CAPÍTULO 9

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Vejo Iven levantar ela nos braços, desmaiada. Aigon para na minha frente e toca meu rosto.

- Está tudo bem? - bato no braço dele e me livro de seu contato.

- Não me toca! - grito. Ele levanta as mãos e recua.

- Como assim feliz Nox?! - Nox começa a chorar e fecho os olhos tentando me recompor. Sinto o gosto de sangue na boca e meu maxilar dói. Flora se aproxima e analisa meu rosto.

- Posso curar para você? Ela conseguiu fazer um belo estrago. - assinto. Flora sorri e estende as mãos em meu maxilar, sinto um formigamento e a dor aos poucos vai diminuindo.

- Todos para fora. - Faruk pede. Flora termina e se afasta, caminho junto com ela e Faruk impede. - Menos você Neyb. Ada permanece com Nox na sala e Faruk encara Iven. - Leve a princesa para um de nossos quartos. Flora, verifique se ela precisa de cuidados antes de ir para casa. - Flora assente e se retira. Assim que a sala de jantar está vazia, me sento e olho para Ada. Ela se desculpa com o olhar. Nox para de chorar e se senta no colo de Ada.

- Desculpa mamãe. - ele pede.

- O que mostrou a ela? - ela pergunta.

- Tio Neyb torturando o elfo que vai trair a coroa. - ele diz. Franzo o cenho.

- Como assim? - Nox me encara.

- Você machucava o elfo que vai tentar machucar ela. - olho para Faruk e ele sorri com amargura.

- Claro... - ele diz e se levanta. - Por que esse elfo vai tentar machucar ela? - Nox balança a cabeça.

- Não sei... - ele diz e olha para Ada. - Desculpe mamãe. - Ada o abraça.

- Está tudo bem querido. - ela diz e me olha com ternura. - Ela é forte né. - ela diz rindo e reviro os olhos.

- Ela é. - confirmo e acaricio meu maxilar, agora bem. Ada ri.

-Você também não foi bonzinho ao acertar ela. - suspiro.

- Juro que me segurei... Não queria machucá-la, mas a raiva era muita. - Ada assente.

- Acho que temos um grande problema aqui... Ela certamente te odeia. - sorrio.

- É mais fácil acreditar nessa parte da visão de Nox do que acreditar na que ele me vê com ela. - Nox sorri.

- Mas você vai estar com ela no baile. - ele diz. Me levanto e olho para Faruk.

- Vou para minha casa. - digo e Faruk assente.

- Acho que as coisas vão tomar dimensões que eu ainda não prevejo. - Faço uma carranca.

- Detesto fazer parte disso. Quero apenas paz. - digo e caminho para a porta. Faruk para ao lado da porta e me encara.

- Seja lá o que Nox viu e mostrou a ela... Não deixe o ódio te dominar. Não fique instável. - assinto.

- Sei me controlar Faruk. - digo e saio. Caminho pelo salão e vejo Yven se aproximando. Ele toca meu braço e me encara.

- Ela está dormindo... Deixei um guarda na porta do quarto dela e alguém vigiará as janelas. - tiro a mão de Yven do meu braço.

- Ela não é da minha conta Yven. - digo e olho para Pandora. Ela me olha de forma assustada. - O que é?

- Acessei a memória que Nox deu a ela... Você estava fora de si... Descontrolado. - Pandora me olha com certo receio. - Seja lá o que for que acontecer, não deixe...

- O ódio me dominar? Já me disseram isso. - passo por eles e aceno de costas. - Boa noite. - digo e saio do salão. Alço voo em direção a floresta verde e baixo perto de uma das grutas. Vivo perto de uma gruta com um lago dentro. Durante a noite a gruta fica completamente azulada por conta da água cristalina. Minha casa é ao lado do lago.

Entro em casa e preparo um banho quente. Subo e tomo um banho refrescante. Me deito na cama e encaro o teto. Acabo adormecendo pouco depois.

***

Acordo no dia seguinte sentindo minhas energias renovadas. Tomo um banho apressado e me visto, alço voo em direção ao castelo e assim que pouso, meu olhar puxa em direção aos estábulos. Vejo Morticia sentada no chão com o olhar distante, ela acaricia a crina de Kalazar e parece abatida. Respiro fundo. "Droga!" não tenho culpa de nada, mas por causa da visão que Nox deu a ela, me tornei um tipo de vilão na história.

Me aproximo do estábulo e vejo ela olhar em minha direção, ela se levanta. Entro no estábulo e caminho para a baia de Kalazar, ela caminha em minha direção, porém passa direto. Seguro seu braço.

- Ei... - chamo. - Me desculpe por ontem... Acabei devolvendo os golpes. - ela não me encara, continua olhando o chão.

- Me solta Neyb. - solto seu braço e ela fecha as mãos em punho. Ela fica um tempo calada e me encara com os olhos marejados. - Prefiro não te ver durante o tempo que eu ficar aqui. - assinto.

- Ok. - ela assente e morde o lábio inferior. Parece se segurar. - Vai, desconte sua raiva. - ela soluça e começa a bater os punhos em meu peitoral. Morticia parece sofrer e sei que a visão deve ter sido bem pesada. Ela para de bater e seguro seus punhos. Ela olha para o chão.

- Por favor... Não machuque ninguém ok? - ela pede e me encara. - Ainda não aconteceu certo? - ela diz. - Não faça. - ela pede. - Mesmo que precise. Mesmo que te ordenem, mesmo que esteja zangado. - ela pede. - Não machuque ninguém do meu povo. - ela pede. Solto seus braços e engulo seco.

- Não posso prometer...

- Promete Neyb. - ela pede. - Se meu título de princesa vale de algo no reino dos Alados, por favor... Não machuque ninguém. - aperto o maxilar e desvio o olhar para uma das baias vazias. Fico em silêncio e ela sorri com amargor. - Ok... Já entendi. - ela diz e se vira, se distancia e olho para o teto. Fecho os olhos e abro novamente socando a divisória da baia vazia. A sustentação de madeira racha e se parte. Saio do estábulo e passo por Maiana. Ela coloca a mão em meu ombro.

- Fez bem não prometer o que não pode cumprir. - Maiana diz e entra no estábulo. - Tenha um bom dia Neyb.

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NEYB - Saga "Pearl" (Livro V) Onde histórias criam vida. Descubra agora