Autora falando
Esse capítulo é ponto de vista de Catra e envolve uma série de flashbacks (e muito angst tbm, divirtam-se)
Boa leitura <3
Fim da autora falando
***
Estava frio naquela noite, e esse foi o motivo da reunião forçada do grupo em volta de uma fogueira dentro daquele prédio abandonado que já não tinha mais energia há anos. Os sacos de dormir, cobertores e colchões rodeavam a única fonte de calor. Única mesmo, porque o humano, do abraço, do gesto, esse ninguém nunca pôde contar. Catra convivia com esse grupo há quase 4 anos e o liderava há 2. Antes de chegar ali, havia passado por muitos lugares, alguns intragáveis, outros menos pior. Nenhum bom. Conviveu com todos os tipos de seres de inúmeras personalidades. Nenhuma boa. Se um dia fosse tentar acordar e não conseguisse mais, honestamente, ficaria agradecida.
Estava sentada com os joelhos apoiados na altura do peito e com um cobertor jogado em seus ombros. Em silêncio, fitando o movimento das chamas, ignorando os barulhos ao fundo. Aquele dia foi insano para Catra. Recebera um recado dos altos comandos da Horda para que colocasse seu grupo para agir, já que era um dos únicos a não reportar tarefas e conquistar territórios. Resolveu pôr os poucos que restavam da tropa à ativa, indo atrás de suprimentos, sobreviventes para aprisionar, entre outras coisas que fazia copiosamente em sua monotonia irritante.
A parte da monotonia, portanto, não se fez presente por hoje. Não depois de chegar atrasada na própria batalha que planejou e encontrar a última pessoa que imaginaria rever na vida. A experiência foi insana. O que era aquilo de se tornar praticamente uma amazona brilhante de cabelos que voam mesmo quando não há um sinal de vento por perto? Esse era o experimento She Ra, afinal?
Até nisso Adora foi favorecida. Poderia ter se tornado uma híbrida de algum animal horrendo, mas não, tinha que parecer um ser mitológico que atingiu a perfeição em todos os seus aspectos. Faz sentido. Adora sempre foi o Hércules entre os pequenos Hades do orfanato. Era a preferida. E a mais irritante verdade é que foi também, por praticamente 9 anos da sua vida, a sua preferida.
– Pensei que fosse oferecer o seu pescoço e o de todos nós à loirinha que brilha lá – o sarcasmo soava desafiador na voz do humanóide reptiliano que acabara de sentar na frente dela.
– A mesma que só não te matou porque eu cheguei? – Catra respondeu à altura, deixando um sorriso de canto vitorioso expandir em seu rosto.
– Eu ia sair por cima, com certeza – ele respondeu enquanto cruzava as pernas e acendia um cigarro. – Ela te conhece, não é? Está na cara... Agora eu entendi porque prefere que te chamem de 3.2.2, não tem um nome muito bonito, não é, Catra?
No mesmo instante, a híbrida desviou da fogueira para alcançar as golas da jaqueta do outro e o puxar para mais perto de si de maneira ameaçadora.
– Escuta aqui, se eu ouvir você ou qualquer outra pessoa dessa merda de lugar me chamando por esse nome, não vou ter pena de matar! – A voz dela era tão firme que notou a reação de pavor já no olhar do outro integrante da Horda.
Como odiava aquele lugar, aquelas pessoas e não-pessoas. Fazer parte da Horda fora sua última opção e, mesmo assim, se arrepende de não ter deixado essa oportunidade passar.
Soltou o homem propositalmente o empurrando para trás e levantou para sair de perto antes que sua raiva a fizesse cometer um assassinato que estava em seus desejos mais profundos há anos. Olhou para trás sob um dos ombros.
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Experimento Apocalipse (Catradora)
Fanfiction"No fundo, não importa quem começou o que, mas para onde isso nos levou. De um lado, os que usam a magia e a habilidades híbridas para combater os líderes autoritários que nunca desistem de ter mais poder, conquistar mais territórios. Do outro, o im...