Shape of you

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Naquela noite Cinco se rendeu a exaustão. Quarenta e cinco malditos anos naquela droga de apocalipse, o medo de dormir e descobrir que tudo não se passou de um sonho, que ele ainda trabalhava para Comissão e ainda matava pessoas era enorme. Não admitiria nem se colocassem uma arma em sua cabeça, mas dormir se tornou tão mais fácil quando estava no corpo dela. Não teve nenhum pesadelo, como era de costume.

Acordou com dores por todo corpo e com um mal humor que não o pertencia. Levantou logo com um enigma: o que ele vestiria? Se recusava a vestir as roupas de Mavis, isso estava fora de questão para Cinco. Prometeu a si mesmo que pensaria nisso depois de uma boa xícara de café e então desceu até a cozinha.

Estava tão concentrado em fazer a própria bebida, que não percebeu quando Diego se aproximou por trás, beijando o topo de sua cabeça. – Bom dia, princesa – torceu o rosto na pior careta de nojo e virou bruscamente para o irmão.

– Não chega perto – empurrou o latino, que tinha expressões confusas.

Optou por não falar nada, achando que seria demais para seu irmão estúpido absorver.
– Ah, desculpa... E–eu tive um pesadelo – tentou ser convincente.

O homem suavizou as feições confusas. – E está tudo bem?

– Uhum – Diego desviou o olhar para o café. – Hija, está tomando café? – questionou ele. – Pensei que não gostasse.

– Eu decidi experimentar! E.. hmm que gostoso – o cortou em tom sarcástico, querendo sair dali o mais rápido possível. Estava agindo estranho e Diego percebia isso, quer queira ou não, ele ainda estava no corpo da filha dele. Deu o sorriso mais convincente possível e passou pelo mais velho.

Estava quase chegando a escadaria quando escutou.
– Mavis... – Diego chamara com desconfiança. Escutou os passos do homem atrás de si e então percebeu o que acontecia.
– Porque está com o pijama do Cinco? – de costas, o viajante se permitiu cerrar os olhos.

Tinha que achar uma resposta rápida e convincente, o que Cinco era muito bom em fazer. Mas não encontrava nenhuma explicação plausível para aquela situação.

Sentiu a mão de Diego o puxando com força. – Mavis, eu perguntei por que está com o pijama do Cinco – o tom de voz já começava a se alterar. Cinco manteve uma carranca de desprezo, contendo a vontade de fazer o irmão engolir o braço.

– Ele me emprestou – respondeu com obviedade, vendo Diego arquear a sobrancelha.

– Engraçado, Cinco nunca foi de emprestar – silêncio. – Talvez eu devesse perguntar para ele, o que acha? – arregalou os olhos, vendo Diego subir as escadaria rapidamente.

– Diego! – tentou chamar, acompanhando seus passos. O homem nem pareceu ouvir, tinha uma expressão de fúria estampado na cara. – Diego, espera! – tentou puxa-lo, mas o mesmo tomou seu braço de volta com brusquidez. – Não! Você fica calada – disse entredentes para "ela", apontando o dedo em um gesto repentino.

Foi até o quarto que sabia ser do irmão e quando não o encontrou lá, arfou de raiva e partiu para seu próprio quarto.

Assim que Cinco percebeu isso, um desespero tomou conta de si. – Diego, espera um maldito segundo! – exclamou, preparando-se para explicar a situação. Diego o olhou com um desprezo frio e abriu a porta. Se perguntou quando os gritos iniciariam e como ele explicaria o que acontecera. Mas nada foi ouvido, Diego encarava o quarto vazio. Cinco teve que segurar seu suspiro de alívio.

– Não acredito no que estava insinuando! – ralhou, falsamente indignado e verdadeiramente aliviado.

Diego entrou na defensiva o mais rápido possível. – Eu não estava insinuando nada!

Under My UmbrellaOnde histórias criam vida. Descubra agora