ALICE

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Sempre teve os pretendentes que quis.
Nunca deu ousadia a este serviçal.
Sugava suas paixões pela raiz.
Tinha em si a beleza do mal.

Uma mulher tão cruel quanto bela.
Pisava com arrogância em meu coração,
Que tolamente batia por ela.
Estava cego de amor e sem reação.

Atento aos caprichos de minha rainha,
Doando a ela toda minha existência.
Pena de mim nunca tinha.
Humilhava-me com insistência.

E o meu tolo coração sofria atordoado
Com o excesso de desprezo real.
Nunca por ela fui consolado.
Não conseguia fugir desse ritual.

Tinha prazer em sofrer por amor.
Era uma grande e idiota tolice
Ter com alguém tanto dissabor.
Até que um dia conheci Alice.

Irmã distante e bastarda
De minha cruel e linda rainha.
Alice é o oposto da sua irmã Amanda
Não é tão bela, mas é doce, meiga e sozinha.

Nunca viveu uma ilusão.
Sempre se dedicou aos estudos da pintura.
Na sua vida sempre evitou confusão,
Mesmo retratando-a em sua gravura.

Tinha em seu sorriso eterno feitiço
Um encanto de mulher de singelo esplendor.
Agora é ela quem cobiço,
Para ser quem sabe meu amor.

Certo dia eu presenciei sua nudez
Nos seus aposentos. Pedi-lhe perdão.
Queixa de mim a rainha não fez,
Pediu-me apenas discrição.

O tempo passou e meus olhos
Não esqueceram o ocorrido.
E pude amá-la nos meus sonhos
Num enlace de amor merecido.

Harém da SaudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora