Aquele dia que não aconteceu

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Pela primeira vez em toda sua vida, Diego se encontrava sem palavras. Depois de ter que levantar em plena madrugada, com um garoto desconhecido ligando e avisando que Mavis estava passando mal na sua casa, ele repensava todas as escolhas de sua vida.

Na ida até a casa de Tom, imaginou mil e uma mortes possíveis para Mavis e para quem se metesse no meio. Mas, para surpresa alguma, o que ele encontrou foi uma loira chorona e sonolenta. Não precisou perguntar se a mesma bebeu, pois o cheiro forte a denunciava.

A arrastou até o carro de volta e dirigiu para casa. Mavis, por sua vez, estava calada. Nem um resmungo ou protesto, Diego achou que seria melhor assim ou ele acabaria explodindo. Granger encarava a janela fixamente, quando puxou ar para falar alguma coisa.

– Nem uma palavra...

– Eu só ia perguntar se podia colocar musi–

Diego a interrompeu, parando o carro e virando–se completamente para a mais nova. – Me escuta bem, Mavis, eu não quero te escutar, não quero ter ver respirar, bufar, revirar os olhos ou pensar! Você não faz nada, você não vê nada ou eu não respondo por mim.
– ela encolheu os ombros diante do olhar severo do pai.

– >>> –

Os raios de sol anunciavam outra manhã. Não que significasse algo bom, para Mavis, era um dia a menos para salvar o mundo. E por Deus, ela não se sentiam capaz de nada com a dor insuportável na cabeça.

Não abriu o olhos de imediato, optando por refletir nas memórias turvas de ontem. Conseguiu chegar a quatro conclusões: ela bebeu; falou merda: ficou chateada por Cinco ter sumido sem falar absurdamente nada; está de castigo.

Não necessariamente nessa ordem.

Pelo que se lembrava, devia estar na casa do pai. Abriu os olhos apenas para conferir que estava errada – estava na academia. O que deixou sua cabeça ainda mais confusa, quando pensou em levantar, alguém abriu a porta.

Era Diego, segurava em mãos um copo de algo desconhecido e um remédio para dor. – Você está bem? – perguntou.

Arqueou a sombrancelha, não sabia dizer ao certo. Bem ela não estava. – Um pouco... – sua voz saiu fraca e falha.

– Luther quer nos falar uma coisa importante – Diego anunciou encarando o chão.

Franziu o cenho, querendo apenas que a deixassem em paz. – Nada que venha do Luther me interessa agora – e depois da fala, se jogou para trás.

– Não foi bem um pedido – escutou a porta batendo com força depois disso.

Só então lembrou que estava na lista negra do próprio pai. Sem outras opções, fez a higiene pessoal e se pôs a procurar alguma roupa decente, já que suas roupas de ontem tinham cheiro de vodka.

E nada como o uniforme da academia para aumentar a sua humilhação naquele dia. Ela agarrou a saia antiga de Vanya com raiva e bateu os pés no chão como uma dispersão de frustração silenciosa e ridícula.

Chegou na sala da reunião, onde todos estavam amontoados perto do bar (óbvio) e rebateu os olhares surpresos com uma careta nada amigável. – Eu sou capaz de trocar esse álcool por alguma sanitária se ouvir alguma piada e eu estou falando com você Klaus – o tio citado já estava com a boca entreaberta para soltar alguma idiotice, mas se calou diante da ameaça. – Ótimo – bufou.

– Vamos focar, ok? – Luther começou, parecendo tomar coragem para falar o que tinha de dizer. – O mundo vai acabar em três dias – os outros se surpreenderam, soltando murmúrios de descrença.

Mavis apenas apoiou a cabeça na mão tentando se manter acordada, desejando que aquela palhaçada acabasse.

O "líder" logo começou a falar sobre tudo que Cinco havia contado, deixando os rostos dos irmãos ainda mais confusos.

Under My UmbrellaOnde histórias criam vida. Descubra agora