CAPÍTULO 42

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Conto os dias. Faltam três!

Lupe entra no quarto saltitante. Vejo o lado de fora brevemente e os olhos de Neyb me queimam. Ele parece querer me comer viva cada vez que me encara. É muito intenso. Ela me entrega uma carta.

- Chegou do Reino dos elfos. - ela diz e sorri. Pego a carta e sorrio. Mandarei a resposta dizendo a mamãe que achei o amor da minha vida. Sorrio. Tiro o papel e desdobro.

Para Princesa Morticia.

Olá Morticia, se estiver lendo essa carta, é porque eu consegui fugir e entregar a carta a tempo. Filha... Sua mãe sumiu tem dias... Semanas... Já não sei mais, não quis te preocupar, mas descobri que temos um traidor entre nós, não sei como, mas ele não está sozinho, não sei o que impulsiona ele a querer arruinar nosso acordo, mas algo faz... Estarei escondido. Não posso morrer e não posso parar ainda, preciso achar sua mãe, ela é meu tudo, sem você no reino dos elfos, não sei o que será de mim se sua mãe se for. Tome cuidado. Te amo. De seu pai amado. Rei do Reino dos Elfos.

Termino de ler a carta e Lupe coloca outra carta do meu lado.

- Essa também é para você alteza! E então! As majestades me mandaram abraços e beijos? - ela saltita. - Diga! Diga! Posso escrever um pouquinho na carta que você mandar de volta? - pego o segundo envelope. Lágrimas começam a descer pelo meu rosto. Soluço. Minhas mãos tremem. Abro e desdobro a carta.

Para Morticia.

Filha? Sou eu... Sua mãe... Não escrevo essa carta por livre e espontânea vontade. Um bruxo por nome Dark pede que eu faça e disse que a única coisa que é para dizer sobre a carta é que Dark enviou. Ele diz que eu morrerei se você não fizer o que ele mandar. Primeiro deve saber que essa carta deve ser queimada após ter lido, ele pede para avisar que sabe seus passos, pois ele saberá se algo der errado. Segundo, no dia do baile, escolherá qualquer Alado, menos Neyb. E último, pedirá para o alado que escolher te levar para o vilarejo, no casebre de número 363. Se fizer isso, ele diz que poderá me ver viva e me deixará viver. Te peço que não faça nad...

O restante da carta são apenas rabisco. Seguro o soluço. Corro para perto da toche amasso a carta. Ofego.

- Por que está chorando? Não parece feliz e sim assustada. - jogo a carta dentro da parte que segura a tocha e vejo ela queimar. Me afasto e pego a carta sobre a cama. Me sinto receosa. Sei que papai está bem, sei quem é o traidor e preciso salvar minha mãe. Me sento ofegando e começo a ventilar. - Alteza? - Lupe abre a porta do quarto e grita. - Ela está passando mal! - a porta é escancarada e Neyb se abaixa na minha frente e segura meu rosto. Não consigo respirar.

- Se acalma. Respira comigo. - olho para ele e me desespero mais. - MORTICIA! - ele grita. - Respira comigo. - assinto. Ele respira lento e tento acompanhar. Aos poucos vou recuperando meu ar e quando estou mais calma, caio em um choro sentido. Saio da cama e abraço Neyb. Choro como nunca antes. É algo dolorido.

Uma dor inexplicável. É como se eu estivesse tendo que arrancar e enterrar toda a chance de alegria que eu poderia ter. Aperto Neyb desesperada. Ele retribui o abraço e me pega no colo. Cruzo as pernas ao seu redor e aperto meus braços ao redor do seu pescoço. Não consigo expressar o tamanho do meu desespero.

Apenas não quero ter que fazer isso. Neyb já sofreu o suficiente. Eu o quero! Eu mereço. Ele esfrega minhas costas e se senta comigo na cama. Ele move a outra mão.

- Está tudo bem, estou aqui e não vou a lugar nenhum. - encaro as asas espalhadas na cama. Me sinto fraca.

Apenas quero estar ao lado dele até o último momento. Soluço e lembro do filme que assisti do lado humano. Ele tenta de tudo e perde ela... Ela morre.

Por quê...

Por que que as coisas acontecem desse jeito?

Soluço.

Neyb tensiona e tenta me afastar, me agarro nele.

- Não! - digo entre lagrimas e ofego. Ele não tenta me afastar novamente.

Já se apegou a algo tão profundamente a ponto de não querer soltar por nada?

Mesmo que peçam para que você solte.
Mesmo que te cortem.
Te quebrem.
Te despedacem.

Nada importa.

Neyb levanta comigo nos braços e encaro as imensas asas, escondo meu rosto em seu pescoço. Depois de um tempo ele para e tenta me pôr no chão.

- Não me deixa. - sussurro e ele tenta me por no chão, desço e fungo. Ele seca minhas lágrimas e não solto seu pescoço, mantenho meus braços ao seu redor.

- Não vou te deixar princesa. Olha ao seu redor. - olho para alguns alados e ignoro. Soluço. Olho para ele e ele parece confuso. Olho para as poltronas e vejo Ada e Faruk sentados, a carta está na mão de Faruk e ele termina de ler e levanta o olhar, olhos vermelhos. Soluço. Olho para Neyb, ele suspira e envolve os braços ao meu redor, apoio meu rosto em seu peitoral e fico sentindo seu cheiro. Soluço. Ele mantém o queixo apoiando na minha cabeça.

- Atenção! Chamem os comandantes. Tenho ordens. - Faruk diz. Olho para Ada e ela termina de ler a carta. Neyb tenta se afastar e olho para cima. Ele me encara com pesar.

- Está tudo bem. Ok? Vamos achar sua mãe. Sairei para...

- Não! - digo. - Se me disser que sairá para ajudar nas buscas, eu te proibo! - digo e ele parece confuso. Ele aperta o maxilar e olha ao redor.

- Vamos para o seu quarto e conversamos melhor. - me afasto dele e caminho ao seu lado. Chego ao quarto e me sento. Ele se senta ao meu lado e faz carinho nas minhas costas. - Você está escondendo algo. - ele presume. Nego e ele sorri com amargura. - E está mentindo para mim. - engulo seco e nego. Soluço. Lágrimas voltam a descer.

- Dark. - sussurro.

- D... - Neyb me olha com preocupação. - Diz mais alto para eu te ouvir meu bem... Quero te ajudar. - engulo seco.

- Dark. - Neyb congela por segundos.
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Já estava na hora de ter emoção nesse livro kskskks

NEYB - Saga "Pearl" (Livro V) Onde histórias criam vida. Descubra agora