CAPÍTULO 44

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O dia segue lento e mórbido. Passo o dia con Neyb. Não saio do quarto, Ada providencia comida e ao ver Neyb no quarto quase infarta. Ela acaba proibindo todos de entrarem no quarto para evitar que um possível escândalo surja no meio dessa bagunça.

A noite cai e me sento na varanda, Neyb se senta atrás e me aconchego perto dele, ele usa uma asa para cobrir minhas pernas e me sinto aquecida. Fico olhando o céu e acariciando sua asa. Ouço toques na porta e Ada entra.

- Os dois para dentro. - ela pede. - E fechem a janela. - Entramos e fecho a janela. Sorrio. Estamos sendo tratados como crianças. Ada nos encara. - Você não vai dormir aqui Neyb. - ela diz e olho para ela com pesar.

- Ada... Por Favor. - Ada nos encara.

- O baile é depois de amanhã, terão todo o tempo do mundo juntos e olho para ela com lágrimas nos olhos.

- Por favor. Se eu tiver direito a algum pedido, um único... É para que não tire ele de perto de mim. - digo. Ela olha para Neyb.

- Deixe a janela fechada. - ele assente.

- Ok guardiã. - olho para Neyb e ele suspira. Ada se retira e nos deixa a sós. Tomo um banho com Neyb e me deito.

Fico encantada com os olhos violetas, eles são tão intensos que brilham.

- Estão violetas. - ele assente.

- Estou pensando na forma que te terei depois do baile... - sorrio.

- Seja gentil. - sussurro. Ele assente e meu coração corta. Jamais saberei o que é pertencer de corpo e alma a Neyb.

Sinto meu corpo implorar apenas por uma chance com ele e aproximo meu rosto ao de Neyb. Sinto o calor de seus lábios e beijo ele docemente. Neyb interrompe o beijo tensiosa.

- Não. - ele pede. Não insisto.

- Ok... - digo e fecho os olhos, vigio sua respiração e quando ela se acalma e tenho certeza que ele dormiu, levanto da cama e saio do quarto. Caminho pelo corredor escuro me escorando nas paredes. Saio no salão e vejo alguns alados na guarda noturna. Um deles para na frente da porta.

- Não pode sair princesa. - estou me debulhando em lágrimas.

- Preciso de ar. Pode ficar me olhando ou me vigiando, segurando... Só preciso de ar. - ele me olha por alguns segundos e abre a porta. Saio e vejo outros alados. Caminho e olho para o céu cinza. Nuvens cobrem metade da lua. O silêncio da noite é esmagador e a dor só parece aumentar.

Subo na ponte de ossos e olho para a água esperando ouvir eles chamando. Deixo as lagrimas caírem. Mudo. As almas parecem caladas hoje. Nem a fumaça espessa sobre o lago está tão forte. O lago está calmo e parece de luto. Olho para a água sentindo a raiva remoer. Quebro um dos ossos e lanço na água. Até o lago parece zombar e não querer me levar.

- Devo morrer nas mãos de um bruxo? - pergunto para o lago e sorrio com amargura. - Por que até mesmo você me rejeita? - sussurro entre lágrimas. Fecho os olhos e me sinto estúpida. Caminho para o lado contrário do lago e piso nas pérolas negras. Olho para a água negra e turva. Olho em direção ao castelo e vejo alados vigiando cada movimento meu. Me abaixo perto da água e estendo a mão. Sinto uma brisa fria cobrir ela, mas soa como uma saudação e não um convite. Saio de perto do lago e volto para a ponte, paro no meio dela e olho para a água tranquila. - Vou encarar meu destino... - volto a caminhar em direção ao castelo e passo pelos alados, volto ao quarto e me deito mansamente perto de Neyb. Ele parece exausto e sei que está tentando de tudo para ficar boa parte do tempo me vigiando. Fecho os olhos.

***

O dia parece se repetir como no dia anterior, mas algo está diferente em mim. Olho para Neyb.

- Ontem fui a ponte de ossos enquanto dormia. - ele Franze o cenho. - A água sequer se movimentou... Estava calma. - digo.

- Não saia essa noite. - ele pede e sorrio amplamente.

- Não irei. - digo e deixo o restante do dia seguir manso. A noite cai e janto com Neyb tentando animá-lo, mas ele não sorri e parece vigiar meus movimentos. - O que é? - ele dá de ombros.

- Você está alegre de repente. - ele me olha receoso. - Isso me deixa alarmado. - sorrio com ternura.

- Relaxa. - digo. Ada busca a bandeja vazia e sai fechando a porta. Olho para Neyb. Tomamos banho e assim que o quarto está escuro, me sento na cama.

- Está tudo bem? - Neyb pergunta e me levanto. Ele se senta na cama. - Morticia? - ele chama e parece preparado para ir em direção a porta. Paro de costas para a cama e afrouxo o espartilho. Deixo o vestido cair e me viro para ele. Tiro o cabelo do caminho, deixando meu corpo completamente exposto para ele.

- Me tenha. - digo firmemente. - Agora. - peço e vejo Neyb abaixar a cabeça. Ele não me encara. - Disse que esperaria eu pedir, nua e com essas palavras. Estou pedindo. - ele não sai da cama e engulo seco. Ele levanta o olhar e olhos violetas percorrem meu corpo. Ele se levanta e caminha para perto de mim. Apoia o dedo em meu queixo.

- Posso esperar mais um dia. - ele diz. "Eu não tenho mais um dia!"

- Me tenha Neyb. - ele parece lutar com ele mesmo e fecha os olhos. - Neyb. - ele abre os olhos e me beija. Sou tirada do chão e jogada na cama. Ele tira a camisa e ouço o estalo do tecido. Ele sai das calças e sorrio. Neyb deita sobre mim e seguro seu rosto. - Finalmente... - ele me beija com intensidade e desce a boca para meus seios. Sinto uma mão acariciando o mesmo lugar que sua boca tocou enquanto estávamos na gruta. Ofego. Ele volta a me beijar e enlaço as pernas ao seu redor.

- Minha. - ele praticamente rosna as palavras e assinto. Ele acaricia meu seio e me beija com uma vontade e desejo forte.

- Me marca. - peço e Neyb sai da cama rapidamente e voa dentro do quarto. As asas produzem vento dentro do quarto e sinto meu cabelo sendo bagunçado. Ele pousa e se ajoelha no chão. - Neyb. - ele não me escuta, simplesmente se põe de pé e veste a calça novamente. Olho para ele confusa. - Não entendo. - ele me encara com olhos gelados.

- As coisas não acontecem só porque você quer, não é assim que funciona. - lembro de dizer algo parecido a ele. Me levanto da cama e encaro Neyb.

- Que diferença faz?! Hoje ou amanhã, que diferença faz? - ele sorri com frieza.

- Que hoje eu destruo o que você tanto quer proteger, sua coroa... Ou acha que se eu te marcar, amanhã vou deixar que outros alados te cortejem? - pisco vezes seguidas. - Não pode me transformar em um monstro. - ele diz. - Se eu te marcar hoje, amanhã me tornarei um alado horrível apenas por saber que seu corpo já esteve em minhas mãos. Não me faça desafiar meus irmãos por sua causa. - ele diz e sai do quarto. Fico parada algum tempo e me deito socando o colchão. Olho para o teto.

"Eu te odeio Dark!"

Eu odeio essa situação.

NEYB - Saga "Pearl" (Livro V) Onde histórias criam vida. Descubra agora