Onde anda você?

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– Então... – Amelia começou, deixando uma xícara com chá na frente da loira, que se encontrava sentada no balcão. – como está sendo os dias com o seu pai?

Mavis abriu a boca para responder, mas primeiro procurou uma forma melhor de expressar tudo. Não podia simplesmente contar que havia torturado, matado e roubado para a mãe, até porque tinha grandes chances dessa mesma não deixá-la voltar.

– Intenso – foi o que disse, vendo a mãe sorrir de forma relutante.

– E os seus tios, como eles são? – mais uma vez, Mavis se viu no processo de procurar um adjetivo apropriado para descrever.

– Excêntricos... – Amelia sentou do lado da filha, contemplando sua feição de desagrado.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou suavemente.

Mavis apertou a xícara com um pouco mais de força, levando-a até a boca para tomar tempo.
– Posso te pedir um concelho? – não esperou pela resposta, já que sabia que sim. – Quando você magoa alguém, o que se faz para resolver a situação?

– Pede desculpa – Amelia respondeu rápido com obviedade, já havia falado isso várias vezes para a loira.

– É, eu sei. Mas e se você souber que as desculpas não vão ser bem aceitas?

– Como assim?

– E se a pessoa que você magoou for teimosa, arrogante, prepotente, egocêntrica e tenha te magoado de volta? – ditou, encarando o chá.

Amelia fez careta, não imaginando alguém tão desprezível como amigo de sua princesa. – Bom, aí é complicado... – recebeu o olhar curioso da loira.

– Por que?

– Você pode arriscar se essa pessoa for importante para você – Mavis se viu surpresa, engolindo a seco, sem saber o que responder. – Essa pessoa é importante para você, filha?– e lá estava a pergunta de um milhão de dólares.

Encarou firmemente a xícara que carregava nas mãos, totalmente sem reação. – Não – tomou um pouco mais de chá.

Seu "não" saíra extremamente amargurado, fazendo a matriarca estreitar os olhos de desconfiança. – Olha, se me permite dizer, eu não acho que você estaria aqui me pedindo concelhos se essa pessoa não fosse importante – outro tiro, agora ela se via realmente sem ação. Olhou para a mãe de modo enigmático.

– Você acha? – viu a mais velha assentir e só pôde engolir a seco novamente.

Era agradecida por ter uma mãe como Amelia, que sempre procurava agracia-la com bons concelhos. Permaneceu calada, tomando mais um gole do chá, sabia que teria que voltar para casa do pai em uma hora, não que isso a incomodasse, era só que, em seu interior, desejava com todas as forças saber como Cinco estava.

De repente, o rosto do mais velho invadiu a mente de Mavis, que estremeceu ao lembrar da cena da noite passada.

– Oh, mamãe... ele é tão estupido! – choramingou, recebendo a atenção da mais velha.

– Ele? – ela não conteve o sorriso sugestivo.

– Sim, mas não me olhe com esse sorriso. Não é sobre isso que eu estou falando – então, acrescentou de sobrancelhas erguidas. – Também poderia ser "ela", no caso.

– Eu não estava pensando nada, querida – ela disse calmamente.

Bufou, levantando-se e girando os calcanhares pela cozinha. – Eu o odeio com tanta força! E não importa o que eu faça, ele sempre aparece para esfregar na minha cara o quanto é inteligente, maduro e confiante de si – brandava, fazendo gestos bruscos, e marchando pelo comodo. – "Você é patética" – tentou replicar a voz do tio, pondo as mãos na cintura.

Under My UmbrellaOnde histórias criam vida. Descubra agora