*Bônus - Meados de 2135. Ethan!

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Ethan

Sentei em minhas pernas e esperei, eu não entendi o que tio Anton queria com isso, mas mesmo assim eu o obedeceria, ele sabia o que fazia e isso eu tinha certeza. O tempo passava e só percebi quando minhas pernas ficaram dormentes.

Troque de posição me mantendo sempre de olhos fechados.

Soltei o ar de meus pulmões e prendi a respiração, podia sentir a força do meu coração batendo contra minhas costelas enquanto fazia isso. Era um som gostoso de ouvir.

Bocejei, foi mais forte que eu. Resolvi abrir os olhos e acompanhar o sol que se escondia nas folhas da arvore da mamãe, os raios alaranjados quentes como o fogo.

Como teria sido para ela ficar todo esse tempo longe de todos e ainda tendo de mandar suprimentos para cá? Será que ela tinha alguma lavoura escondida e de lá ela tirava o possível para nos alimentar? Ou será que ela apanhava escondido nas propriedades do rei?

"Não! Se fosse isso o rei teria colocado guardas escondidos para poder capturar ela, mamãe deve ter bolado um jeito, com toda certeza que sim."

Ouvi o farfalhar das folhas dançando com a brisa, estava tão perdido em pensamentos que me assustei quando algo tocou meu braço. Pela leveza do toque deve ser uma folha, sorri por meu susto momentâneo e olhei para meu braço, uma borboleta azul estava ali, tranquila como se eu fosse parte da natureza.

Sorri ainda mais.

"Eu sou parte da natureza! Sou fruto, sou parte desse mundo, assim como ela." Cogitei passar a minha mão, mas me segurei aproveitando o momento.

E assim como chegou ela se foi, livre pelo mundo aproveitando a brisa que a impulsionava.

Passei a mão pela terra e pensei em tudo o que aconteceu naquele dia. Há dois dias eu não tinha noção disso. Que poderia haver mais pessoas como eu, mas também não duvidava.

É bom saber que não sou uma aberração, sabia que tinha algo estranho em mim e sempre ignorei, me manter afastado, nunca foi difícil, os outros ajudavam não se importando. "Até poderia dizer que sou invisível."

"A vida é muito frágil! O tempo cobra o seu preço, de o seu melhor e nunca espere nada de ninguém, se você receber algo em troca contente-se por isso, se não, você fez sua parte. O tempo cobra seu preço". Tio Anton tem razão ao me dizer isso sempre.

As pessoas são egoístas e individualistas. As histórias que ouvi sobre minha mãe, me fazia pensar o quanto ela tinha se doado a todos, sem nunca esperar nada em troca, e nunca recebeu nada de ninguém. Nunca!

Soquei o chão pensando no quanto eu poderia ter aprendido com ela e com titio, mas eu não tive essa oportunidade, e nunca teria. "Eu paguei pelo preço que o mundo cobrou de mim, mas será que eu tinha que ter pagado um valor tão alto?"

Abri minha mão aos poucos e a retirei do chão, a passei pelos meus cabelos para diminuir minha frustração, olhei para as nuvens ralas, quando abaixo meu olhar um pequeno broto estava onde eu havia socado.

Como aquilo aconteceu? Delicadamente toquei na folha, e fiquei ali examinando ela. Como se tivesse vida própria ela começou a crescer e soltar botões, um a um àqueles botões se abria e lindas flores brancas tomaram seu lugar.

Sacudi minha cabeça na vaga ilusão de que aquelas flores desapareceriam, mas isso não aconteceu. Talvez eu seja o responsável, meu corpo comichava." Será que foi eu que fiz isso? Mas eu não fiz nada!" Um vulto chamou minha atenção para o arbusto ao meu lado. Levantei com cautela para averiguar e um passarinho saiu voando.

"Estou com fome!: Titio está demorando, acho que vou para casa apanhar algo e esperar ele por lá. Ele não ficaria bravo! Talvez eu tenha entendido o que ele queria. Mas estou com fome! Aaaaah! Vou lá.

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