Señorita

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Os raios de sol começaram a espreitar pelas frestas da cortina no quarto de Diego, despertando Mavis que estava totalmente sonolenta na cama.

Mavis pensou na ideia de ficar de bobeira pelo resto do dia, faltando a aula e esquecendo que tinha tios malucos, mas fugir das responsabilidades não era do feitio da loira, que não demorou para levantar, fazer a higiene pessoal necessária e arrumar sua mochila para a escola.

Optou por usar uma saia xadrez rosa, uma blusa branca de botões e botas bege. Seu cabelo preso em um coque bem malfeito. Estava perfeito para quem tinha acabado de quase morrer.

Desceu até a cozinha, pronta para tomar um café da manhã tranquilo, quando se deparou com Luther que tomava uma xícara de café absorto em seus próprios pensamentos.

Mavis não sabia ao certo se queria diálogos com o mais velho, ela considerava tanto a opinião dele quanto a do pai. Respeitava ambas e procurava não se meter, até porque ela não conviveu com o velhote. – Meu pai apareceu? – questionou sem nem olhar para o tio, passando direto para procurar alguma coisa para comer.

– Não, ele não apareceu – Luther responde, parecendo surpreso ao vê–la.

Suspirou. Onde seu pai estaria? Não podia ser tão irresponsável ao ponto de deixar a garota só, sem ter como ir para a própria escola. – Olha... – assustou ao escutar a voz de Luther tão perto, virou de uma vez e constatou que ele havia se aproximando. – Você foi corajosa ontem.

Mavis sorriu sem graça.
– Obrigada.

– Puxou isso de Diego, com certeza – manteve o falso sorriso, não sabia ao certo o porquê de ter feito aquilo, talvez fosse o seu instinto inexplicável de defender as pessoas da própria família.

Cresceu ouvindo que família era o mais importante, o porto seguro e nada poderia abalar ou destruir isso. Mas é claro que ouvia isso da família materna, já que nunca tivera contato com seus tios malucos. – Obrigada, eu teria feito isso por qualquer um da família – Luther pareceu se agradar da fala da mais baixa.

Na verdade, Mavis se sentia minúscula diante de Luther, e queria ter notado isso antes para não parecer tão intimidada. O mais velho estendeu a mão, fazendo Mavis sorrir e abraça–lo. – Está tudo bem, grandão. Diego gosta de você, bem lá no fundo – Luther riu sem graça, não era acostumado a demonstrações de afeto.

Se desvencilhou da loira discretamente e agradeceu, indo embora logo em seguida.

– >>> –

Cinco tinha um plano que não o agradava muito. Mas se fosse para salvar o mundo, ele machucaria um pouco o orgulho. Entrou na academia em passos lentos e expressão fria, pensando que teria que acordar Mavis, o que parecia ser desagradável, sabia como poderia ser o humor das mulheres pela manhã.

Quando escutou a voz já conhecida vindo da cozinha, sorriu de lado. Andou em sua direção e se encostou no batente da porta, a observando.

O sol batia contra Mavis, dando ao seu cabelo uma áurea dourada e insuportavelmente angelical. Estava de costas, cortando o que parecia ser morangos e cantarolando algo que Cinco não reconheceu, nem se surpreendeu com isso.

Uma parte da letra lhe chamou atenção "I love it when you call me señorita", sorriu mais alto.

E por mais que a voz irritante no fundo de sua mente o chamasse de patético, não foi o suficiente para cortar o efeito que a garota trazia. Agora ela colocava as frutas no liquidificador, a fim de fazer uma bebida ou algo do gênero. E mais uma vez ela cantou. – I love it when you call me señorita.

Cinco disse sem pensar. – Tienes una hermosa voz, señorita – fez questão de saborear cada palavra, divertindo-se com o susto de Mavis.

Under My UmbrellaOnde histórias criam vida. Descubra agora