CAPÍTULO 49

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Pulo para o lado e ofego. Ele acerta um feitiço na minha outra perna e choramingo. Tento me levantar e não consigo, ele caminha em minha direção e sorri.

- Acabou. - ele diz. - Mas devo dizer que admiro sua força de vontade, conseguiu desviar de vários feitiços, mesmo sabendo que não ganharia, continuou firme. - tusso. Ele me pega nos braços e não consigo fazer mais nada para me defender, sou colocada sobre a rocha e suspiro.

- Eu me preparei para esse momento. - digo. Ele sorri.

- Jura? - assinto.

- Quantas virgens já matou? Várias suponho, mas não acredito que elas estavam prontas para morrer, eu estou. - digo. Ele sorri.

- Sabe princesa, eu estou encantado com sua capacidade de dialogar com seu assassino. - engulo seco.

- Eu aprendi a reagir bem a situações complicadas. Sempre que ia enterrar os corpos dos afetados pelas tempestades que Faruk provoca, conversava bastante. Era meu jeito de distração da situação... Meu irmão dizia que era um ótimo jeito de atravessar a dificuldade. - digo com a voz trêmula. Ele pega as cordas e analiso ao redor. Procuro o lado com mais árvores. - Acredito que enquanto eu converso, consigo raciocinar modos para esconder a ansiedade, aposto que algumas das virgens era falante como eu e você se sentiu incomodado. - ele nega.

- Não, elas gritavam por socorro, acabava amordaçado todas. - ele diz. - Queria que todas elas fossem tão adoráveis como você princesa elfica... Certamente foi bem educada. - sorrio.

- É. - digo. Ele se distrai para amarrar minhas pernas e giro na pedra acertando um chute em sua orelha. Ele é lançado em direção a uma árvore e bate com tudo. "É a minha única chance!" caminho a passos largos e dificultosos em direção a algumas árvores, olho para trás e vejo ele levantando. Me forço a permanecer de pé e ignoro a dor.

Caminho com lágrimas nos olhos e tento não me desesperar. Atravesso algumas raízes.

- Não pode ir longe Princesa. - ele diz em voz alta. Ofego. Caminho com dificuldade. - Vou te achar! - ele exclama. Me escoro em uma das árvores e respiro com dificuldade, mordo meu lábio e tento não fazer barulho. Olho para minhas pernas e elas sangram. Saio de perto da árvore e volto a caminhar entre as árvores com dificuldade.

Dou passos relutantes entre as raízes e me escondo novamente atrás de uma árvore. Ofego. A dor é insuportável e fecho os olhos levando as mãos na boca e reprimindo o choro. Puxo o ar com força e abro os olhos. Volto a caminhar de forma silenciosa e ouço um barulho. Me escoro perto da árvore e me abaixo, me arrependo no segundo seguinte. Morrerei de dor para me colocar de pé. Sinto um calafrio na nuca e olho para cima. Vejo a vassoura pairar sobre mim e o bruxo me encara com um sorriso no rosto.

- Hora de voltar. - ele diz e agarra meus cabelos. Grito de dor. Sou levada de volta suspendida pelos cabelos. Meu coro cabeludo arde. Choramingo. Sou colocada de forma abrupta na pedra. - Eu estava começando a gostar de você princesa elfica. - soluço. - Mas você me tirou do sério. Oras! Me chutar? - ele bufa. Sinto as cordas sendo enroladas em minhas pernas feridas e ele aperta. Grito. - Doeu? Foi para descontar o chute. Não parecer ter doído quando me arremessou. - ele diz e puxa meus braços acima da cabeça. Fico estendida na pedra. Ele enrola cordas ao redor dos meus braços.

- Conheci o lado humano... - digo entre soluços. - Eu fui ao cinema e comi algodão doce... - soluço. - Neyb estava lá. - digo. - Nadei em uma gruta azul perto da casa dele... - soluço.

- Cala a boca! Não vai me comover, é seu último recurso? - ele pergunta rindo e aperta as cordas ao redor do meu braço.

- Conheci humanas que posso chamar de amigas... - digo com a voz trêmula. - Tomei banho em um rio e passamos um dia inteiro juntas. - soluço. - Comi lasanha e Pudim na casa de Kate. - as lágrimas correm para os lados do meu rosto. - Guardo o origami que Nox fez para mim dentro da minha mala de roupas. - fungo. - Fui ao sul com todos e assisti a uma luta maluca. - soluço. - Passeei em cada lugar da floresta verde e do vilarejo só para incomodar Neyb e ouvir ele reclamando que não fazia nada. Tomei chá com Pandora e...

- Calada! - ele diz e pega uma mordaça. - Isso manterá sua boca fechada, não estou interessado na sua vida e no que fez ou deixou de fazer ao vir ao reino dos alados, não é da minha conta. - ele suspira. - Talvez nem da sua mais, deveria se concentrar em morrer em paz. - ele diz e soluço. Ele coloca a mordaça e tento falar, mas não consigo, apenas saem sons inteligíveis.

Ele pega uma adaga e começa a abrir o vestido e o tira do meu corpo. Ofego. A brisa fria me faz arrepiar. Ele se aproxima de minhas partes íntimas e estende a mão fechando os olhos. Soluço. Ele abre os olhos e parece contente.

- Eu sabia. - ele diz. - Parabéns Princesa elfica, es digna de me dar seu precioso coração. Pense nisso como uma imortalização do seu ser e não como sua morte. - ele cantarola. - Viverá em mim. Me dará mais alguns bons anos de vida nessa mesma aparência arrebatadora que serve para atrair mais e mais jovens. - Ele ri. - Tenho a grande sorte de ter o rosto tão belo. Isso me ajuda a conseguir mais e mais mortes. - ele suspira. - Mas chega de papo. - Ele fecha os olhos e sussurra alguma coisa, ele paira com a mão sobre meu peito esquerdo e ofego. Olho ao redor da pedra e surge um circulo de fogo, as chamas começam pequenas e se tornam labaredas. Ofego e olho para a mão dele. Sua mão começa a ficar esquisitamente comprida e unhas afiadas surgem. Ofego. Ouço gritos agudos e consigo  ver o rosto de cada garota, criança ou senhora que ele já matou. Elas passam na minha frente e parecem me encarar de volta do mesmo modo. Espantadas. Ofego. Assim que elas somem, olho para a mão dele.

Ele abre os olhos e me encara com escleras negras. Seu sorriso é demoníaco. Ele ergue o braço e fecho os olhos de uma vez quando ele desce a mão sobre meu seio.

Tento gritar.

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:'(

Neyb! Depressa... :'(

NEYB - Saga "Pearl" (Livro V) Onde histórias criam vida. Descubra agora