na altura de ir. "Tens visitas."

Isso pareceu chamar-me a atenção. Eu sabia que era ele.

Levantei-me e corri para casa, chegando primeiro que o meu pai.

Abri a porta de rompante.

"DEREK" Gritei agarrando-me a ele.

"Pronta?"

Não lhe respondi. Porque eu não me sentia pronta. Na realidade não queria ir.

Precisava da aprovação da minha mãe. O seu apoio. Ela sempre foi um exemplo para mim. Mas com esta proposta ela ficara bastante zangada.

Desde da nossa discussão - ontem - que não a vejo.

O meu pai pegou nas minhas malas e saímos de casa, caminhando até à pequena estrada.

Esperava-me uma carrinha preta com vidros fumados.

"Cuida de ti." O meu pai abraçou-me. "Prometo que nos vamos ver algumas vezes."

Dei-lhe um beijo na bochecha e logo entrei no carro. Eww despedidas.

E assim percorremos a serra e entramos na cidade, onde passamos um portão, onde se podia ler "Shadows".

Só ai a minha vida realmente começou: Fui à escola. Fui treinada. 'Fiz' amigos - na verdade não foram quase nenhuns, na verdade não foi nenhum. Os mais velhos apenas gozavam por ser a mais nova.

Nunca mais vi a minha mãe. E o meu pai, apenas o vi num único dia que prefiro não relembrar.

Então quando queria chorar e organizar as ideias, escava à segurança e voltava às origens, ao bosque, ao Lobo. À lua. Às verdadeiras sombras, que não aquela organização onde apenas usavam o seu nome.

Into The ShadowsOnde histórias criam vida. Descubra agora