1.BEM VINDO ÚLTIMO ANO

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   Muitas coisas me irritam de manhã: Barulhos altos, pessoas carinhosas, Gilbert Blyte

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   Muitas coisas me irritam de manhã: Barulhos altos, pessoas carinhosas, Gilbert Blyte. Não. Edite isso, posso odiar Gilbert em qualquer momento do meu dia.

   Acordo antes mesmo de o despertador tocar e espero ansiosamente pelo barulho absurdo. Uma vez um sábio disse "O que melhor do que ódio para te mover?"

   Espero incontáveis minutos até ouvir um rosnado de irritação extremamente alto vindo do lado de fora e finalmente desligo o provedor de som irritante ao mesmo tempo em que Marilla entra no quarto.

– Ah ótimo, achei que fosse esperar seu despertador acordar a vizinhança inteira. –   Sim, eu odeio despertadores altos, mas nunca abriria mão de acordar meu vizinho favorito, seus altos grunhidos de irritação são como meu café da manhã.

– Estava alto assim? Me desculpe, Marilla – Ela me encarou com diversão.

– Imagino que não esteja arrependida.

– Nenhum pouco.

   Ao longo da minha vida acadêmica o meu
desempenho vem sendo perfeito, eu quase sempre consigo me destacar.

   Se não fosse por ele.  Aquele idiota, arrogante, intrometido e... Bom, se não fosse por Gilbert Blythe, eu sempre estaria no topo.

— Se arrume e desça para tomar café, não se esqueça de arrumar a sua cama e dobrar o pijama de forma correta —sorri.

Apesar de morar desde os dois anos com Marilla e seu irmão Matthew, quando me adotaram, Marilla sempre me orientava as mesmas coisas.

   Ela sai do quarto e eu me levanto já indo para o banho e o tomando de forma lenta como se a água fosse capaz de levar toda a minha ansiedade pelo ralo, impossível, mas um pensamento reconfortante.

   Ao sair me enrolo na toalha e caminho para o quarto parando de frente a escrivaninha procurando algo para amarrar meus fios ruivos, mas quando levanto meus olhos eles se cruzam com os dele, Gilbert Blythe, ele estava parado, sua janela alinhada com a minha, e nossos olhares entrelaçados fazendo todo o meu corpo ferver.

Obviamente de ódio.

   Já uniformizada e na cozinha sinto a ausência de uma presença, presença essa que a esse horário estava sempre concentrada no jornal

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   Já uniformizada e na cozinha sinto a ausência de uma presença, presença essa que a esse horário estava sempre concentrada no jornal.

— Onde está Matthew? — Marilla nem direciona seu olhar para mim, parece extremamente concentrada em tentar cozinhar alguma coisa.

— Teve uma emergência no trabalho e precisou viajar, não se sabe quando irá voltar.

— Hm, então quem irá me levar para a escola?

— Parece que Matthew falou com o vizinho. Como você ainda não pegou sua carteira de motorista, o senhor Blythe disse que Gilbert levará você enquanto Matthew estiver fora.

   Não, não, não, eu me recuso a entrar em um carro com Gilbert Blythe. Era capaz de me jogar pra fora do carro em movimento

— Marilla, Está louca? Prefiro ir andando até a escola do entrar num carro com Gilbert

   Todos sabiam da aversão que tínhamos um pelo outro. Marilla parou o que estava fazendo e veio andando até mim ajeitando a saia e a blusa de botões que a escola exigia como uniforme.

— Está na hora de você e Gilbert pararem com essa palhaçada, não são mais crianças! Andar até a escola é tolice e sabe que não andará de ônibus outra vez, do jeito que é avoada acabará passando do seu ponto novamente. Irá para escola com Gilbert e ficará agradecida, Anne! — Marilla parou de me ajeitar e me analisou, colocou um fio do meu cabelo extremamente ruivo atrás da orelha — coma alguma coisa, ele estará aqui daqui a 5 minutos.

    Não consegui comer, como conseguiria? Só de pensar em andar com Gilbert sentia minhas bochechas esquentarem e todo meu corpo fervilhar de raiva.

   Cinco minutos passaram de forma agonizante, me torturando e fazendo desejar que o tempo parasse. Escutei a buzina soar e até o som da maldita buzina me fazia querer explodir.

    Ótimo, o queridinho menino Blythe chegou.

   Marilla precisou me arrastar até a porta.

— Ande, Anne, pare com isso!— Ela reclamou abrindo a porta e saindo comigo até o jardim —  Bom dia, Gilbert.

— Bom dia senhora Cuthbert, Bom dia
Anne — Ele sorria e quase acreditei que poderia ser naturalmente, mas nada de agradável saia naturalmente daquela víbora.

   Em silêncio dei a volta e entrei no carro sem ao menos ser convidada, Marilla me olhou como se pudesse me queimar só com aquele olhar, mal sabia ela que estaria me fazendo um favor.

   Gilbert se despediu da mesma e entrou em seguida. Dando partida no carro.

— Esqueceu as boas maneiras, Shirley? — Fiz uma careta — Esperava que com as suas notas, você fosse mais educada.

— Sou educada com quem merece, Blythe. O que não é o seu caso.

— Você devia abaixar o seu despertador, sabia que aquilo me acordou? Pelo amor de Deus quem precisa de um despertador tão alto?

— Você deveria parar de espiar garotas de toalha pela janela, Gilbert. Não é nada educado, imagina só o que seu pai e Matthew achariam disso? — Ele emudeceu enquanto corava e sorri em vitória.

   O resto do caminho se manteve num perfeito silêncio até a chegada na escola, ao estacionar Gilbert saiu do carro atraindo os olhares femininos a sua volta. Como alguém conseguia se sentir atraído por ele?

Cuspindo no prato que comeu, Shirley?

  Perguntou a voz da minha consciência, soando exatamente igual a ele e me causando arrepios.

   Ele até que é bonitinho, mas isso não muda o fato de ser irritante e idiota. Sua fama e minha experiência não me deixavam mentir, mas a maioria das garotas são atraídas por bad boys, não?
   Seja pela curiosidade, pela emoção ou pelo desafio adjunto a fantasia de transformar um cara idiota em seu príncipe e viver feliz para sempre, mas..não é assim que a coisa funciona, eu sei que não.

   Desci do carro logo em seguida atraindo os mesmos olhares para mim, mas diferente de Blythe, não eram olhares de desejo eram olhares de raiva ou olhares interrogativos.

   Peguei minha mochila e tratei de caminhar pra longe do carro, mas após alguns passos escuto Gilbert Blythe assinar sua carta para a morte.

— Ei cenourinha! — ele gritou

Gilbert Blythe você é um homem morto.

Eu te odeio, Gilbert Blythe. -shilbert Onde histórias criam vida. Descubra agora