IV - •● Moon, Stars & Cigarettes ●•

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Aconselho a ouvirem All Of The Stars do Ed Sheeran, está na multimédia. ♡  Vejam também a imagem ;)

Boa leitura >>

Abri os olhos. Escuro.

Sentia o respirar de Derek a meu lado, ou talvez fosse a minha própria respiração, porque isto que oiço é demasiado rápido para alguém que deve estar a dormir.

Estou no lado oposto da cama, relativamente a Derek, que mesmo assim mantém a mão por cima da minha cintura. Estou de costas para ele.

Para além da respiração pesada ouve-se também um batimento ritmado e acelerado. O meu coração.

Não me lembro de ter tido algum sonho ou pesadelo, mas de certo que tive, senão o meu corpo não estaria a reagir assim.

Tento voltar a acalmar-me, fechando os olhos e respirando fundo, tentando ao máximo ritmar a minha respiração com o ser deitado a meu lado. Mas não consigo.

Os meus batimentos ressoam pelos meus ouvidos, pelo meu corpo, pelo colchão, por todo o quarto.

E não aguento mais esta agonia.

Levanto-me rapidamente, sentando-me na cama, só depois me preocupo com a possibilidade de ter acordado Derek, mas não, ele não se mexe.

Saio do quarto dele e entro na porta do lado, no meu quarto.

Abro as gavetas desesperadamente, na tentativa de encontrar o que procuro, que nem sei o que seja, mas o meu corpo insiste em movimentar-se sozinho, como se não me pertencesse.

Derek disse que me tinha trazido tudo o que pensava que eu viria a precisar. Tem de estar aqui. Tem de estar.

Sinto-me como uma lunática e obrigo-me a parar.

Estática, a olhar para as gavetas desarrumadas, tento concentrar-me no procurava com tanta ansiedade.

Cigarros.

É horrível estar-se dependente de algo ou alguém. No meu caso, é um algo, melhor que um alguém, mas triste na mesma.

Volto a procurar. Será que ele mos trouxe?

Vi então uma caixa vermelha e agarrei-a como se da minha vida se tratasse.

Não me podia sentir mais estúpida neste momento. Uns cigarros a controlarem-me.

Mas não consigo evitar, está a dominar-me.

Fico alguns minutos a observar o maço.

Sim. Não. Sim. Não. Sim...

Tiro um e fecho a caixa, arrumando-a na gaveta. Olho para o sítio onde o maço se encontrava e vejo um isqueiro. Pego nele e dirijo-me para a janela do quarto, oposta à porta, com extremidades em madeira.

Observo a noite lá fora, como está calma, sem qualquer movimento, qualquer sinal de vida. Tal como Will.

Para afastar o seu nome da minha cabeça levo o cigarro à boca e acendo-o, respirando fundo em seguida. Uma sensação de satisfação percorreu o meu corpo.

Eu devia mesmo deixar de fumar. Mas levo o cigarro à boca novamente.

O fumo acumula-se contra a janela, abro-a e ergo-me para me sentar no seu parapeito, deixando-me levar pelo tempo, que parecia inerte, tal como tudo o resto.

Penso em como as coisas ficam diferentes à noite. A beleza de que eram feitas durante o dia parece desaparecer e ser trocada por algo sombrio, cheio de segredos que se esforçam por não ser descobertos.

Into The ShadowsOnde histórias criam vida. Descubra agora